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sábado, maio 23, 2015

Poder de Cura

Bóris era um boêmio, procrastinado, desempregado, revoltado, alcoólatra e com pouquíssimos amigos, sua vida era bastante comum, já havia cometido alguns delitos, mas quase ninguém sabia disto; sua vida começou a mudar em uma manhã que foi muito diferente das que estava acostumado.
- Bóris, você não pode estar falando sério, esta história é uma loucura, não faz nenhum sentido.
- Eu estou te falando Jamil, aconteceu exatamente do jeito que te contei.
- Tudo bem, vamos supor que seja verdade, como você acha que isto ocorreu?
- Eu não sei, mas garanto que aconteceu.
- Certo, vamos lá, me conte de novo o que aconteceu?
- Esta manhã eu acordei, levantei com a cabeça estourando de dor, nenhuma novidade, afinal isto aconteceu muitas vezes comigo, era a dor da ressaca....
- Certo e aí?
- ...então eu coloquei a mão na minha cabeça e a dor desapareceu, neste mesmo momento eu senti uma dor forte no estômago que também era bastante comum ocorrer comigo, aí eu coloquei a mão no meu estômago e a dor sumiu também.
- Será que não é coincidência?
- Coincidência? Acho que não, estas dores me acompanham há anos e somente hoje isto mudou.
- Mas que outra explicação existe, você lembra de alguma coisa quetenha ocorrido ontem?
- Agora que falou; eu me lembrei de ter encontrado um senhor idoso e barbudo que me tocou e disse a seguinte frase: “Receba o dom que lhe dou e use-o com sabedoria”, depois disso sumiu em uma esquina.
- Entendi, este senhor por acaso não é este aqui. – Diz isto mostrando um jornal cuja manchete principal é: “Morre Virgílio de Amarillo aos 85 anos.”
- Incrível, como você sabia? É ele!
- Não sei, apenas palpite.
- Quem é Virgílio de Amarillo?
- Ele é chileno, veio para o Brasil há cerca de 45 anos e desde então tem curado pessoas.
- Curado pessoas, que tipo de cura?
- Todos os tipos.
- Será que ele passou este poder para mim?
- Por que acha isso?
- É a única explicação plausível, vamos fazer um teste.
- Que tipode teste?
- Você sente alguma dor?
- Sim, eu tenho uma dor crônica nas costas.
- Vamos lá, posso tocar nas suas costas?
- Pode.
No mesmo instante em que Bóris tocou Jamil, sua dor passou: - Meu senhor amado, como é possível, eu não tenho mais nenhuma dor, eu a tenho desde de os quinze anos.
- Acho que está provado, eu tenho poder de cura. Mas e o Virgílio de Amarillo, quando ele morreu?
- Ontem, o jornal diz que ele morreu de morte natural.
- Certo, Jamil, acho que o meu problema está ficando maior.
- Por quê Bóris?
- Virgílio de Amarillo está aqui.
- Onde?
- Na minha frente, você não está vendo ele, está?
- Não, não estou.
Virgílio toma a palavra:
- Bóris, é melhor conversarmos em outro lugar, não é muito bom conversar com pessoas que outras pessoas não podem ver.
- Bem colocado senhor Virgílio. Jamil tenho que conversar com o meu amigo imaginário.
- Vai lá e me mantenha informado.

Continua.