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sexta-feira, julho 11, 2014

Amnésia VI

No dia seguinte:
- Posso ajudá-lo?
- Claro eu sou o Pandiá, mas pode me chamar de Capricórnio.
- Certo senhor Capricórnio, eu sou o Lucas.
- Lucas, então, eu preciso falar com o dono do jornal, diga que o Capricórnio quer falar com ele.
Depois:
- Você não imagina o susto que tomei ao ouvir o seu nome, tive que tomar um pouco de água com açúcar, como pode você estar vivo, eu vi você no necrotério e agora está aqui na minha frente como se fosse um zumbi ressuscitado.
- Não posso responder a esta pergunta, na verdade eu esperava obter pistas com você.
- Comigo? – sente um desconforte, mexe na gravata. – O que eu poderia saber sobre isto, estou tão surpreso quanto você.
- O problema é que não me lembro de nada.
- Não se lembra? – mais aliviado – Mas como assim, chegou aqui dizendo o seu nome.
- É que encontrei um amigo e a minha esposa, então por isto sei algumas coisas.
- Tais como?
- Que trabalhei aqui neste jornal antes do incidente, pode me dizer como aconteceu?
- Posso lhe contar o que eu sei, você falou muito mal do secretário de segurança do estado por uma situação na região metropolitana da nossa cidade, um crime mal resolvido e quase esquecido, no qual muitos foram acusados injustamente, só para dar uma resposta a sociedade, acontece que depois de descoberta a farsa o crime foi esquecido, então você fez uma excelente coluna lembrando as obrigações da justiça em relação aos crimes hediondos. Coincidência ou não, no outro dia quando vim trabalhar fiquei sabendo do assalto.
- Assalto, então eu fui assaltado?
- Foi o que pareceu; você foi encontrado sem carteira, sem relógio, até o seus tênis foi roubados. Havia uma só testemunha.
- Havia?
- Sim. Havia, ela morreu de ataque cardíaco em um restaurante na hora do almoço.
- O que ela disse a respeito do assalto.
- Que você tinha sido atacado por 3 homens armados, que você teria conseguido desarmá-los, com uma técnica que achou se assemelhar ao Kung Fu, então com os três caídos, pegou o celular e ligou para a polícia, mas um dos bandidos recuperou a consciência e atirou em você na cabeça, depois os outros dois deram dois tiros cada um na sua fronte.
- Onde estava a testemunha?
- Em um prédio vizinho, ao testemunhar o assassinato, esta testemunha ligou para a polícia, falou sobre o ocorrido, mas não pode fazer os retratos falados, pois estava muito escuro para isto.
- Bom isto me ajuda bastante, pelo lado policial parece um caso simples.
- Sim, tanto que foi arquivado.
- Minha esposa me disse que foi arquivado porque eu tinha muitos inimigos e não sabiam por onde começar.
- Esta foi a justificativa dada à imprensa, quando o cerco se fechou contaram a história do assalto que parecia completamente plausível apesar de não acharem os culpados.
- Sabe quem era o delegado responsável na época?
- O Doutor Régis LaBanca.
- Bom, obrigado, pela ajuda, desculpe por ser tão direto, acho até que não me disse o seu nome.
- É, não disse mesmo, eu sou o Epaminondas.
Neste momento, Capricórnio tem um flash de memória:
- Se publicar esta matéria Capricórnio, você pode não passar desta semana.
- Por que está com tanto medo Epaminondas, por acaso foi ameaçado? Nós trabalhamos em um jornal, é nossa obrigação dizer a verdade para o público, se você não publicar, eu vou vender a matéria para o concorrente.
- Olha, Capricórnio, quem avisa, amigo é, vou publicar esta matéria, mas escute o que estou dizendo, isto será a sua sentença de morte.
- Epaminondas, nossa vida é perigosa desde que nascemos, não há o que temer.
Após isto se vê ainda cumprimentando Epaminondas, agradece pelo tempo do proprietário e sai, Logo depois na casa de Sheila:
- Como foi lá, querido?
- Foi estranho.
- Como assim?
- Tive uma longa conversa com o Epaminondas e depois tive um flash, sobre a publicação da matéria que, segundo ele me levou a morte.
Na redação do jornal:
- Alô, me passe com o LaBanca!
- Pois não senhor.
- LaBanca. - LaBanca, A águia ressuscitou.
- Tá brincando?
- Não, acabo de falar com ele.
- Como um homem leva cinco tiros na cabeça e sobrevive?
- Não tenho a menor ideia.
- O que disse a ele?
- Inventei uma história sobre um assalto.
- Acha que ele acreditou?
- Ele está sem memória, se você confirmar a história, acho que não teremos problemas.
- Sei uma maneira melhor de resolver isto.
- LaBanca, ainda não é hora de meter os pés pelas mãos.
- Epaminondas, agora você deixa isto comigo.
Na casa de Sheila:
- Acreditou nele?
- Por que não acreditaria?
- Não sei, ninguém me falou de assalto quando fui reconhecer o seu corpo, mas estava exatamente como ele descreveu, no entanto eu estava tão desesperada que nem perguntei coisa alguma, a minha dor era muito maior do que qualquer curiosidade.
Neste momento uma rajada de balas atravessa a janela levantando as cortinas, Pandiá percebe o perigo e se joga com a esposa para trás do sofá.


Continua.

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