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segunda-feira, outubro 21, 2013

A Excepcional Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto, conhecida como Nísia Floresta Brasileira Augusta, nasceu em Papari, RN, atual Nísia Floresta, rebatizada em sua homenagem, em 12 de outubro de 1810. Ela foi uma educadora, escritora e poetisa potiguar. É considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. Era filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Floresta, o nome do sítio (fazenda) onde nasceu. Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828, pai de sua filha Lívia Augusta.
Em 1828, o pai de Nísia havia sido assassinado no Recife, para onde a família havia se mudado. Em 1831 publica em um jornal pernambucano uma série de artigos sobre a condição feminina. Do Recife, já viúva, com a pequena Lívia e sua mãe, Nísia vai para o Rio Grande do Sul onde se instala e dirige um colégio para meninas. O início da Guerra dos Farrapos interrompe seus planos e Nísia resolve fixar-se no Rio de Janeiro, onde funda e dirige os colégios Brasil e Augusto, conhecidos pelo alto nível de ensino.
Em 1849, por recomendação médica leva sua filha que havia se acidentado gravemente, para a Europa. Ali permaneceu por um longo tempo, morando a maior parte do período em Paris. Em 1853, publicou Opúsculo Humanitário, uma coleção de artigos sobre emancipação feminina, que foi merecedor de uma apreciação favorável de Auguste Comte, pai do positivismo.
Esteve no Brasil entre 1872 e 1875, mas retorna para a Europa em 1875 e em 1878 publica seu último trabalho Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques.
Nísia morreu de pneumonia em Rouen, França em 24 de abril de 1885.e foi enterrada no cemitério de Bonsecours. Em agosto de 1954, quase setenta anos depois, seus despojos foram levados para sua cidade natal, que já se chamava Nísia Floresta. Primeiramente foram depositados na igreja matriz, depois foram levados para um túmulo no sítio Floresta, onde ela nasceu. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos marcou a data com o lançamento de um selo postal.
Livros
Direitos das mulheres e injustiça dos homens, primeiro livro escrito por ela, e o primeiro no Brasil a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho, inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft: Vindications of the Rights of Woman. Nísia não fez uma simples tradução, ela se utiliza do texto da inglesa e introduz suas próprias reflexões sobre a realidade brasileira.
Não é, portanto, o texto inglês que se conhece ao ler estes Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Nesta tradução livre, temos talvez o texto fundante do feminismo brasileiro, se o vemos como uma nova escritura, ainda que inspirado na leitura de outro.
Foi esse livro que deu à autora o título de precursora do feminismo no Brasil e até mesmo da América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções, mas ela não parou por ai, em outros livros ela continuaria destacando a importância da educação feminina para a mulher e a sociedade. São eles: Conselhos a minha filha, de 1842; Opúsculo humanitário, de 1853; A Mulher, de 1859.
Em seu livro Patronos e Acadêmicos - referente às personalidades da Academia Norte-Riograndense de Letras, Veríssimo de Melo começa o capítulo sobre Nísia da seguinte maneira: “Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra”.
Sua mais completa biografia - Nísia Floresta - Vida e Obra - foi escrita por Constância Lima Duarte, em 1995. Um livro de 365 páginas, editado pela Editora Universitária (da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) que, em 1991, havia sido apresentado como Tese de Douturamento em Literatura Brasileira da autora, na USP/SP.
Nísia Floresta é uma destas mulheres que deram orgulho ao Brasil, precursora de todos os desejos femininos de liberdade e igualdade, lutou bravamente para que todas as mulheres tivessem o direito de estudar, de serem cidadãs e de participarem de todas as decisões em relação a suas famílias e filhos, recusou-se a escravidão que imperava sobre as mulheres do século XIX, foi inspiração e realidade para todas que sonhavam em ser valorizadas pela sociedade de então. Nísia Floresta que merece a digna homenagem de nome de cidade deve sempre ser lembrada para que estes tempos de escravidão nunca mais retornem e que a liberdade seja respeitada em todos os seguimentos. Que a sociedade evolua para que o direito de todos seja preservado e que não haja preconceito de espécie alguma contra nenhum grupo social.