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quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Amnésia II

- Na verdade não sou não.
- Eu sabia, mas me disseram que você me levou na pensão Sardinha duas noites atrás.
- É verdade, levei sim.
- Então deve saber o meu nome.
- Não é Ronaldo?
- Você está brincando, né?
- Na verdade, há muitos Ronaldos nesta cidade, por isto esta é sempre a minha primeira tentativa.
- Quer dizer que não me conhece?
- Você se chama Francisco Everardo.
- Meu nome é igual ao do Tiririca.
- Como sabe quem é o Tiririca e não sabe quem você é?
- Esta conversa está sendo uma perda de tempo, eu vou embora.
- Você é que sabe tenho mais pessoas para atender.
- Só me responda o porquê de ter me levado até a pensão.
- Um sujeito me pagou. Me deu uma boa grana e ainda disse para que eu pagasse duas diárias da pensão, assim ninguém incomodaria você por algum tempo.
- Pode me falar mais sobre este sujeito.
- Ele não é daqui, tinha um sotaque paranaense, era loiro como você e insistiu para que eu disesse na pensão que eu era seu irmão.
- Sabe onde posso encontrá-lo?
- Acredito que não o verei mais.
- Por quê?
- Você viu o que está escrito na placa acima da minha tenda.
- Sim, curandeiro e vidente.
- Então você sabe porque ele não voltará.
- Sei e quanto ao meu nome.
- Já disse Francisco Everardo.
- Não pode ser.
- É, não é não, eu só estava brincando com você, seu parente loiro não me disse nada a este respeito, mas garanto a você que o encontrará em Curitiba.
- Como pode ter certeza?
O curandeiro vira de costas e aponta para cima. Depois de olhar demoradamente para a placa, saí de lá e pensa:
- Como vou a Curitiba, não consigo nem arrumar dinheiro para almoçar, vou ter que arrumar um trabalho ou pedir carona para ir até Curitiba, será que devo acreditar nele, este curandeiro é muito estranho, além de tudo não sei nada sobre mim, nem sobre este suposto parente.
Nisto um flash de memória aparece na mente do nosso amigo:
- Como veio parar aqui?
- Eu vim te ajudar, jamais poderia deixá-lo nesta situação.
Depois tudo fica escuro:
- Este cara que eu fui salvar bate com a descrição do curandeiro, quem será que me bateu, deve ser por isto que estou com este galo na cabeça e isto pode ser a razão de tudo, tenho que sair desta cidade e descobrir o que está havendo.


Continua