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quarta-feira, agosto 28, 2013

Amnésia III

Andando pela cidade de Porto Velho, encontro Euclides:
- Oh rapaz, e aí falou com o curandeiro.
- Falei.
- Descobriu alguma coisa?
- É, alguma coisa.
- Se eu puder ajudar?
- Você, por acaso, conhece alguém que esteja indo para Curitiba, eu preciso ir para lá.
- Bom, o Gutierrez sempre vai para lá.
- Onde posso encontrá-lo, quanto será que ele cobraria para me levar com ele?
- Bem, se você ajudá-lo a carregar o caminhão, acho até que ele te daria uma boa grana, há muitos anos que ele faz este trabalho e trajeto praticamente sozinho.
- Será que ele confiaria em mim?
- Posso falar em seu favor, mas como você está sem memória, dificilmente traria problemas para ele.
Logo depois:
- Ei, Gutierrez!
- Euclides, que surpresa vê-lo por aqui e trouxe um amigo, isto me surpreende mais ainda.
- Gutierrez, pare de bobeira, preciso que você o ajude.
- E quem é o rapaz?
- Então, o probelma já começa por aí.
Gutierrez e Euclides à parte.
- Por que você quer ajudar um sujeito cujo nome você nem sabe.
- Não sei explicar, só sei dizer que sinto que é importante, não vai te prejudicar em nada, você está sempre precisando de ajudantes e ele está disposto a trabalhar pela comida e pela viagem.
- Tudo bem, mas tem certeza que ele não me trará problemas?
- Certeza, certeza, eu não tenho, eu só acho que você deveria ajudá-lo, o curandeiro disse para ele ir para Curitiba, você conhece o curandeiro, se ele fosse perigoso, o curandeiro seria o primeiro a enxergar isto.
- Tudo bem, vou contratá-lo, mas você fica me devendo uma. Pode ser que eu nunca precise de você, mas quando eu precisar não quero questionamentos.
- Tá, já entendi.
Nesta mesma tarde:
- Puxa você é forte que nem um touro, quem olha para você não imagina que possa carregar tanto peso, por acaso é do exército?
- Se eu tivesse esta resposta, com certeza a daria.
- Preciso te chamar por algum nome.
- Me chame de Francisco.
- Por que Francisco?
- O oráculo de vocês me chamou assim e na verdade gostei do nome.
- Que tal Chico?
- Acho que é apropriado, quando vamos partir, Gutierrez?
- Em dois dias.
- 3.200 quilômetros, deve dar em torno de 36 horas de viagem, entre dois e três dias aproximadamente.
- Como sabe disso, Chico?
- Não faço ideia, acho que tem razão, talvez eu seja do exército.
Em uma semana eles estavam em Curitiba, com o caminhão descarregado:
- Ei, Chico quer que te leve há algum lugar específico?
- O curandeiro não me disse nada sobre isto.
- Pegue um pouco de dinheiro e ande pela cidade, talvez alguém o reconheça.
- Não creio que vá dar certo, esta cidade é muito grande, tem mais de dois milhões de pessoas, não creio que alguém possa me reconhecer, mas obrigado pelo dinheiro.
- Eu é que agradeço, nunca tive um funcionário tão aplicado, quando estiver em Rondônia não esqueça de me procurar.
"Chico" começa a andar sem rumo pela capital paranaense, para na biblioteca pública e fica horas lendo sobre Curitiba, a noite cai e o guarda diz para ele que deve sair, pois o horário da biblioteca se encerrou, ele se desculpa e diz que não viu o tempo passar, na saída da Rua Cândido Lopes, "Chico" é abordado por um mendigo:
- Tem um trocado moço?
- Tenho, mas preciso deles.
- Não pode ser. - O mendigo grita à plenos pulmões. - Você está morto! - Diz isto e corre como um alucinado.




Continua.