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segunda-feira, dezembro 30, 2013

O que você mudaria? II

- Voltamos com o segundo bloco do programa "Sentido da Vida" pela TV Âmbar, eu sou o Cassiano Guerrero e hoje estamos discutindo o dilema sugerido pelo nosso telespectador Rui de Araújo do Jalapão no Tocantins. "Se você pudesse retornar ao seu passado, o que você mudaria?" Lembrando que ao nosso lado está o psicólogo e psiquiatra Franklin Barbosa que nos ajuda a entender o comportamento humano. Então, só para colocar nosso especialista em comportamento humano em maus lençóis, Franklin o que você mudaria no seu passado, ou seja o que você faria diferente?
- Responder a pergunta tema do programa é realmente mais difícil Cassiano, prefiro sempre analisar respostas do que formular uma, mas não vou fugir da raia não. Na minha vida tenho um grande arrependimento o de não ter valorizado meus pais, acho que como disse antes, por imaturidade ou falta de bagagem eu não pude dizer a eles o quanto foram importantes na minha vida, infelizmente ambos já são falecidos, eu queria ter podido não só dizer a eles o quanto foram importantes como ter demonstrado isto a eles, entretanto hoje, sei que as pessoas que amamos nunca devem ser deixadas de lado e sempre devemos dizer a elas o quanto são importantes em nossa vida, mas e você em Cassiano, o que você mudaria?
- Franklin, também não vou fugir da raia, mas vou deixar esta resposta para o próximo bloco, excelente a sua explanação sobre seus pais, que sirva de lição para aqueles que ainda os possui. Então vamos à praça Graciano Ferraz onde o Cirilo vai falar com o povo sobre o tema do dia.
- Obrigado Cassiano, vamos lá, nome e profissão por favor.
- Eu sou Rute e sou consultora financeira.
- Muito bem, Rute, o que você mudaria na sua vida?
- Tem uma coisa muita chata que aconteceu na minha vida, o meu primeiro namorado me largou por uma mulher da vida e por causa disto eu dei um jeito de colocá-lo na cadeia, acho que não faria isto se pudesse retornar ao meu passado, acho que esta mancha deixou a vida dele muito mais difícil.
- Que história em Cassiano a vida da Rute daria uma novela, obrigado pela participação. Você, nome e profissão?
- Meu nome é Guilherme e eu sou vendedor.
- Guilherme o que você mudaria na sua vida?
- Sabe Cirilo, teve uma vez que me convidaram para trabalhar nos Estados Unidos, eu tinha 19 anos e fiquei com um pouco de medo, não sabia falar o inglês, tinha pouquíssima qualificação e por isto deixei a oportunidade passar, acredito que a minha vida seria diferente se eu tivesse aceitado esta proposta.
- A história do Guilherme é sobre o famoso "E se..." Obrigado pela participação. você, nome e profissão.
- Sebastião, eu sou torneiro mecânico.
- E aí Sebastião qual seria a mudança drástica que faria na sua vida se pudesse retornar?
- Eu vendia tomates numa feira, um dia apareceu um sujeito me dizendo que eu parecia com o Alain Delon, achei estranho,até achei que ele estava brincando, mas o sujeito dizia que era um caçador de talentos e que eu poderia ganhar muito dinheiro sendo ator, eu acreditei nele e fui verificar como seria esta história, quando cheguei no tal local do teatro, havia muitas pessoas lá que também tinha sido chamadas por ele, depois de um discurso emocionado, ele disse que faríamos uma peça que nos levaria ao estrelato, mas que devíamos dar um quantia em dinheiro para que ele pudesse fazer os preparativos, nós,deslumbrados com a possibilidade da fama, fizemos a tal doação que seria um investimento, infelizmente nunca mais vimos o dinheiro, o tal caça talentos e tão pouco fizemos a peça, hoje com mais experiência tenho certeza que não cairia neste conto do vigário.
- Veja Cassiano, como existem pessoas calhordas que ainda enganam mentem e abusam da boa-fé das pessoas, obrigado pela participação, acho já podemos abrir mais uma discussão sobre estes depoimentos não é mesmo Cassiano.
- Obrigado Cirilo, com certeza poderemos falar muito sobre estes intrigantes depoimentos da praça do povo. Franklin você notou nestes depoimentos um caso de vingança, um de perda de oportunidade e outra de exploração da boa-fé, o ser humano é bastante eclético no que se refere a mudança, você acha que eles poderiam ter uma vida diferente se estes fatos não tivessem ocorrido, ou no segundo caso tivessem ocorrido em suas vidas.
- Veja Cassiano, assim como é difícil dizer o que aconteceria no futuro é mais difícil ainda falar em futuro do pretérito, se não tivesse ocorrido, a única coisa que posso dizer é que nos três casos houve um crescimento flagrante na maneira de pensar, a primeira moça a Rute que não pode desfazer o mal que causou ao seu ex-namorado, tem total consciência que poderia ter agido de maneira diferente, mas a cegueira do amor ou do ódio pode nos levar a fazer este tipo de barbaridade, mas quem pode dizer que faria diferente, nem sempre somos racionais, depende muito do grau de envolvimento e da capacidade de análise de cada um, mas principalmente da maturidade. No segundo caso, tenho a impressão que a vida do rapaz poderia ser sim diferente, a possibilidade é grande, pois os Estados Unidos é um país em que as oportunidades levam-nos a crer em prosperidade para os que se arriscam indo morar ou trabalhar lá; no caso do conto do vigário, o trabalho do vigarista é justamente o deslumbramento, a ambição, a ganância, não sei ao certo quanto que o senhor gastou para ser o segundo Alain Delon, mas dependendo da quantia ele poderia ter pago um curso de teatro e quem sabe ter chegado ao estrelato, mas desta vez por méritos próprios, mas também poderia ter levado a mesma vida sem ter perdido nenhum dinheiro. A lição que tiramos disto tudo Cassiano é que não existe nada fácil, que não podemos impor a nossa vontade sobre a vontade de ninguém, que precisamos ter coragem para agir e principalmente sermos criteriosos ao analisar as pseudo-oportunidades.
- Obrigado Franklin, depois da brilhante análise de nosso psicólogo, vamos a outro intervalo e na volta discutiremos três histórias enviadas a nós por e-mail.
- E não esqueça da resposta da pergunta que o Cassiano dará no próximo bloco.
- O Franklin está doido para me derrubar, mas como já disse, não vou fugir da raia, não, darei a resposta após o intervalo, fiquem com a gente aqui no programa "Sentido da Vida". Voltamos já.


Continua

segunda-feira, outubro 21, 2013

A Excepcional Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto, conhecida como Nísia Floresta Brasileira Augusta, nasceu em Papari, RN, atual Nísia Floresta, rebatizada em sua homenagem, em 12 de outubro de 1810. Ela foi uma educadora, escritora e poetisa potiguar. É considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. Era filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Floresta, o nome do sítio (fazenda) onde nasceu. Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828, pai de sua filha Lívia Augusta.
Em 1828, o pai de Nísia havia sido assassinado no Recife, para onde a família havia se mudado. Em 1831 publica em um jornal pernambucano uma série de artigos sobre a condição feminina. Do Recife, já viúva, com a pequena Lívia e sua mãe, Nísia vai para o Rio Grande do Sul onde se instala e dirige um colégio para meninas. O início da Guerra dos Farrapos interrompe seus planos e Nísia resolve fixar-se no Rio de Janeiro, onde funda e dirige os colégios Brasil e Augusto, conhecidos pelo alto nível de ensino.
Em 1849, por recomendação médica leva sua filha que havia se acidentado gravemente, para a Europa. Ali permaneceu por um longo tempo, morando a maior parte do período em Paris. Em 1853, publicou Opúsculo Humanitário, uma coleção de artigos sobre emancipação feminina, que foi merecedor de uma apreciação favorável de Auguste Comte, pai do positivismo.
Esteve no Brasil entre 1872 e 1875, mas retorna para a Europa em 1875 e em 1878 publica seu último trabalho Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques.
Nísia morreu de pneumonia em Rouen, França em 24 de abril de 1885.e foi enterrada no cemitério de Bonsecours. Em agosto de 1954, quase setenta anos depois, seus despojos foram levados para sua cidade natal, que já se chamava Nísia Floresta. Primeiramente foram depositados na igreja matriz, depois foram levados para um túmulo no sítio Floresta, onde ela nasceu. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos marcou a data com o lançamento de um selo postal.
Livros
Direitos das mulheres e injustiça dos homens, primeiro livro escrito por ela, e o primeiro no Brasil a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho, inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft: Vindications of the Rights of Woman. Nísia não fez uma simples tradução, ela se utiliza do texto da inglesa e introduz suas próprias reflexões sobre a realidade brasileira.
Não é, portanto, o texto inglês que se conhece ao ler estes Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Nesta tradução livre, temos talvez o texto fundante do feminismo brasileiro, se o vemos como uma nova escritura, ainda que inspirado na leitura de outro.
Foi esse livro que deu à autora o título de precursora do feminismo no Brasil e até mesmo da América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções, mas ela não parou por ai, em outros livros ela continuaria destacando a importância da educação feminina para a mulher e a sociedade. São eles: Conselhos a minha filha, de 1842; Opúsculo humanitário, de 1853; A Mulher, de 1859.
Em seu livro Patronos e Acadêmicos - referente às personalidades da Academia Norte-Riograndense de Letras, Veríssimo de Melo começa o capítulo sobre Nísia da seguinte maneira: “Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra”.
Sua mais completa biografia - Nísia Floresta - Vida e Obra - foi escrita por Constância Lima Duarte, em 1995. Um livro de 365 páginas, editado pela Editora Universitária (da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) que, em 1991, havia sido apresentado como Tese de Douturamento em Literatura Brasileira da autora, na USP/SP.
Nísia Floresta é uma destas mulheres que deram orgulho ao Brasil, precursora de todos os desejos femininos de liberdade e igualdade, lutou bravamente para que todas as mulheres tivessem o direito de estudar, de serem cidadãs e de participarem de todas as decisões em relação a suas famílias e filhos, recusou-se a escravidão que imperava sobre as mulheres do século XIX, foi inspiração e realidade para todas que sonhavam em ser valorizadas pela sociedade de então. Nísia Floresta que merece a digna homenagem de nome de cidade deve sempre ser lembrada para que estes tempos de escravidão nunca mais retornem e que a liberdade seja respeitada em todos os seguimentos. Que a sociedade evolua para que o direito de todos seja preservado e que não haja preconceito de espécie alguma contra nenhum grupo social.


sábado, setembro 07, 2013

Um conto recontado V

- Você disse 7 minutos?
- É, no máximo, o que houve com você?
Nisto aparece o SIATE:
- Você é a Dolores?
- Sim.
- Então foi você que nos chamou?
- Foi, minha amiga tinha passado mal, agora ela está em pé, talvez não precisemos mais do serviço. Como você está Meredith.
- Meio zonza.
- Então vamos para o hospital, é melhor prevenir né?
- Vamos então.
Na ambulância:
- Dolores, liga pro Apolo para avisar que estou no hospital.
- Apolo, você está de namorado novo?
- Como assim, namorado novo, ele é meu marido há quase dez anos.
- Meredith, como assim, você nunca foi casada, sempre pulou de relacionamento em relacionamento e alegava sempre aos seus pretendentes que não era mulher de se amarrar, ganhou várias admiradoras por isto.
- Como nunca fui casada, me casei duas vezes e tive um longo relacionamento que poderia chamar de casamento também.
- Não sei o que houve com você amiga, mas estou começando a achar que é grave.
- Tudo bem, vamos lá, liga para este número e veja se não atende o Apolo.
Ato feito:
- Apolo. - Ele atende
-... É ele. - Diz a amiga passando o telefone para Meredith, ela pega o telefone:
- Oi querido, estou indo para o Hospital Nossa Senhora das Graças.
- Quem está falando.
- Ué, não conhece mais a sua mulher.
- Virgínia?
- Quem é Virgínia? É a Meredith.
- Meredith, nossa quanto tempo não falo com você.
- Que brincadeira é esta Apolo. Somos casados há cerca de 10 anos.
- Não somos não. E a culpa é sua, depois que me dispensou naquela festa após de 3 anos de namoro, aí encontrei a Virgínia e ela quis se arriscar comigo. Desculpe se fiz você acordar do seu pesadelo, mas infelizmente não somos casados, você disse que está indo para o Hospital?
- Sim.
- Interessante, pois eu estou no hospital cuidando do meu menino, ele teve uma pneumonia forte, mas agora já está tudo bem, o pior já passou.
- Menino.
- É, ele se chama Brian.
- Nós temos uma filha se chama, Felicity.
- Seria ótimo se fosse verdade, desculpe tenho que desligar a Virgínia chegou.
- Dolores, ele desligou. - Diz isto atônita.
- Amiga, eu te disse há muitos anos que este homem era o homem de sua vida e você deu de ombros.
- Então vou ligar para o meu filho vir me ver aqui no hospital.
Escreve o número no celular, resposta da operadora:
- ...Este número não existe, consulte a lista.
- Então Dolores você me disse que nunca me casei, então não tenho filhos não é mesmo.
- Na verdade, tem sim.
- Sabia que pelo menos meus dois filhos estariam comigo, ele deve ter mudado o número do celular.
- Ele? Você tem três filhas.
- Sério.
- Você me contou que namorou um sujeito por alguns anos não chegou a morar com ele, depois ele foi embora com a empregada e te deixou as 3 meninas. Mas elas não são suas filhas de verdade. Você gostou da ideia de ser mãe delas, pois o pai não as levou quando fugiu, ficou com pena porque elas não tinham para onde ir.
- Tenho filhas adotivas?
- Sim.
- E como entro em contato com elas?
- Procure no seu celular.
- Que nome devo procurar?
- Engraçado, você me perguntar isto.
- Por quê?
- Uma delas se chama Felicity.
Ela meio descrente encontra no celular, "Felicity, filha amada", chama, sem entender bem como falar com ela:
- Felicity. - a moça atende.
- Oi.
- Oi, mãe que surpresa. Onde você está?
- Você não vai acreditar.
- Diga.
- Estou no SIATE indo para o Nossa Senhora das Graças.
- Nossa, o que aconteceu?
- Aparentemente tive um mal súbito e tudo ficou diferente na minha vida.
- Na sua vida. Como assim?
- Venha pra cá minha filha e traga as suas irmãs.
- Tá bom, mãe, vou chamar a Bel e a Vi. Estamos a caminho.
- Dolores, então Felicity, Bel e Vi são minhas filhas.
- É claro que são. Isto parece um filme do Spielberg. Você por acaso não viajou no tempo, né.
- Você acreditaria, se eu dissesse que sim?




Continua

quarta-feira, agosto 28, 2013

Amnésia III

Andando pela cidade de Porto Velho, encontro Euclides:
- Oh rapaz, e aí falou com o curandeiro.
- Falei.
- Descobriu alguma coisa?
- É, alguma coisa.
- Se eu puder ajudar?
- Você, por acaso, conhece alguém que esteja indo para Curitiba, eu preciso ir para lá.
- Bom, o Gutierrez sempre vai para lá.
- Onde posso encontrá-lo, quanto será que ele cobraria para me levar com ele?
- Bem, se você ajudá-lo a carregar o caminhão, acho até que ele te daria uma boa grana, há muitos anos que ele faz este trabalho e trajeto praticamente sozinho.
- Será que ele confiaria em mim?
- Posso falar em seu favor, mas como você está sem memória, dificilmente traria problemas para ele.
Logo depois:
- Ei, Gutierrez!
- Euclides, que surpresa vê-lo por aqui e trouxe um amigo, isto me surpreende mais ainda.
- Gutierrez, pare de bobeira, preciso que você o ajude.
- E quem é o rapaz?
- Então, o probelma já começa por aí.
Gutierrez e Euclides à parte.
- Por que você quer ajudar um sujeito cujo nome você nem sabe.
- Não sei explicar, só sei dizer que sinto que é importante, não vai te prejudicar em nada, você está sempre precisando de ajudantes e ele está disposto a trabalhar pela comida e pela viagem.
- Tudo bem, mas tem certeza que ele não me trará problemas?
- Certeza, certeza, eu não tenho, eu só acho que você deveria ajudá-lo, o curandeiro disse para ele ir para Curitiba, você conhece o curandeiro, se ele fosse perigoso, o curandeiro seria o primeiro a enxergar isto.
- Tudo bem, vou contratá-lo, mas você fica me devendo uma. Pode ser que eu nunca precise de você, mas quando eu precisar não quero questionamentos.
- Tá, já entendi.
Nesta mesma tarde:
- Puxa você é forte que nem um touro, quem olha para você não imagina que possa carregar tanto peso, por acaso é do exército?
- Se eu tivesse esta resposta, com certeza a daria.
- Preciso te chamar por algum nome.
- Me chame de Francisco.
- Por que Francisco?
- O oráculo de vocês me chamou assim e na verdade gostei do nome.
- Que tal Chico?
- Acho que é apropriado, quando vamos partir, Gutierrez?
- Em dois dias.
- 3.200 quilômetros, deve dar em torno de 36 horas de viagem, entre dois e três dias aproximadamente.
- Como sabe disso, Chico?
- Não faço ideia, acho que tem razão, talvez eu seja do exército.
Em uma semana eles estavam em Curitiba, com o caminhão descarregado:
- Ei, Chico quer que te leve há algum lugar específico?
- O curandeiro não me disse nada sobre isto.
- Pegue um pouco de dinheiro e ande pela cidade, talvez alguém o reconheça.
- Não creio que vá dar certo, esta cidade é muito grande, tem mais de dois milhões de pessoas, não creio que alguém possa me reconhecer, mas obrigado pelo dinheiro.
- Eu é que agradeço, nunca tive um funcionário tão aplicado, quando estiver em Rondônia não esqueça de me procurar.
"Chico" começa a andar sem rumo pela capital paranaense, para na biblioteca pública e fica horas lendo sobre Curitiba, a noite cai e o guarda diz para ele que deve sair, pois o horário da biblioteca se encerrou, ele se desculpa e diz que não viu o tempo passar, na saída da Rua Cândido Lopes, "Chico" é abordado por um mendigo:
- Tem um trocado moço?
- Tenho, mas preciso deles.
- Não pode ser. - O mendigo grita à plenos pulmões. - Você está morto! - Diz isto e corre como um alucinado.




Continua.

quarta-feira, julho 17, 2013

LHB - Caipora e a Liga

Devo lembrar que esta história é a continuação de uma série chamada Liga de Heróis Brasileiros - LHB ( as histórias estão em posts anteriores)


Mara não sabe como irá encontrar um mito popular, o nome Guivarra nem fazia parte do seu conhecimento, mas sabia que devia encontrá-la na mata, conversou com alguns índios da tribo caiapó, eles lhe contaram sobre a lendária Guivarra que andava pelas matas protegendo os animais dos caçadores, mas ninguém sabia onde encontrá-la. Mara passou muito tempo em busca da suposta menina que cavalgava um porco do mato. Quando sente um cheiro de cigarro de palha, olha para trás e vendo uma árvore vê surgir o mito em carne e osso. Mentalmente ouve a voz de Caipora:
- Soube que me procurava.
- Você consegue ouvir meus pensamentos?
- Não, mas sei que consegue ouvir os meus. - Responde caipora.- Então do que se trata, como deve saber, tenho muito o que fazer.
- Claro, como se chama mesmo?
- Eu sou Guivarra, me chamam de caipora, nem me lembro o porquê.( ler o post chamado "LHB - Caipora" de 19.11.2011). - Certo dona caipora, tenho um problema, meu chefe mandou que eu viesse chamá-los, pois vocês são os únicos que podem lidar com esta situação, o nosso Brasil está em dificuldades e como o problema parece ser com a natureza, acho que vocês são os mais indicados para nos ajudar.
- Quando diz "vocês", está falando de quem exatamente?
- De você, do seu primo, do Saci e do Besouro.
- Besouro, não é o inseto, é?
- Não, é um escravo que morreu há muitos anos, mas que ainda anda pelo nosso mundo em forma de espírito.
- Entendo, vocês homens da cidade podem resolver os próprios problemas, não precisam de índios ou mitos como eu para isto.
- Caipora, eu sei que você entende muito mais de natureza do que nós da cidade e depois eu não posso chamar o Curupira sem você, se conseguir convencer você, sei que ele também virá. Sabe que não temos poderes para lidar com esta ameaça.
- De que ameaça, exatamente estamos falando?
- Não me diga que não tem notado que a natureza anda agindo de forma inconstante e como o clima e alguns eventos considerados naturais estão trocando de hemisférios?
- Na verdade, já havia notado sim, tenho conversado com o meu primo sobre isto, mas ainda não vejo necessidade ou relevância na nossa ajuda, não entendo como e nem por que deveríamos ajudar.
- Certo, quem sabe um pouco deste fumo ajude você a pensar melhor.
- Agora falou a minha língua, vamos fazer o seguinte venha comigo.
Mara sobe no porco e após caminhar dez passos, Mara vê a mata de desmaterializar e em poucos segundos estão diante de Curupira, Mara fica muito confusa:
- O que aconteceu caipora?
- Chama-se hipervelocidade, um presentinho de Tupã que foi dado ao Curupira.
- E como você teve acesso a isto.
- Além de ele ser o meu primo, ele também usa este porco, por isto nos confundem na mata.
Quando caipora chega perto de Curupira ele não se vira, mas diz:
- Caipora, parece que foi ontem que nós nos vimos. - De maneira sarcástica.
- E foi mesmo Curupira, lembra que estávamos discutindo sobre os problemas com a natureza que não entendíamos? Não entendendo o sarcasmo do primo.
- Sim, claro.
- Esta moça parece que pode nos dar algumas respostas.
- Neste caso, bem-vinda, como é mesmo o seu nome?
- Mara. - Ela fica meio sem graça e sem saber o que dizer, pois Curupira ao se virar para cumprimentá-la, seus pés que estavam virados para frente viraram-se para trás, ele percebendo o constrangimento diz:
- Não se preocupe, eu consigo me equilibrar, tem feito isto há anos. E então o que sabe sobre estes eventos naturais?

Voltando ao presente do flashback:
- Me lembro muito bem daquele fumo, fazia uns duzentos anos que ninguém me trazia algo tão bom, achei que você merecia ser ouvida, depois você convenceu o meu primo é claro.
- E você Curupira, lembra-se do que eu disse para te trazer para cá?
- Jamais poderia esquecer.


Continua.

quinta-feira, junho 13, 2013

O que você mudaria?

- Bom dia, eu sou o Cassiano Guerrero e apresento o programa Sentido da Vida pela TV Âmbar no qual discutimos todos os grandes dilemas levantados pelos nossos telespectadores. Hoje a sugestão é do nosso telespectador Rui de Araújo do Jalapão no Tocantins. Rui formula a seguinte questão: "Se você pudesse retornar ao seu passado, o que você mudaria?" Ao nosso lado, como em todos os programas, o psicólogo e psiquiatra Franklin Barbosa que vai falar sobre o resultado das perguntas nas ruas e suas impressões quanto ao eterno desejo humano da mudança. Vamos ouvir as suas impressões iniciais depois vamos para as ruas para dar prosseguimento ao programa.
- Bom dia à todos os nossos telespectadores, a mudança é algo inerente ao ser humano, mesmo porque temos uma insatisfação nata, sempre queremos evoluir e acabamos por desprezar as decisões que tomamos anteriormente mesmo sabendo que foram decisões tomadas sem o conhecimento que temos hoje, por isto olhamos para nossos equivalentes do passado com uma certa vergonha porque poderíamos ter agido diferente, mas vamos falar mais sobre isto com o decorrer do programa.
- Agora vamos para a praça Graciano Ferraz onde o repórter Cirilo Júnior vai conversar com os transeuntes para fazer a pergunta do programa.
- Obrigado Cassiano, estamos aqui e vamos falar com os transeuntes. Nome e profissao por favor.
- Gustavo, técnico de informática.
- Gustavo, o que você mudaria se pudesse retornar ao passado?
- Pessoalmente ou para o mundo?
- Não, na sua vida mesmo.
- Puxa vida, tanta coisa cara, mas acho que a principal seria não casar tão cedo.
- Há quanto tempo você é casado?
- Há dez anos.
- E quantos anos tem?
- 30.
- É Cassiano, o rapaz casou cedo e gostaria de não ter feito isto. Vamos falar com outra pessoa, nome e profissão por favor.
- Virgínia, secretária.
- Virgínia, o que você mudaria na sua vida se pudesse retornar no tempo?
- Acho que não engravidaria.
- Com que idade você engravidou?
- 15.
- E quantos anos tem, agora?
- Você não adivinha?
- Talvez, 28?
- Passou perto.
- A Virgínia é misteriosa Cassiano. Mais uma participação e aí voltaremos aos estúdios da TV Âmbar, nome e profissão por favor.
- Diógenes, motorista.
- Diógenes, o que você mudaria na sua vida em caso de poder retornar no tempo?
- Acho que não fugiria de casa, foi uma grande irresponsabilidade.
- Quando isto aconteceu?
- Acho que eu tinha uns dez anos, discuti com o meu pai e ganhei o mundo, infelizmente descobri que aqui fora a situação era bem pior do que lá dentro.
- Então Cassiano acho que já demos material para uma discussão, logo voltaremos para falar com o povo aqui na praça.
- Obrigado Cirilo. Franklin, a nossa pesquisa teve resultados curiosos, cerca de 10% dos entrevistados estão satisfeitos com as suas vidas e mesmo com erros e acertos não mudariam nada se pudessem voltar no tempo, do restante que mudaria a maioria absoluta mudariam decisões inconsequentes da juventude, o senhor acha que isto é uma tendência, o arrependimento de atos de adolescência?
- Olha Cassiano, eu não diria uma tendência acho que são as coisas mais marcantes da nossa vida, costumamos nos perdoar mais quando estamos em idade adulta, mas as bobagens da juventude ficam martelando na nossa cabeça mais forte do que as outras, pegando o exemplo da moça que engravidou aos 15 anos, foi uma incoerência? Foi, mas o único problema para ela foi a tenra idade, se ela tivesse engravidado hoje, mesmo que tivesse a mesma estrutura, imagino que, sem dinheiro, marido ou casa, ela não se culparia tanto, pois com a idade de hoje, ela toma conta de sua vida, não teria que ter a tal conversa com os pais e quem sabe com o futuro pai, porque na adolescência dependemos de tudo e de todos, obviamente que a vida da moça mudou completamente, teve que virar mulher e mãe muito mais cedo do que imaginava, por isto foi tão marcante e em alguns casos Cassiano esses pseudo-erros cometidos anteriormente tornam a vida da pessoa insuportável, pois criam traumas que são difíceis de superar pois o perdão a si próprios é um dois mais difíceis dilemas do ser humano.
- Quando você diz pseudo-erros, quer dizer exatamente o quê?
- Pseudo-erros siginifica que decisões que tomamos no passado só foram qualificados como erros quando hoje no presente com uma bagagem maior de conhecimento reconhecemos isto como um erro, mas no passado sem estas informações poderiamos chamar apenas de um risco que como seres humanos podemos correr ou não, aí não se pode qualificar como erro. Só ocorre o erro quando sabemos as consequências dos atos que ainda não fizemos, mas mesmo assim o fazemos.
- Com a explicação do Franklin, encerramos o nosso primeiro bloco e vamos para o intervalo e voltaremos logo com o tema do dia "Se você pudesse retornar ao seu passado, o que você mudaria?"





Continua.

quinta-feira, abril 11, 2013

Um Conto Recontado IV

Mais tarde Janira encontra Meredith:
- Oi Meredith, soube que foi para a diretoria, não sabia deste seu lado rebelde.
- Na verdade, nem eu.
- Parece que o pessoal da escola começou a te notar depois deste ato, conhece o Guilherme?
- Eu suponho que você não esteja falando do meu pai.
- Meredith, você anda falando de um jeito estranho, parece que tem 40 anos.
- Nem me fale.
- Não, não estou falando do seu pai, estou falando do Guilherme do 6º B.
- Olha Janira, na verdade não ando me sentindo muito bem, nem de você eu me lembro direito preciso de um tempo para me acostumar.
- Para se acostumar com o que? Estudamos juntas a tantos anos, até parece que está voltando de uma temporada em outro país. Você vai me contar o que está havendo?
- Você não acreditaria.
- Eu sou sua melhor amiga, como assim eu não acreditaria em você.
- Tá, me fala do Guilherme.
- Ele disse que te acha interessante e me perguntou se o ajudaria a convidá-la para sair.
- E por que eu sairia com o Guilherme?
- Porque ele é o garoto mais popular da escola.
- E daí?
- É, você envelheceu mesmo, sabe a sorte que tem por despertar o interesse deste tipo de menino.
- Ainda não sei, mas imagino, diga para ele que eu vou pensar. Janira, eu preciso ir para casa.
- Tudo bem, mas eu ainda preciso te contar da festa.
- Certo passa lá em casa depois.
- Combinado.
Mais tarde na casa da Meredith:
- Oi mãe.
- Oi Meredith, como foi a escola?
- Estranha.
- Sei, quer me contar alguma coisa?
- Não consigo me comunicar com a minha professora, acabei caindo no sono e ela se irritou porque respondi uma pergunta que ela fez.
- Disse alguma grosseria?
- Aí é que está, só respondi o que ela perguntou ela estava muito brava e acabou me mandando para a diretoria.
- É mesmo, tem certeza que não a ofendeu?
- Mãe, você me conhece eu não gosto de falar palavrões, por que eu responderia mal a professora? Talvez a minha existência a ofenda.
- Entendo, onde aprendeu a falar tão bem assim.
- Assim como.
- Você só tem quinze anos, se não a conhecesse diria que está mais velha que seu pai.
- Era só o que me faltava agora todos vão me chamar de velha.
- Não é isso Meredith, mas a seu modo de falar não está condizendo com a sua idade.
Nisto chega Guilherme:
- Oi Lorelay - a cumprimenta com um beijo, Lorelay puxa-o a parte.
- Tem alguma coisa errada com a Meredith.
- Lá vem você de novo.
- Lembra quando ela insistiu em dizer que tinha 45 anos, eu estou começando a acreditar nela.
- Tá bom, quanto eu vou ter que gastar.
- Só converse com ela e veja se não tenho razão.
- Certo. - vai até o sofá e diz:
- Oi Meredith, como foi o dia minha filha.
- Sabe podia ter sido melhor, estou um pouco entediada, não aguento lidar com estes adolescentes, eles são tão imaturos, acho que tenho mais assuntos com vocês do que com eles.
- É mesmo. Por quê?
- Acho que não falamos a mesmo língua, eles não parecem ter responsabilidade, só querem saber de cabular aula, de desafiar os professores, não têm argumentos em suas discussões, imaturidade pura sabe? - Enquanto Meredith faz este discurso fica trocando de canal na antiga TV com seletor sempre dizendo "já vi" para todos os programas que passam nos canais e termina por fim por desligar a TV, acha um livro de artes no meio dos cadernos e fica a tarde toda lendo o livro.
Até Guilherme é obrigado a concordar que Meredith está diferente do que costumava ser. Alguns dias mais tarde Lorelay leva Meredith para um especialista e depois de muita análise:
- Não há nada de errado com a filha de vocês, no entanto...
Lorelay se desespera:
- No entanto... Doutor?
- Acho que ela é super dotada.
- Super dotada - Diz o pai incrédulo.
- Sim, ela tem a mente de uma pessoa de 45 anos, mas ela só tem 15, então o seu QI está na escala de 180.
- E o que podemos fazer?
- Na verdade, muito pouco, o nosso país não tem programas para super dotados e imagino que não tenham condições financeiras de mandá-la para outro país, apenas tratem-na como a idade de sua mente, com certeza ela não é como uma adolescente de 15 anos.
Algum tempo depois, Meredith encontra Brigite na rua:
- Oi, lembra-se de mim.
- Sim você é a garota do hospital a que viajou no tempo com a ajuda da minha equivalente do futuro, gostaria de tentar retornar outra vez.
- Sim, gostaria, a idéia de reviver meus últimos 30 anos não me agrada muito.
E desta vez ao tocar a mão de Brigite, Meredith se vê novamente em seu tempo ao lado da amiga Fernanda que diz:
- Nossa Meredith o que aconteceu com você, pensei que você estava morta.
- Morta, como assim, por quê?
- Você caiu e ficou alguns minutos imóvel.
- Quantos minutos?
- 5 ou 7 minutos. Ainda bem que você acordou, até chamei o SIATE, mas ele não chegou ainda.
Meredith começa andar normalmente, mas ainda não entende o que está acontecendo.



Continua

sexta-feira, março 08, 2013

Medos

Uma palavra que sempre nos acompanha é o medo. Medo de ganhar, medo de perder, medo de amar, de ser amado, de morrer, de ser recusado e até de ser aceito. O medo nos conserva de alguma forma, quem é destemido pode pular algumas etapas e pela falta da experiência das etapas anteriores o sujeito pode não conseguir mais evoluir. O medo até um certo patamar pode ser saudável, mas pode ser patogênico na medida em que pode limitar uma vida, nem estou falando aqui de fobias que é algo crônico que deve ser tratado com remédios. Estou falando de pessoas que passam a vida sem tomar uma atitude para mudar, sempre esperando a pessoa que vai retirá-la do fundo do poço, quando na verdade a pessoa que pode fazer isto é ela mesma. Esses medos são normais em todos os seres humanos. Alguns podem dizer: "Como é que o fulano não tem medo?" Na verdade todos temos medo, apenas alguns de nós os enfrentamos e outros não. Um exemplo clássico: o medo de sair de casa, eu diria que é o maior da sociedade contemporânea empatando com o medo de estar só. Para sair da casa dos pais e cuidar da própria vida é exigido um esforço sobre-humano para que haja uma adaptação. Antes você não precisava pagar nenhuma conta, ou ir ao mercado, ou lavar a roupa, ou repor as comidas que estavam acabando, agora sim você precisava fazer tudo isto sob a pena de ficar sem luz, sem água, sem alimento ou ser despejado de sua casa; outra coisa essencial: você precisa de uma fonte de renda sem isto não dá nem para planejar sair de casa. É necessário mudar toda a mentalidade que era praticamente de uma criança para a de um adulto, logo você irá perceberá que se você não fizer a comida ou comprá-la em algum lugar ela não aparecerá por mágica na sua mesa, medo de ficar só pode atrapalhar o indivíduo que quer sair de casa, aí as pessoas arrumam uma solução bastante interessante: o casamento, assim ele ou ela não ficariam sozinhas, mas sairiam de casa. Ao menos terão alguém para culpar caso a luz não seja paga. Medo de ganhar ou de perder e os outros medos podem ser traduzidos no medo do desconhecido. Se o sujeito ama e é aceito fica com medo de perder o ser amado, se ama e não é correspondido tem medo que as outras pessoas debochem dele por não ter conseguido o ser amado. Ganhar pode ser um problema pois quem ganha precisa manter as vitórias e pode ser que esta pessoa não consiga manter a qualidade para ganhar sempre, o medo de perder vem pela posição da sociedade que só aceitam vencedores. O medo de morrer nos acompanha sempre, mas acentua-se mais na fase adulta e mais ainda na velhice porque tememos o desconhecido pois ninguém voltou das águas da morte para nos dizer o que há do outro lado. Afinal qual é o seu medo? Responda nos comentários e talvez eu faça um vídeo sobre os medos.

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Amnésia II

- Na verdade não sou não.
- Eu sabia, mas me disseram que você me levou na pensão Sardinha duas noites atrás.
- É verdade, levei sim.
- Então deve saber o meu nome.
- Não é Ronaldo?
- Você está brincando, né?
- Na verdade, há muitos Ronaldos nesta cidade, por isto esta é sempre a minha primeira tentativa.
- Quer dizer que não me conhece?
- Você se chama Francisco Everardo.
- Meu nome é igual ao do Tiririca.
- Como sabe quem é o Tiririca e não sabe quem você é?
- Esta conversa está sendo uma perda de tempo, eu vou embora.
- Você é que sabe tenho mais pessoas para atender.
- Só me responda o porquê de ter me levado até a pensão.
- Um sujeito me pagou. Me deu uma boa grana e ainda disse para que eu pagasse duas diárias da pensão, assim ninguém incomodaria você por algum tempo.
- Pode me falar mais sobre este sujeito.
- Ele não é daqui, tinha um sotaque paranaense, era loiro como você e insistiu para que eu disesse na pensão que eu era seu irmão.
- Sabe onde posso encontrá-lo?
- Acredito que não o verei mais.
- Por quê?
- Você viu o que está escrito na placa acima da minha tenda.
- Sim, curandeiro e vidente.
- Então você sabe porque ele não voltará.
- Sei e quanto ao meu nome.
- Já disse Francisco Everardo.
- Não pode ser.
- É, não é não, eu só estava brincando com você, seu parente loiro não me disse nada a este respeito, mas garanto a você que o encontrará em Curitiba.
- Como pode ter certeza?
O curandeiro vira de costas e aponta para cima. Depois de olhar demoradamente para a placa, saí de lá e pensa:
- Como vou a Curitiba, não consigo nem arrumar dinheiro para almoçar, vou ter que arrumar um trabalho ou pedir carona para ir até Curitiba, será que devo acreditar nele, este curandeiro é muito estranho, além de tudo não sei nada sobre mim, nem sobre este suposto parente.
Nisto um flash de memória aparece na mente do nosso amigo:
- Como veio parar aqui?
- Eu vim te ajudar, jamais poderia deixá-lo nesta situação.
Depois tudo fica escuro:
- Este cara que eu fui salvar bate com a descrição do curandeiro, quem será que me bateu, deve ser por isto que estou com este galo na cabeça e isto pode ser a razão de tudo, tenho que sair desta cidade e descobrir o que está havendo.


Continua