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quinta-feira, agosto 26, 2010

O Brasil é um navio desgovernado

Apesar do que possam pensar os caros leitores, talvez, por causa do título, que o autor destes dizeres é totalmente pessimista, não sou não, apenas analiso os fatos digo que o Brasil realmente não tem comando e quando digo isto não estou falando só de governo ou representantes ministeriais; estou falando também das grandes mídias e da cultura influenciável do brasileiro. Exemplificando: alguém vira uma celebridade e todos aceitam isto como normal e dão cada vez mais audiência a nova estrela do momento. Quem não lembra dos "grandes pagodeiros", grupos de axé, da bundalização da tv e tantos outros exemplos que tornam o país cada vez menos respeitado, tanto pelos brasileiros como pelos organismos internacionais, em que pese a nossa mídia ter pouca influência lá fora. Agora a melhor forma de resolver os problemas financeiros é se candidatando; desde que o falecido Clodovil ganhou uma cadeira na Câmara dos deputados, todos acham que tem condições de fazer o mesmo sem sequer conhecer as exigências do cargo, que não são poucas, por outro lado os "profissionais da área" não têm agido de maneira tão ilibada para termos este tipo de reserva, não obstante é claro e notório que todos os candidatos que são ou foram famosos de uma forma ou de outra não estão preocupados com seus eleitores, podem haver exceções, mas a verdade é que querem retornar a fama e ganhar uma grana fácil, não preciso citar nomes, os leitores sabem a quem me refiro. Ainda falando de política, temos um quadro político que precisa de muito tempo para ser limpo se é que um dia será, pois a cultura do brasileiro precisa mudar para que os políticos mudem. Vejo muitos brasileiros indignados porque um analfabeto foi eleito presidente da república, mas muitos destes que reclamam não sabem o que faz um deputados estadual ou federal ou mesmo um senador, Quem é o analfabeto? Mesmo assim o nosso digníssimo presidente poderia ser muito melhor do que foi; representou muito bem o Brasil nas organizações internacionais e vários acordos benéficos ao Brasil foram fechados, mas abandonou o setor de educação que já vem se arrastando a anos, agora com analfabetos estudados, pois não são poucos os casos de pessoas com segundo grau completo que não sabem interpretar um texto. Enfim, a corrupção é uma cultura do povo brasileiro, arrisco dizer que 70% do povo brasileiro não tem senso de nação, comunidade, país, pensam só nos próprios umbigos, quando reclamam dos políticos, na verdade só querem ter as mesmas regalias que os eles têm e não um país igualitário e uma sociedade justa, se é no meio deste grupo de indivíduos que queremos achar alguém sério, estamos muito mal arranjados. A esperança é a evolução sociológica que só ocorrerá com as gerações futuras que se devidamente educadas mudarão a forma de pensar da sociedade e então, quem sabe, possamos escolher o melhor entre os melhores e assim crescer como nação e sociedade.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Miragem

Suzana vivia na cidade Caineiras do Oeste, era garçonete de uma lanchonete chamada Esquina do Tadeu, tinha 20 anos não estudava, achava isto uma perda de tempo, trabalhava desde os 14 anos, ali mesmo nesta lanchonete por isto era muito conhecida na região como a garota da esquina, ela não gostava muito deste apelido, mas não havia como negar pois ela trabalhava nesta lanchonete de nome excêntrico. Houve uma grande festa promovida pela prefeitura, era o aniversário da cidade de Caineiras do Oeste completava 120 anos de fundação. Suzana comia uma maça do amor quando foi abordada por um forasteiro:
- Olá moça, sou novo na cidade...
- É, eu já havia notado.
- ...Você poderia me dizer onde há um lugar agradável para passar algumas noites na cidade?
- Sim, no Palace Caineiras, é o melhor hotel da cidade e, para você que é da capital, será o lugar ideal, irá sentir-se em casa.
- Obrigado moça, como é mesmo o seu nome?
- Eu sou a Suzana, a garota da esquina.
- Garota da esquina?
- Antes que você possa pensar bobagens, sou chamada assim porque trabalho numa lanchonete que se chama “Esquina do Tadeu”, e você como se chama?
- Kleber, prazer em conhecê-la, garota da esquina.
Apesar de saber que a vida no interior caminha à passos de jabuti, Suzana esperava mais da vida, não queria ficar 30 anos trabalhando na lanchonete do Tadeu, achava que poderia fazer muito mais e se recusava a viver uma vida medíocre de interiorana e sabendo que Kleber se hospedaria naquele hotel que é o melhor da cidade, não teve dúvidas:
- Espere um pouco senhor Kleber.
- Não é necessário formalidades Suzana, pode me chamar pelo meu nome.
- Obrigado Kleber, no que você trabalha?
- Eu sou representante comercial da fábrica “Coelho e Jugular”.
- Coelho e Jugular?
- Sim, não são sobrenomes, são os apelidos dos sócios, talvez uma outra hora eu possa te contar sobre isto.
- Então, você acha que poderia me encaixar nesta empresa e me levar para a capital?
- Não sei, você não tem família?
- Tenho sim, mas eu converso com eles e posso partir no momento que você quiser partir.
- Esta cidade parece tão pacata, não sei se você vai se adaptar a capital.
- Vou sim, sempre foi o meu sonho ir para lá.
E assim foi feito, quando Suzana chegou à rodoviária logo viu a diferença, a rodoviária já parecia uma cidade, ela precisava de um mapa para sair de lá, Kleber, experiente em capital, notou o deslumbramento da moça.
- Nunca viu nada igual, não é?
- Não, tudo é muito grande por aqui, isto parece um formigueiro.
- Você precisa ver isto em época de feriado, é uma loucura.
- Quer dizer que hoje está pacato?
- É isto mesmo, geralmente a gente não conseguiu nem respirar. Já sabe onde vai ficar?
- Não ainda.
Assim, Suzana foi trabalhar na fábrica da “Coelho e Jugular” que era uma fábrica de açúcar, como lhe faltava qualificação foi trabalhar de auxiliar de produção, quando viu seu primeiro hollerith, vibrou de alegria, o salário era 5 vezes maior que aquele que ganhava na lanchonete, apesar de ser um trabalho árduo, valia a pena pelo salário, mas nem sempre nossos sonhos se realizam completamente, o salário dela era grande mas o custo de vida também era, e mesmo tentando economizar nunca sobrava dinheiro sequer para um passeio, um cinema e às vezes nem para uma pipoca. Ela nunca mais viu o Kleber, parece que sua última viagem tinha sido para o Oiapoque, em menos de 6 meses estava estabilizada na capital, mas morta de saudades do interior dos amigos e parentes, uma vez teve uma crise de depressão e quase conseguiu o intento do suicídio, foi salva por uma vizinha que andava de olho na solitária do apartamento 12. Depois de alguma conversa:
- Suzana por que você veio para capital?
- Vim atrás de uma cenoura.
- Uma cenoura, ela deve ser importante.
- Desculpe, é uma figura de linguagem, quando você quer que um burro ande depois de empacado é só colocar uma cenoura na sua frente, ele vai para onde você quiser, mas nunca consegue apanhar a cenoura.
- Entendo e qual seria a sua cenoura?
- Eu achei que era infeliz por morar num fim de mundo, então pensei que vindo para a capital eu seria feliz, me enganei com a propaganda das novelas passei a perseguir esta miragem de um vida melhor, então acho que a saída é voltar.
- Você tem dinheiro para isto?
- Este é o problema, não tenho e nem tenho previsão de quando terei.
- Se é de uma passagem que você precisa eu a darei a você.
- A senhora é um anjo, dona angélica.
- Nunca conte isto para o meu marido, ele não entende este meu jeito, sabe.
- Pode deixar.
Neste mesmo dia estava a caminho de Caineiras do Oeste e Suzana voltou a ser a garota da esquina, mas desta vez com muito mais orgulho e felicidade, pois estava entre os seus. Ela precisou andar dezenas de quilômetros para entender que a felicidade estava ali bem debaixo do seu nariz.