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sexta-feira, junho 26, 2009

Responsabilidade

- Oi, onde vocês estão?
- Estamos agora, embaixo de uma ponte.
- Tá brincando?
- Não.
- Ué, quando vocês perderam a casa.
- Que perderam a casa, tá maluca mina. É que a gente acabou de passar por um viaduto.
- Tá bom, vão lá no Café Juramento, eu vou para lá, assim que resolver um problema aqui.
- Beleza.
Januária estava com um pneu furado junto de um shopping, estava esperando o pessoal de seguro que lhe assegurou que chegaria em 10 minutos, mas já fazia 40 minutos e nada. Paciência é virtude de poucos, por isto Januária não estava estressada quando chegou Lauro.
- A senhora é a Januária?
- Sou sim.
- Assine aqui por gentileza.
Em poucos minutos:
- Obrigada senhor?
- Lauro, obrigado a você senhora Januária.
- Senhorita.
Logo mais, Januária estava no Café Juramento, havia alguns poetas por ali, todos conhecidos e lógico o casal que ela havia chamado:
- Ei, sem terra!
- Januária, quanto tempo. Tudo bem?
- Tudo bem e você? Mariana como vai?
- Vou bem Januária.
- Vamos sentar ali perto da janela.
Logo:
- Então Januária, quais são as novas?
- Tô grávida Júlio.

- Não me diga? Mas você arrumou um namorado? Casou? O que houve?
- Não, não arrumei namorado. Você é que é o pai.
- Tá brincando?
- Não, tenho certeza.
- Puxa, Você podia ter me chamado sozinho, né?
- Cara, o problema é maior do que você imagina, na verdade o bebê está com um problema de fígado e terá que fazer um transplante intra-uterino para sobreviver, por isto eu vim conversar com você, não quero nada de você, eu sabia o que estava fazendo. Então posso contar com você?
Mariana chama Júlio à parte:
- É o seguinte, eu estou fora, não posso ficar numa relação em que a pessoa que eu mais confiava me traiu, mas como conselheira devo dizer que você deve salvar o seu filho, ninguém mais poderá fazê-lo.
- Mariana, você não a ouviu, ela não me quer, só quer que eu salve o nosso filho.
- Mantenho a minha posição. Acho que não posso continuar com uma relação sabendo que há uma criança sem pai por aí.
Mariana vai embora e Januária pergunta:
- Posso contar com você?
- Pode.
Alguns dias depois, no hospital:
- Senhor Júlio, correto?
- Sim.
- Eu sou o Dr. Fraser e estou aqui para prepará-lo para a cirurgia.
- Prazer em conhecê-lo, Dr. Fraser, pode me dizer se vai sair tudo bem?
- Com certeza, como deve saber o fígado é um órgão que se regenera, como o fígado do neném está comprometido, tiraremos, apenas o suficiente para salvá-lo, o que deve ser algo em torno de 15% do seu fígado, ele deve se regenerar em alguns dias.
- Obrigado Dr. Fraser, isto me esclareceu muito.
Horas se passaram e a operação foi um sucesso, quando acordou Júlio começou a ouvir um barulho de buzina:
- Júlio. Júlio.
- O que?
- Acorda homem, você dormiu no sinal, tá louco quer matar todo mundo, faz uns 5 minutos que estão buzinando para você.
- Mariana tive um sonho tão estranho.
- Era sobre o que?
O telefone toca:
- Quem é?
- É a Januária, Não vai atender?
- Acho que não.

segunda-feira, junho 08, 2009

O Chamado da Morte

O dia era promissor, tantos compromissos: havia uma videoconferência às 9h:00 com os japoneses, às 11h00min um almoço de negócios com a maior empresa têxtil do Brasil e logo depois as duas tinha que apresentar a sua estratégia para entrar no mercado americano, pois alguns representantes de distribuidores de malhas estariam lá para apreciar a proposta. Rodrigo estava tão ansioso que nem conseguiu tomar café. Seu filho veio lhe mostrar um desenho que havia feito na escola. O desenho mostrava um homem com uma mala, uma onomatopéia de velocidade indicando pressa enquanto uma criança, abria os braços atrás deste homem que sequer olhava para trás. Rodrigo olhou fixamente para o desenho e disse:

- Hoje à noite meu filho, eu vou brincar com você, vamos ter a noite toda para botar em dia nossos jogos tudo bem?

- Claro pai, não vejo a hora de chegar a noite.

A esposa vê a cena e diz:

- Não prometa o que você não pode cumprir.

- Desta vez vai dar certo, depois deste dia cheio vou adorar relaxar com o meu filho.

Com os japoneses foi um pouco difícil, eles são duros para negociar, o fato de ele não entender a língua atrapalhou em muito, embora os tradutores compensassem esta dificuldade, todavia todos os argumentos que Rodrigo usava para fechar a conta com eles eram sumariamente postos por terra, pela total falta de experiência da cultura japonesa, diante disto Rodrigo pediu um prazo para fazer um levantamento dos costumes do povo japonês e depois apresentar um novo projeto. Os japoneses torceram o nariz, mas aceitaram; seu chefe lhe perguntou:

- Tem certeza que pode dar conta disto, senão eu passo o serviço para o Gustavo.

- O Gustavo não sabe amarrar o cordão dos sapatos.

- Tudo bem, estou confiando em você.

No almoço, bons argumentos, boa margem de lucro no mercado e fixação da marca foram decisivos para a aceitação da "Vista-se Bem" com a empresa têxtil, os fornecedores estavam muito animados de poderem participar de um projeto de tamanha qualidade. Assim o projeto foi classificado pelo presidente Jocundino.

Com os americanos foi um pouquinho mais difícil, novamente esbarrando na questão cultural, mas como o idioma era muito mais claro para Rodrigo, a missão de apresentar um projeto plausível tornou-se menos trabalhosa e por conseguinte entrar no mercado americano tornou-se uma realidade.

Após o término da reunião, já atrasado para o jantar em casa que havia combinado com o filho, saiu em disparada para o carro, sem se despedir muito bem de ninguém. No caminho ele atende ao telefone:

- Alô.

- Oi querido.

- Joana, tudo bem?

- Sim, vou estar melhor quando você estiver comigo.

- Olha Joana, hoje não vai dar, eu vou pra casa jantar com o meu filho e a minha mulher, eles estão me esperando, eu não tenho dado muito atenção ao meu filho...

Nisto Rodrigo tem que fazer uma manobra de fórmula 1 para evitar uma batida de frente num carro que perdeu a direção. Mesmo assim retorna a conversa ao celular.

- O que foi isto?

- Não é nada é que eu estou dirigindo.

- Então é melhor eu desligar não quero que você sofra um acidente, espero você em 20 minutos.

- Joana você não...

Era tarde Joana já havia desligado, Rodrigo ficou muito intrigado totalmente confuso, sem saber o que fazer, será que poderia falhar de novo com o filho, será que seria novamente perdoado, o que diria a esposa que a reunião foi até muito tarde. Dúvidas terríveis o assolavam. Mas ele não teve muito tempo para dúvidas, era melhor visitar a Joana e chegar um pouco atrasado em casa.

Logo ao chegar ao apartamento de Joana, no horário marcado, encontra a porta arrombada, um quantidade imensa de sangue, Joana jogada num canto da sala e Juarez, seu marido com uma arma apontada para o visitante e a mesma é disparada.

Moral da História.

" Apesar de saber o que é certo fazer, às vezes não conseguimos resistir ao chamado da morte."