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quarta-feira, dezembro 30, 2009

A arte de descansar





Quando se pensa em descanso, logo se vem à mente preguiça, é importante diferenciar uma palavra da outra, também uma pode ser consequência da outra. A preguiça está presente quando o sujeito precisa fazer algo importante para sua saúde, educação, subsistência, segurança, etc. e apesar da necessidade, urgência e alguns casos emergência, o sujeito declina de sua responsabilidade e fica de braços cruzados esperando que alguém faça isto por ele. O descanso é diferente, todos necessitamos dele para ter uma vida saudável. Não é preguiça você deixar de estudar nas férias, ao contrário, é uma necessidade; apesar de uma continuidade de estudos manter o cérebro ativo, o excesso pode fundi-lo, assim como ocorre com o motor de um carro que é muito usado.

Em contrapartida o que é excesso para uns pode ser descanso para outros. Não se ouve muito falar, mas há casos de pessoas que descansam trabalhando, lendo, fazendo o serviço da casa ou até cozinhando. Então qual é este limite entre o descanso e a preguiça? Como saber o que é necessário para se descansar? O conceito de descanso é pessoal. Descansar é a abstinência de uma atividade estressante, por isto podemos descansar fazendo outras atividades, um empresário pode descansar distribuindo sopas nas ruas, um policial militar pode descansar dando palestras a meninos e adolescentes evitando que entrem na criminalidade.

E, por óbvio, há o descanso comum que todos compartilham ou deveriam compartilhar, ou seja, as viagens em família, a ausência do local (cidade, estado ou país) de trabalho; segundo o Jô Soares, se a pessoa não se ausentar do seu local de trabalho, não consegue se desligar do mesmo e assim o cérebro não tem aquele respiro tão necessário há uma mente sã. Como os seres humanos são peculiarmente diferentes, cabe a cada um achar o seu jeito de descansar, sem cair na armadilha da preguiça, o nosso mundo cada vez mais acelerado é um convite a loucura desenfreada da atividade contínua, mas o homem sábio domina a arte de descansar.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Coisas que acontecem no Brasil

Complexo de Vira-lata: Aqui, neste país, há uma mania difícil de ser mudada, uma valorização absurda do que é de origem estrangeira e também uma desvalorização do que é nacional. Este pensamento já ocorre há muito tempo, recentemente ocorreu um evento isolado no Estádio Couto Pereira em Curitiba, um evento lamentável que deixou mais de uma dezena de pessoas feridas, apesar de isto não ser constante, algumas pessoas já temiam pela Copa do Mundo de 2014 e também, aproveitando-se disso, a imprensa mundial já disse em alto e bom som, que: "É neste país que ocorrerá a Copa do Mundo de 2014". Vamos aos fatos: Não é privilégio nem de Curitiba e nem de nosso país ocorrências como estas, basta lembrar que os Estados Unidos já foi alvo de ataques terroristas e incidentes em plena organização de Jogos Olímpicos e de Copa do Mundo, basta lembrar do caso do parque centenário em Atlanta 1996 ou o atentado terrorista na vila olímpica em Munique também concomitante com a realização dos Jogos Olímpicos. A grande verdade é que no Brasil tudo toma proporções apocalípticas quando se faz comparações com o resto do mundo e na verdade somos todos humanos e temos basicamente os mesmos problemas, alguns em maior proporção, outros em menor.

Valorização do que é deplorável: Uma moça de nome Geyse é expulsa de uma universidade por se comportar de maneira reprovável em relação a maneira de se vestir, sem entrar no mérito do que é certo ou errado quanto a isto, o país inteiro ficou sabendo deste fato que ocorre simplesmente todos os dias, em universidades, escolas, cinemas, repartições públicas e, por algum motivo, este caso se tornou nacional e a imprensa, com grande parcela de culpa, transformou Geyse em um ícone, para alguns, uma mártir da luta pelo direito a se vestir como quiser. Como se não bastasse, ele ganhou uma participação especial em uma programa da maior emissora de sinal aberto do país e ainda obteve um convite de uma escola de samba para desfilar no próximo carnaval e quem saiu de ruim na história foi a universidade que teve que voltar atrás na expulsão de Geyse e ter o bom nome da instituição ligado a escândalo que não faz o menor sentido.

Oportunidades para incapazes: Longe de querer ser preconceituoso, mas no nosso país qualquer pessoa pode se candidatar a qualquer cargo público, sem o menor preparo, então o sujeito vai ser vereador, prefeito, deputado, governador, presidente sem sequer saber quais são as atribuições do cargo, coisa que ocorre com a grande maioria dos eleitores também. Assim, o país, de maneira geral, fica nas mãos de pessoas despreparadas para legislar e se preocupando tão-somente com o seus próprios bolsos, ou tendo iniciativas absurdas como homenagens infindáveis a pessoas das cidades quando, em muitas oportunidades, os cidadões não tem nem água encanada em suas casas. A preocupação com a quantidade de pombos e como exterminá-los de uma maneira ecológica. O que eu quero dizer é que está de na hora de prepararmos nossos políticos para os seus cargos ou no mínimos externar quais são as verdadeiras atribuições destes cargos para que os seus ocupantes não se tornem ridículos diante da sociedade. Ainda sobre o mesmo tema, temos o caso do maldito Big Brother, que sequer tem um nome em português, do qual se extrai pessoas sem o menor gabarito para se tornarem atores de TV, quando temos artistas de rua 100 vezes melhores que não têm nenhuma oportunidade de participar deste rol de celebridades efêmeras.
Que o atual técnico da seleção brasileira me perdoe, mas a forma como ele foi conduzido ao cargo está totalmente errada e é completamente absurda, apesar do seu grande e incontestável desempenho, muitos técnicos profissionais que estão há anos trabalhando e esperando uma oportunidade na seleção são deixados de lado, sequer são avaliados ou submetidos a uma eleição popular, não importa a fórmula, mas os cargos deveriam ser conseguidos através de algum mérito e não por indicaçao de um ou outro.

Então caros leitores quero mostrar a vocês que o nosso país pode ser muito melhor do que é, desde que não deixemos que estas figuras ou fatos absurdos se tornem maiores do que realmente são. Assim como o dinheiro tem o seu relativo valor devemos dar a proporção correta aos acontecimentos deste país.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Em busca do pé de coelho V

Mais tarde:
- Já viu uma coisa dessas, Guaianazes?
- Sinceramente, Vidigal, eu nunca vi e arrisco dizer que ninguém aqui, também, tenha vista algo sequer parecido.
- O que você acha que é?
- Não sei dizer, mas julgando que o hotel não está mais aqui, tenho a impressão que ele foi transportado de alguma forma.
A energia começa a diminuir cada vez mais, Guaianazes não sabe o que fazer, ele está cercado pelo exército e pergunta se alguém filmou isto ou tirou fotos daquela energia. A energia finalmente se dissipa e como não há resposta a sua pergunta Guaianazes fica desanimado, mas:
- Senhor, eu consegui filmar.
- Como é o seu nome, cabo?
- Wolverine
- Tá brincando?
- Não. Meu nome é Wolverine Simbad de Oliveira.
- Certo Wolverine – Olha um pouco descrente - Vamos ver o que temos aqui.
Examina minuciosamente a câmara e logo depois percebe ao olhar para o antigo vórtice que o hotel está de volta:
- Cerquem a área, não deixem ninguém ultrapassar o cordão, atirem para matar se for necessário.
Vidigal, Guaianazes e Wolverine adentram o hotel e vêem Jamil caído, meio atordoado.
- O que aconteceu, Jamil?
- Não sei dizer, tive um sonho tão real, parece que eu estava neste mesmo hotel, mas Baudelaire era o presidente do Brasil.
- Deve ter sido um sonho muito louco. - Diz Vidigal.
- Você não sonhou Jamil, você experimentou uma coisa que ninguém conheceu até hoje.
- Sabe o que aconteceu, Guaianazes?
- Sei. Você visitou uma dimensão paralela.
- Você disse que nunca tinha visto aquele vórtice. - Diz Vidigal.
- E não vi, Vidigal, quem talvez tenha visto é o professor X.
- E este agora, quem é?
- Ele inventou o dispositivo.
- Então este radinho de pilha que estávamos procurando abre portais para dimensões paralelas.
- Grosso modo, sim, mas não exatamente desta forma, há pontos no nosso mundo em que a rede de proteção entre os mundos é muito fina, por uma incrível coincidência este hotel era um destes pontos.
- Meu Deus será que o Baudelaire tem idéia do que ele está carregando consigo.
- Dificilmente acho que apesar de ameaçar usá-lo. ele apenas está tentando vendê-lo, mas sem saber do que se trata ele terá dificuldades de vendê-lo.
- Mas você há de convir comigo que alguém vai acabar reconhecendo este dispositivo. E então por onde começamos?
Nesse instante:
- Senhor Baudelaire, tem um senhor aí querendo falar com você.
- Ele se identificou?
- Sim, ele se chama Milton Hofstedner.
- Eu o conheço?
- Acho que não, mas ele diz que tem uma proposta para um dispositivo que só o senhor pode fornecer.
- Entendo, mande-o entrar.
Depois:
- Senhor Milton.
- Senhor Baudelaire.
Cumprimentam-se:
- Vamos direto ao assunto senhor Milton, veio me oferecer uma proposta pelo dispositivo?
- Sim, o meu país está muito interessado neste dispositivo.
- Qual é mesmo o seu país?
- Áustria.
- Áustria, puxa, não imaginei que fosse receber uma proposta de lá. E de quanto estamos falando senhor Milton.
- Se o dispositivo fizer o que acho que ele faz, estamos dispostos a pagar 150 milhões de dólares.
O queixo de Baudelaire cai, balbucia algumas palavras incompreensíveis:
- Senhor Baudelaire acho que ainda não sabe o que isto faz, não é mesmo?
Ele só meneia a cabeça:
- Senhor Baudelaire, isto abre portais para dimensões paralelas, acredito que quando o roubou não imaginou que isto poderia acontecer, somente por esta razão a minha proposta é única e se você não aceitar , terei que matá-lo, o senhor tem 4 horas para se decidir, foi bom conhecê-lo senhor Baudelaire, voltarei em 4 horas.
Continua

segunda-feira, novembro 09, 2009

Hércules 2009 III

- Bem, senhoras e senhores, Caetano Veloso.
Começa ao fundo os primeiros acordes da música “Eclipse Oculto” a qual, novamente, recomendo que o leitor ponha a tocar em seu rádio, clipe de TV, LP, CD, DVD, ou seja, qual mídia for, serve até Youtube, mas no decorrer da canção imagine que Maria Rita entra no palco e começa a entoar a segunda estrofe da canção numa performance, até então, nunca vista na TV Brasileira, nem mesmo na TV Âmbar. Após o espetáculo, Caetano:
- Senhoras e senhores, Maria Rita. Ao contrário do que possam pensar, eu também estou surpreso com a chegada desta moça, mantiveram o segredo até o fim e assim conseguiram realizar esta obra-prima da música popular brasileira, por óbvio, que me refiro à grande contribuição acústica da voz da nossa Maria Rita.
Diante desta apresentação e saudação o teatro enche-se novamente de palmas e após alguns minutos Caetano diz:
- Estamos aqui para anunciar o destaque do ano de 2009, quer ter a honra Maria Rita.
- Claro Caetano. Quero aproveitar para agradecer o carinho da platéia e a verdadeira demonstração de admiração do meu ídolo na MPB - abre um grande sorriso e é retribuída por Caetano - e os indicados para Destaque do ano são:
A câmara é voltada para o painel e aparece o narrador dizendo:
Destaque do ano
Diego Hipólito - (aparece as imagens das medalhas arrebanhadas pela ginasta durante o ano)
Site Brasil Cultura - (aparece a imagem do site e todas as possibilidades de conhecer o que há de melhor na cultura brasileira).
A ONG Vitae Civilis - (cujo objetivo é a busca de sociedades sustentáveis em todas as suas dimensões).
A carne em pó inventada pelos pesquisadores da USP - (aparece uma reportagem a respeito, feita pelo jornal da emissora)
O técnico da Seleção Brasileira Dunga - (venceu adversários, críticos e desconfiados, aparecem as conquista principalmente da Copa das Confederações e da vaga para a Copa do Mundo).

Volta à cena a Maria Rita que está um pouco nervosa afinal é uma de suas primeiras entregas de prêmio:
- E o Hércules vai para...
Caetano diz:
- ... Diego Hipólito.
O narrador fala sobre o vencedor:
- Diego Hipólito é o maior ginasta que este país já teve, com várias conquistas de medalhas nos últimos tempos e patrocínios escassos é o maior exemplo de que brasileiro não desiste nunca, apesar de não ter vencido a Olimpíada ainda é reverenciado no mundo como um dos atletas mais completos da ginástica olímpica.
Diego recebe o troféu com lágrimas nos olhos abraça demoradamente Maria Rita, recebe cumprimentos de Caetano e diz:
- Este prêmio foi tão inesperado, ele representa para mim o mesmo que uma medalha; não quero repetir o discurso que é difícil praticar esportes no Brasil, pois todos já estão carecas de saber, eu mesmo já estou ficando. - neste momento a platéia dá uma gargalhada - Correndo o risco de ser repetitivo, digo que este troféu não é só meu, dedico ele a todo o povo brasileiro, a todo o trabalhador que consegue chegar ao final do mês com o seu salário escasso, este troféu é para todos vocês, muito obrigado.

Leopoldo Húracan reassume o microfone e acompanha com olhos Diego Hipólito e diz:
- Este garoto vale ouro. Muito bem, agora eu estou recebendo aqui no meu ponto eletrônico uma ordem, eles acham que eu devo contar uma piada para vocês, para que possam relaxar, então como obedece quem tem juízo, devo fazer o que me mandam, mas antes devo dizer que se vocês não tiverem vontade de rir, vocês riam para que não tenhamos que cobrar um pedágio de quem não riu, os nossos seguranças vão assegurar que o pagamento seja efetuado vocês querendo ou não. - nisto ele aponta para as saídas do teatro onde estão posicionadas alguns homens robustos contratados para segurança do evento, e o pessoal cai na gargalhada com a proposta sem sentido de Leopoldo Húracan - Então, dois homens estavam caminhando numa estrada, um deles tinha problema com a memória recente, aí um disse para o outro “quem é você?” o outro respondeu “Cara, eu acabei de tirar você de um carro em chamas.” O outro diz: “É mesmo? Nossa e eu crente que este meu bronzeado era natural.”
Como o pessoal riu a vontade, Leopoldo veio com esta:
- Pessoal, pode liberar a passagem ninguém, vai pagar pedágio hoje e agora o próximo prêmio com o nosso querido e amado Edson Arantes do Nascimento.
O holofote acompanha o maior jogador de futebol de todos os tempos, ainda hoje ninguém foi capaz de realizar dribles tão perfeitos e com tamanha facilidade quanto os que Pelé fazia:
- Obrigado, pela recepção, eu que sempre assisti a este prêmio de casa, sempre imaginei, um dia estar aqui no Kasputin Yar para entregar um Hércules a alguém; então mais um dos meus muitos sonhos foi realizado e agora com vocês os indicados de revelação do ano:
Painel.
Revelação do Ano:
Quinta Categoria (MTV) - (aparece no telão o “jogo da mentira” no qual um dos integrantes assiste a performance dos outros três e quando não gosta do rumo da história grita “mentira” tornando toda a representação uma grande piada)
Revista RPC - (aparece os novos quadros do programa que com histórias curtas e divertidas dão um certo ar de folclore ao programa produzido no estado do Paraná)
Rubens Barrichello – (por incrível que pareça, Rubens Barrichello, foi uma grande revelação, não só por ele, mas por sua equipe ser nova e conquistar o título da fórmula um e ele que estava desempregado o ano passado venceu corridas, deu show nos treinos e ainda conseguiu o 3º lugar no mundial; a cena é da vitória dele na corrida de Monza na Itália).
A cena volta para Pelé:
- E o Hércules vai para... - abre o envelope e aponta para Marcos Mion - ...Quinta Categoria da MTV.
O narrador comenta:
- Marcos Mion que está longe de ser um menino, com a sua vasta experiência juntou-se aos “Barbichas” e criou um programa de humor e criatividade fora de série devo dizer que merecem o Hércules deste ano.
Mion como sempre faz um carnaval comemorando com o punho erguido, dá um salto e um soco no ar, como costumava fazer o rei Pelé quando comemorava os seus gols, dá um abraço no rei recebe a estatueta e diz:
- Sabe pessoal, eu não sei realmente qual é a maior honra, se a de ganhar um prêmio desta importância ou recebê-lo de alguém que marcou a história de nosso país no futebol, Pelé ainda hoje é um dos maiores embaixadores do Brasil no mundo palmas para o Pelé – Pelé agradece, faz uma reverência e devolve a palavra ao vencedor - Eu estou muito emocionado, infelizmente os “barbichas” não puderam vir, tinham compromissos agendados há muito tempo, por isto eu os estou representando, mas tenho certeza que estão orgulhosos pelo reconhecimento do trabalho deles, assim como eu estou, certamente não imaginávamos que iria dar tão certo o show, agradeço a organização do Hércules, por esta festa maravilhosa que fazem todos os anos e espero que este prêmio permaneça reconhecendo quem trabalha por um Brasil melhor, obrigado a todos.

Leopoldo Húracan aparece pelo outro lado do palco e diz:
- Meus amigos, estamos encerrando mais uma cerimônia do Hércules, quero agradecer a todos vocês, ao pessoal dos bastidores, a organização do prêmio, a todos os participantes, aos vencedores, aos convidados e vamos encerrar esta noite com quem a iniciou, Roberto Carlos
E como não poderia deixar de ser, Roberto canta a música “O Show Já Terminou” a qual, acho que não precisa mais recomendar ao leitor que a escute para dar o clima, afinal, foi uma noite muita intensa e nada melhor que uma música relaxar e encerrar a narrativa.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Hércules 2009 II

Efusivos aplausos da platéia para o cantor e compositor Gilberto Gil:
- Obrigados senhores, para mim é uma grande honra estar presente aqui diante de meus compatriotas para apresentar um prêmio que tem toda uma simbologia de força, de galhardia, de empatia e, porque não, de sabedoria, pois ao ser contemplado com este prêmio o vencedor ultrapassa uma etapa de pura inspiração para a linha de chegada do trabalho árduo. Então sem mais delongas vamos aos indicados na categoria melhor Música Brasileira do Ano.

O narrador Diz
Melhor Música Brasileira do Ano: (as músicas candidatas aparecem com seus respectivos clipes)

Te namoro sim – Flávio Brasil
Espero a minha Vez – NX Zero
Outra vez – Ritchie
Me encontra – Charlie Brown Jr.
Quero Descer – Raquel Mello e Nani Azevedo.

Volta-se a câmara para Gilberto Gil:
- Depois desta sensacional apresentação de boa música brasileira vamos ao vencedor; e o Hércules vai para... - Abre o envelope demonstra surpresa - Outra vez – Ritchie.

O narrador diz:
- Richard David Court nascido em Beckenham, no condado de Kent, no Sul da Inglaterra, teve uma carreira de sucesso principalmente nos anos 80, com sucessos como: Menina Veneno e Casanova; ele já havia ganhado o troféu imprensa em 1984, mas é a sua primeira vez no Hércules.

Ritchie abre um sorriso muito largo cumprimenta com muita alegria Gilberto Gil que lhe dá um beijo no rosto e diz alguma coisa que os microfones não pegam em seu ouvido e depois entrega o troféu ao vencedor:
- Obrigado, senhoras e senhores, eu sinceramente estou muito surpreso por ter ganho este troféu, tanto que não havia preparado nenhum discurso, mas quero agradecer a comissão organizadora, ao povo brasileiro que me colocou entre os cinco mais e também ao júri por ter me escolhido, eu sempre gostei muito do Brasil, uma vez cheguei a ir embora, mas não aguentei as saudades, eu amo muito vocês e mais uma vez agradeço.
A assessora de palco leva Ritchie pela mão ao local das fotos dos vencedores.

Acende-se um holofote e entre névoas de gelo seco aparece Leopoldo Huracán caracterizado de cowboy:
- Os filmes brasileiros tem tido uma safra de excepcionais diretores, roteirista e também atores, por isto estou aqui vestido de boiadeiro para homenagear a nosso próximo prêmio do Hércules 2009 e para a entrega do Prêmio Arnaldo Jabor.

Muitas palmas depois, Arnaldo aparece e diz:

- Eu que sempre lutei por um prêmio do cinema brasileiro, até havia sugerido um Glauber em homenagem ao grande Glauber Rocha, me sinto muito feliz por apresentar um dos prêmios do Hércules 2009; agora para vocês os indicados à melhor filme brasileiro de 2009.

O Narrador diz:
- Melhor filme brasileiro de 2009

- Menino da porteira - Jeremias Moreira (aparece a cena de Daniel carregando o menino em seu cavalo e outras cenas do filme).
- Juventude - Domingos Oliveira (Cenas da casa de David e sua reunião com os amigos)
- Tempos de Paz – Daniel Filho (a cena humilhante de Vargas com o suspeito nazista fugitivo.)
- Se eu fosse você 2 – Daniel Filho (a hilária cena do futebol na qual Tony Ramos está com problemas de adaptação por estar no corpo errado, devia estar num corpo feminino, mas está num masculino)
- A mulher invisível – Cláudio Torres (a cena é a de Selton Melo abraçado com o nada tentando comprar ingressos no cinema para a sua companheira invisível).

A cena retorna à Arnaldo que manuseia o envelope aproxima-se do microfone e diz:
- E o Hércules vai para... – abre o envelope e diz – Se fosse você 2 – Daniel Filho.
Daniel Filho pula da cadeira abraça-se a Tony Ramos e a Glória Pires e todos se beijam com muita alegria.

O narrador diz:
- José Carlos Daniel é ator, diretor, produtor de cinema e TV, já havia sido indicado em 5 oportunidades, mas já está desfeita a injustiça, Daniel filho vai levar o Hércules para casa.
Jabor dá um abraço em Daniel entrega-lhe a estatueta e oferece-lhe o microfone:
- Pessoal eu estou muito emocionado, já tinha passado várias vezes por este momento sempre com a derrota, mas desta vez eu tinha certeza de que venceria; este prêmio não é o resultado só do meu trabalho, é também o resultado de uma equipe maravilhosa de atores, de excepcionais roteiristas como: a Adriana Falcão, o Euclydes Marinho, o Renê Belmonte; quero agradecer também a todos que compraram a idéia, que acreditaram neste projeto grandioso premiado com esta estatueta, obrigado Brasil.

Entra uma música de fundo enquanto Daniel Filho deixa o palco. Leopoldo Huracán reassume seu papel de cicerone:
- E vamos aos nossos comerciais, voltamos em 5 minutos com mais Hércules 2009, na Rede Âmbar de Comunicação.
Após o Intervalo:
- Voltamos com uma das maiores premiações da televisão brasileira o Hércules 2009. Meus Senhores, dizem que Hércules realizou 12 trabalhos, por ter assassinado a sua esposa e buscando o perdão dos deuses sacrificou-se muito para conseguir vencer imbatíveis monstros ou realizar tarefas completamente impossíveis, o nosso próximo contemplado, digo isto porque ele não disputará com ninguém a sua estatueta, receberá um troféu de reconhecimento por serviços prestados à TV, ao cinema, ao teatro, pela sua inteligência, sagacidade, capacidade interpretação, criatividade, uma mente inventiva em constante expansão, pode muito bem ser comparado a um Hércules dos tempos modernos, com vocês Miguel Falabella, o convidado entra é cumprimentado por Leopoldo Huracán:
- Leopoldo Huracán é a primeira vez que tenho o privilégio de conhecê-lo.
- Eu sim é que devo dizer estas palavras, estou diante de um ídolo amado por todos os segmentos da imprensa, entrego-lhe com muita satisfação este troféu de reconhecimento pelos serviços prestados a cultura deste país.
- Devo dizer que também me sinto honrado pela lembrança, já fui indicado por diversas vezes, já ganhei alguns Hércules, principalmente no início da premiação, mas este troféu é especial porque refere-se ao conjunto da obra, hoje olho para trás e nem acredito nas minhas realizações, acho que houve um toque divino nesta minha carreira, agradeço a todos os que me ajudaram lá atrás no início da minha carreira.
Miguel ergue o troféu e faz uma reverência ao público e o teatro todo se levanta e o aplaude em pé.
Leopoldo Huracán ainda em êxtase chama o próximo prêmio.

Continua.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Hércules 2009

O gerador de caracteres registra:
A TV ÂMBAR TEM O ORGULHO DE APRESENTAR:



HÉRCULES 2009


APRESENTAÇÃO:


LEOPOLDO HURACÁN

O narrador diz:
- E agora direto do teatro Sergey Kasputin Yar, Hércules 2009, Apresentação; Leopoldo Huracán.
Leopoldo chega com um terno verde, gravata azul, sapatos com brilho tamanho que parecem espelhos:
- Exatamente as 22h:20 min. inicia-se a premiação mais esperada do ano: o Hércules 2009.

Depois da apresentação aparece na tela grande uma estátua em miniatura do prêmio que se parece com um homem muito musculoso com os braços abertos sobre um pedestal, este homem segura em uma das mãos o que parece ser um pergaminho:

- Este é o Hércules 2009, para quem não sabe a estátua do Hércules foi idealizada pelo senhor Jurandir Pedroso Albuquerque fundador desta emissora a 50 anos atrás, demorou algum tempo para o prêmio se tornar famoso, mas finalmente chegamos a este patamar, os pergaminhos segurados pelo poderoso Hércules, tratam-se do regulamento da entrega do prêmio, segundo Jurandir, "Em tão boas mãos, não teria como haver fraude". Tudo esclarecido vamos direto para a apresentação do primeiro prêmio da noite, como tradicionalmente é feito quem canta a primeira canção da noite apresenta o prêmio e com vocês o primeiro e único Rei da música popular brasileira "Roberto Carlos".
"Se o leitor se sentir a vontade pode colocar a música 'Emoções' para tocar em seu player para entrar no clima do prêmio. Pode escutá-la até o fim se quiser, não tenha pressa."

Após a apresentação Roberto Carlos agradece ao público que praticamente não o deixa falar:
- Quero agradecer de coração ao povo brasileiro, principalmente aos telespectadores da TV Âmbar, há muitos anos que tenho querido participar da premiação do Hércules, felizmente este ano a rede com a qual tenho contrato me liberou para a apresentação e com vocês os indicados a Melhor político do ano:

O narrador diz:
Melhor Político do Ano:

Aécio Neves - Governador de Minas Gerais - (A cena é a do hospital da Baleia onde Aécio é homenageado com a Comenda Benjamim Guimarães)

Beto Richa - Prefeito de Curitiba - (A cena é a de Beto Richa enfrentando um ônibus lotado, no tão decantado dia sem carro, se encaminhado a prefeitura para o trabalho.)

Presidente Luis Inácio Lula da Silva. (A cena é a de Copenhage na Dinamarca onde o Rio de Janeiro foi escolhido como sede das Olímpiadas de 2016, Lula fez tanta festa que parecia estar num churrasco em sua casa).

Três quadrados com os rostos dos políticos estão abertos na tela com Roberto Carlos ao fundo dizendo:
- E o Hércules vai para... - abre o envelope e diz - ...Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A voz do narrador aparece ao fundo:
- O presidente Lula já ganhou várias homenagens fora do país, mas é a primeira vez que consegue ser homenageado pelo Brasil, ele já havia sido indicado em 1989 e em 2002, mas este ano era barbada por ter trazido as olimpíadas e a Copa do Mundo para o Brasil.

Lula fica muito emocionado, esta quase sem palavras, mas como todo bom político já tem seu discurso preparado:
- Quero agradecer primeiro a comissão de organização do Hércules, ao povo brasileiro, ao Roberto Carlos aqui presente, é um privilégio receber um prêmio direto das mãos do rei, mas este prêmio significa muito para mim, porque é o reconhecimento do povo brasileiro ao meu trabalho que, longe do que possam imaginar, é muito difícil; desta vez não vou me alongar em discursos, mas quero agradecer principalmente a minha família, ao povo de Garanhuns e a minha esposa Marisa que sempre me deram força. Obrigado a todos.

O presidente Lula é encaminhado ao outro salão para a entrevista dos vencedores que depois frequentarão as revistas e periódicos do dia seguinte; e volta Leopoldo Huracán para continuar com os trabalhos do Hércules 2009:

- Gente, é muito bom quando as pessoas são reconhecidas pelos seus respectivos trabalhos eu torci pelo Lula nas oportunidades anteriores, infelizmente ele não saiu vitorioso, mas desta vez deu tudo certo e agora para apresentar o prêmio de melhor música do ano o Ex-Ministro da Cultura, aplausos para Gilberto Gil.

Continua

terça-feira, setembro 22, 2009

Conselhos de Um Condenado a Morte

Às vezes custo a acreditar que, aquele dia em que estive no Dr. Fabrício, mudaria tanto a minha vida:
- Então, Dr. ? Boas notícias?
- Nem tanto, Seo Eufrásio.
- Me diga, o meu problema é muito grave?
- Temo que sim, Seo Eufrásio, O senhor tem um câncer terminal, ele já está metastizado e infelizmente não há nada que possamos fazer.
- Mas nem um remédio, uma operação?
- Não, Seo Eufrásio, qualquer ato nosso pode abreviar a sua curta vida.
- Curta vida, de quanto tempo estamos falando?
- Difícil dizer, seis meses, um ano, depende de como reage o organismo. Eu já vi muitos milagres nesta vida, Seo Eufrásio, mas não posso contrariar a ciência, o senhor tem poucas chances de chegar ao Natal deste ano.
- Obrigado pela sinceridade Doutor.
- Eu sinto muito, não gosto de dar más notícias a pessoas boas.
Naquela manhã perdi o meu centro, não sabia o que fazer, como contar as pessoas sobre o meu estado, então, depois de sentir muito pena de mim mesmo, resolvi que não contaria a ninguém e que passaria por isto sozinho, mas o que se faz quando se está condenado a morte? Viver a vida intensamente. Poucos sabem realmente o que isto. Para alguns é viajar, para outros transar o máximo possível, mas para mim viver intensamente é fazer as pessoas felizes, por isto o meu primeiro ato foi o de pedir a minha aposentadoria baseado no diagnóstico do doutor eu teria direito e depois fui me dedicar aos mais jovens, aos sem instrução, aos desiludidos, pessoas que me ajudariam a lidar com a minha sentença de morte. Fundei uma ONG para isto. Encontrei uma jovem que estava grávida com apenas doze anos de idade, não sabia nem assinar o nome, tentei mostrar a ela que a vida seria melhor depois do nascimento do filho dela, com certeza ela teria muito mais forças e motivos para viver, pois, caso contrário, seu filho poderia sofrer; a muito custo consegui lhe arrumar uma ocupação e por mais incrível que possa parecer ela até se matriculou em uma escola para aprender o abecedário. Foi apenas uma pessoa, mas, para ela, eu fiz toda a diferença. Me perguntei, porque nunca havia feito isto por ninguém? Por que sequer teria passado pela minha cabeça que as pessoas sofrem todos os dias, sem comida, instrução, cidadania ou até vontade de viver. Não obtive resposta, mas o meu psicólogo sim; apesar de ser uma frase feita, é a pura verdade. "Só aprendemos a nadar, quando água bate na bunda." Quer dizer, só enxergamos a verdadeira necessidade dos outros, quando sentimos na pele as nossas próprias deficiências ou incapacidades, no meu caso, a proximidade do fim. Encontrei também um advogado, bem sucedido, com muito dinheiro e infeliz. O dinheiro não pode comprar tudo. Ele não entendia como podia ser tão bem sucedido, respeitado e sempre se sentir sozinho. Ora nem sempre se sabe o que se passa na cabeça do ser humano. Às vezes o dinheiro não é tudo. Perguntei quantos pessoas ele havia realmente ajudado depois de ter tido toda esta fartura. A resposta estava pronta; tenho muitos chupins a quem sustentar. Ele parecia não ter entendido a pergunta.
Expliquei a ele que a ajuda nem sempre é com dinheiro, em muitas ocasiões, um sorriso, uma conversa, um presente ou até uma presença valem mais do que um milhão de reais. O advogado demorou para entender e até achei que ele jamais entenderia, até que sofreu um acidente e recebeu uma visita de sua filha que há muito não via; assim compreendeu que o dinheiro tem a sua função, mas o que realmente importa são as pessoas. Eu vivi por mais de 8 anos, bem mais do que o Dr. Fabrício havia predito, mas hoje sei que estou no fim dos meus dias e agradeço a Deus por esta doença ter me despertado para a vida e deixo a vida com a sensação do dever cumprido.

O Seo Eufrásio morreu no dia 15 de abril de 1992 às 18:31, havia mil pessoas cercando o hospital querendo vê-lo, até a polícia militar foi acionada para evitar tumultos.

sexta-feira, setembro 11, 2009

O Livro da Vida - Pág. 67

Naquele tarde estávamos passeando pelo parque e notamos a presença de um corredor, em que pese o assunto ser outro, não pudemos deixar de notar o seu cansaço, o suor às bicas e os olhos de tigre, imediatamente encerramos o assunto e começamos a nos perguntar: será que nós conseguimos agir desta forma em todas as provações da nossa vida? Diante da resposta negativa, nos perguntamos como poderíamos mudar esta atitude, então resolvemos parar o corredor para perguntar qual o objetivo deste, ao que nos pareceu, longo e penoso esforço físico; ele nos disse:
- Até o ano passado, eu não podia andar, mas conheci o Doutor Gilberto e ele acreditou em mim mais do que eu mesmo, me receitou algumas fisioterapias e um tratamento psicológico com ele mesmo, meses depois eu já movia o hálux e dias depois já conseguia caminhar e hoje meu único objetivo é não voltar a minha vida de inatividade anterior.
Depois disso continuou, sem o menor desejo de parar para descansar, a sua maratona de vida. Algumas lições se aprende no parque, outras em almoços e outras ainda apenas saindo de casa.
Devemos ter olhos abertos, ouvidos atentos, pois, por muitas vezes, os grandes homens e mulheres passam despercebidos por nós como meros transeuntes .

quinta-feira, setembro 03, 2009

Em busca do pé de coelho IV

- Senhor Gustave Baudelaire, por gentileza.
- A quem devo anunciar?
- Diga que é o advogado dele, preciso conversar com ele sobre uma intimação.
Logo:
- O meu advogado? Intimação? Mas eu não estou sabendo de nada? Humm, diga para ele esperar no hall do hotel que eu estou descendo.
- Ótimo.- Desliga o telefone e dirigi-se a Jamil - Senhor, por favor, o senhor Baudelaire pediu para que o esperasse no hall do hotel que ele já está descendo.
- Obrigado farei isto.
Depois:
- Jamil.
- Baudelaire. - Assente com a cabeça.
- Essa do advogado é nova, em?
- Como me reconheceu?
- Sei tudo sobre você. Sou um ex-agente, conheço todos os meus possíveis inimigos.
- Então sem mais delongas, onde está a nuvem de prata?
- Bem, vejo que também fez o seu trabalho de casa, antes de lhe dar esta informação devo perguntar, o que eu vou ganhar se lhe der esta informação?
- Bom, para começar, vai ver o dia nascer novamente, quanto ao dinheiro vai ter que falar com o Guaianazes, eu não sou muito bom economista.
- Não me parece um acordo muito bom, por isto, devo dizer que o tempo está esgotado, foi um grande prazer conhecê-lo.
Gustave anda calmamente até a porta giratória do hotel e quando a atravessa surge uma nuvem prateada vindo do elevador, esta nuvem começa a piscar como se tivesse uma eletricidade vindo de dentro dela a nuvem toma conta de todo o hotel e se dissipa logo após. Jamil pega o celular e tenta ligar para Vidigal, Uma voz um tanto diferente lhe atende:
- Alô.
- Vidigal, eu consegui conversar com o Baudelaire, ele realmente está com o pé-de-coelho ele acabou de sair do hotel.
- Quem está falando?
- É o Jamil, Vidigal, não me reconhece?
- Jamil não conheço nenhum Jamil, O Baudelaire ao qual se refere é Gustave Baudelaire?
- Sim.
- O Presidente da República?
- Vidigal, que droga você anda tomando?
Neste momento a TV diz em alto e bom som:
"E agora com vocês o pronunciamento do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Gustave Baudelaire:"
"- Povo Brasileiro é com grande pesar que informo os aumentos das tarifas públicas, quero explicar detalhe por detalhe o porquê desta minha atitude..."
Minha Nossa, o que será que aquela fumaça preta fez com a minha cabeça, eu só posso estar sonhando...
Vidigal tenta ligar para Jamil, mas o telefone só dá fora de área, ele resolve se dirigir ao hotel onde Gustave estaria hospedado, para a surpresa de Vidigal, o hotel não está mas onde deveria estar; um grande buraco coberto com uma energia branca em forma de vórtice havia tomado o seu lugar .


Continua

quarta-feira, agosto 26, 2009

Talento

"Este crioulo acaba de bater o recorde mundial dos 100 metros rasos" Frase do professor de Educação Física de Jesse Owens, na oportunidade Jesse corria de terno e sapatos.

A oportunidade havia surgido. Guimarães era conhecido como o "Cérebro das Máquinas" sempre sendo a referência dos colegas de faculdade, algumas vezes até ensinando os professores dúvidas sobre informática. A empresa de carros Flecha Vermelha precisava de um novo sistema para operações das máquinas que construía seus automóveis. Ficaram sabendo da existência de Guimarães que infelizmente era menor de 21 anos, por isto não podia ser contratado imediatamente, então Silas apareceu para conversar com Felix o pai de Guimarães:
- Senhor Guimarães...
- Pode me chamar de Felix.
- Senhor Felix, eu tenho aqui uma proposta de emprego para o seu filho, queremos que ele assuma o projeto de construção de protótipos, ouvimos muito falar da sua criativa e competência, por isto queremos, por assim dizer, comprar o seu passe.
- E de quanto estamos falando senhor Silas?
- Estamos de falando de uma cifra em dólar em torno de 225 mil mensais, mais bônus e participação nos lucros, então gostaríamos que o senhor analisasse a proposta e nos desse um retorno em no máximo 10 dias.
- Eu entrarei em contato senhor Silas.
Como não poderia deixar de ser, apesar de toda a capacidade já citada de Guimarães, ele era totalmente irresponsável, algumas vezes ficava dias sem aparecer em casa e para desespero do senhor Felix, esta ocasião foi uma das quais o mesmo desapareceu, não podendo falar com o seu filho, nem mesmo por celular, conversou com a sua esposa e resolveu aceitar a proposta da empresa, o grande problema seria fazer Guimarães cumprir este contrato. Tudo acertado Félix foi bem claro com Silas:
- Senhor Silas, quero deixar uma coisa clara, infelizmente nosso menino não tem a responsabilidade que se espera de uma pessoa da sua idade, diante disto digo de antemão que os senhores terão problemas com ele.
- Senhor Félix, lidamos com pessoas deste tipo o tempo todo, sabemos o que fazer para que ele crie responsabilidade.
Após algumas semanas ainda sem notícias do filho o telefone tocou:
- Oi pai.
- Menino de Deus, onde você se enfiou, veio uns caras aqui para te contratarem, assinei o contrato por você, mas fiquei com a cara no chão porque você não apareceu para analisar a proposta deles.
- Pai, obrigado por ter feito isto, já estou aqui na empresa desenvolvendo o projeto do Cérberus 100, graças ao senhor tenho um direcionamento na vida.
- Você não me perca este emprego menino, senão eu mesmo vou atrás de você para te encher de porrada, em.
- Pai, não se preocupe, agora vou levar isto a sério.
Alguns anos antes:
- Ih nosso carrinho quebrou de novo.
- Porque você não leva para o Guimarães ele arruma para você.
- Mas será que é muito caro?
- Ele não cobra nada, é só ir lá brincar com ele e seu carrinho vai estar novo em folha.
Logo depois:
- Dona Fátima, o Guimarães pode vir brincar.
- Claro. Guimarães - ela solta o grito.
- Oi mãe.
- Seu amiguinho veio brincar com você.
- Então vou brincar, mãe.
- Tá bom.
- Oi Teobaldo, vamos lá.
- Oi Guimarães, eu soube que você conserta carrinhos.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Administração do tempo

Este é um problema difícil de equacionar. Primeiro de tudo é importante saber: o dia só tem 24 horas, não se estica além disso. Aceite isso, não é apenas um dogma, é fato. Diante disto devemos obter uma linha de prioridades. O que é mais importante? O que eu gosto de fazer? O que é minha obrigação fazer? Onde devo gastar o meu tempo? Para responder estas questões somente você, leitor, poderá definir através do seu senso de prioridade o que é mais importante. Posso dar um direcionamento. Um pequeno exercício: Será que devo trabalhar ou devo me divertir? Se você conseguir unir as duas coisas melhor para você, mas, via de regra, não assim, então a sequência lógica é "devo trabalhar para que eu possa me divertir", ou seja, sem trabalho não há dinheiro, sem dinheiro não há diversão. É necessário ter tempo para tudo, mas principalmente para as necessidades básicas, não dá para não dormir, não dá para deixar de comer ou deixar para lá as coisas comuns do dia-a-dia, como a higiene pessoal.

É imprescindível arrumar tempo para as pessoas, por quê? É muito simples, se você não tiver tempo para elas, elas não terão tempo para você e a situação não poderá ser remediada com presentes, pois nada substitui a conversa, a relação humana, o sorriso, o carinho e tudo o que ser humano pode dar ao se fazer presente diante de uma pessoa querida. Se você priorizar o trabalho, talvez resolva uma única coisa na sua vida: a falta de dinheiro, digo talvez porque por muitas vezes, nem o fato de trabalhar bastante faz com que a pessoa tenha muito dinheiro. Se você der prioridade ao ócio, com certeza lhe faltarão dinheiro e confiança das pessoas no que se refere à responsabilidade. Tudo o que foi dito acima pode ser feito em um único dia, basta um pouco de organização, responsabilidade e tolerância. Esta última é uma das qualidades mais importantes de quem quer administrar muito bem o seu tempo. Estamos vivendo uma época de extrema intolerância: religiosa, étnica, de opinião e principalmente de convivência, ninguém mais tem tempo para ninguém, nem para os amigos, nem para as esposas e esposos, nem para os pais, nem para os filhos e após perderem muito tempo de suas vidas, percebem, tarde demais, muitas vezes após a morte de seus entes queridos, que poderiam ter gasto melhor o seu tempo convivendo com os seus.

Vale a regra do essencial, importante e ocasional. Essencial: é o que não pode ser deixado de lado, pois as consequências imediatas podem lhe trazer sérios problemas. Importantes: são coisas que devem ser feitas, mas não são tão urgentes, mas não devem ser esquecidas. Ocasionais: são coisas que podemos fazer mas se não fizermos não haverá consequências tão grandiosas. Para dar bons exemplos: É essencial que você trabalhe; É importante que você tire férias; comer num restaurante caro é ocasional. Se você não inverter estes valores com certeza estará administrando bem o seu tempo. Voltarei a falar no assunto mais tarde.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Arquétipos

Todos temos nossos ídolos até os iconoclastas têm os seus, o que é mais importante ressaltar é que a admiração não deve ir além do senso comum. É normal que se admire celebridades, grandes políticos, pilotos, jogadores de futebol, cantores etc. Mas imaginar que são mais do que meros seres humanos é um raciocínio absurdo. Sabemos que há seres humanos diferenciados, citando exemplos clássicos: Jesus, Buda, Maomé, Gandhi e tantos outros como Madre Theresa. Mas por vezes vejo seres inferiores sendo endeusados, como Madona, Michael Jackson, Romário Vin diesel, Berlusconi e por aí vai. Não quero criar nenhuma briga com ninguém, mas são seres humanos comuns e a não ser que uma pessoa se destaque em várias áreas não merece ser chamado de diferenciado ou mesmo "deus" de determinada categoria, acho que a palavra correta deveria ser arquétipo que por definição é um modelo, alguém em quem você pode se mirar, talvez um patamar a ser atingido; então você admirar o Michael Jackson e se mirar nele para tornar-se um grande dancarino é correto, também pode admirá-lo pela plástica de seus movimentos, mas não que você não seja digno de sentar numa mesa de restaurante com ele, isto na época que ele estava vivo é claro. Pode-se admirar o Pelé que foi praticamente perfeito em termos de futebol e tentar através de seus ensinamentos chegar perto da sua genialidade, mas as vezes isto é estrapolado, deixa-se de fazer qualquer coisa para ver o ídolo, é necessário pesar numa balança imaginária o que é mais importante, a família, o emprego, os filhos, pagamento de contas, a sua religião, o seu sono, a sua fome, quanta coisa é mais importante do que estar presente para ver um ídolo, isto são sintomas psicológicos graves de abandonar tudo pela possibilidade de ver uma pessoa que nem sabe que você existe e correndo riscos desnecessários para satisfazer um prazer efêmero. Também tenho meus ídolos, mas sei muito bem que espaço ocupam na minha vida, apenas de exemplos, arquétipos e eventualmente, quando não estiver nada mais importante em jogo, posso me dar ao luxo de vê-los, ouvi-los e por que não admirá-los, como disse no outro texto, "os ídolos assim como o dinheiro são importantes, mas não devem ter toda a importância".

Em busca do pé de coelho III

- O que sabe sobre Gustave Baudelaire?
- Estou no escuro tanto quanto você, Jamil.
- Bem, então será mais difícil do que pensávamos.
- Talvez não, se você fosse um terrorista e quisesse causar um grande estrago aonde você iria?
- À capital do país é claro.
- Mas neste caso acho que ele foi para a capital do Estado.
- Assim seria mais fácil de passar despercebido; como deve saber a nossa capital tem mais de dois milhões de habitantes, é como achar uma agulha num palheiro.
- Pode ser, mas não deve ser muito difícil de encontrar um negro retinto falando com sotaque francês, isto chamaria a atenção até dos mendigos da cidade.
- Então use a sua mágica e me encontre em duas horas no centro da cidade.
- Claro, mas o que você vai fazer?

- Tenho que dar uns telefonemas, conheço caras que conhecem caras, isto talvez facilite o nosso trabalho.
Vidigal sai em busca de pistas, usa suas credenciais, magistralmente construídas a ponto de serem confundidas com as verdadeiras, e depois de perambular por quase toda a hotelaria da cidade encontra nada mais, nada menos que 10 Gustaves Baudelaires, nem todos com a mesma grafia, é claro, mas o suficiente para confundir; pensa consigo "Esses brasileiros são uns loucos, que mania de estrangeirismos até em nomes." Enquanto isto, Jamil "Coelho" Martins está tentando com seus contatos pistas sobre o paradeiro do senegalês:
- Gustave Baudelaire, este é o nome do senegalês, em quanto tempo você me dá uma respostas.
- 15 minutos.
- Ótimo te ligo em 15 minutos.
Uma grande confusão foi armada no hotel Decourt por Gustave Baudelaire, havia uma reserva para este nome, mas aparecerem dois homônimos e um deles se revoltou por não conseguir o quarto que havia reservado, mas depois de visualizar os dois brigões, Vidigal desistiu, nenhum deles era negro.
- Xerxes e aí? Conseguiu alguma coisa?
- Jamil, as coisas que você me faz fazer. Encontrei um Gustave Baudelaire com a descrição que você me deu, senegalês de nascimento, agente federal do governo Francês por 25 anos; desertou há 2 e nunca mais se soube dele, até a tarde de ontem, quando o nome dele apareceu como suspeito de um roubo de um dispositivo que foi apelidado de pé de coelho, por que o cientista se achou sortudo por inventar uma tecnologia improvável a nossa realidade, mas também é conhecido como nuvem de prata, este outro nome foi dado para evitar processos dos produtores de missão impossível.
- Você está lendo isto num registro? É que isto não parece sério.
- Sim e é muito sério; também não diz do que se trata; se é bomba, motor de carro, roda de bicicleta, parece que é segredo até para quem trabalhou lá dentro, somente quem fez é que sabe o que o dispositivo realmente faz.
- E como é o nome do gênio que bolou esta engenhoca?
- Virgílio Dante da Cruz.
- Este nome é bem complexo e histórico. Mas onde está o Gustave Baudelaire?

- Foi visto a última vez na Capital, mas não se sabe ao certo onde.
- Isto eu já sabia, se souber de algo mais me avise?
- Certo Jamil, tenho que desligar, minha mulher acabou de me ligar, acho que a minha sogra sofreu um acidente automobilístico e tenho que correr para o Hospital Jhivago.
- Certo, até logo Xerxes.
Na hora combinada:
- Esta praça é muito grande, devíamos ter determinado um ponto nela para nos encontrarmos.
- Como bom detetive, você não deveria ter dificuldades para achar uma pessoa.
- E não tenho; eis o nosso homem - Diz isto apontado para um negro de terno caminhando a frente deles.
- Puxa você é bom mesmo, em?
- Obrigado, mas tive que abordar muitos Baudelaires até achar o certo.
- Sabe onde ele está hospedado?
- No Roma Lux Hotel, quarto 702.
- Hoje ele vai receber uma visita inesperada.

Continua

terça-feira, agosto 04, 2009

É preciso coragem para mudar

A mudança só ocorre diante de determinados fatores: a pessoa precisa saber para onde vai, ou seja objetivo; a pessoa precisa ter o caminho, ou seja, o projeto; a pessoa precisa ter a oportunidade de ir; mas principalmente a pessoa precisa querer ir e para isto precisa de coragem.
Por mais que se haja reclamações a respeito das próprias vidas, infelizmente o último requisito mencionado é o que mais evita o crescimento, em qualquer que seja a área, da pessoa em si. Vejam só, quantas vezes nos deparamos com pessoas que reclamam da vida, da falta de oportunidade ou da sorte das outras pessoas em detrimento de sua vida pessoal. Mas ao consultarmos os motivos fatalmente encontraremos culpas próprias, muitas vezes ouve-se- "Eu preciso mudar! Eu preciso crescer, Eu preciso ganhar mais dinheiro", mas a bunda continua crescendo no sofá, enquanto não perde um capítulo da novela, ninguém quer se esforçar, ninguém mais quer trabalhar, ninguém mais quer estudar, ninguém mais quer mudar, esperam que as coisas aconteçam sem nenhum planejamento, sem nenhum objetivo e sem nenhuma coragem, a única coragem que estas pessoas tem é de falar mal dos outros ou de amaldiçoar a própria sorte por não ter as mesmas oportunidades que outros que trabalharam, planejaram e tiveram coragem para sair da situação adversa. Vamos dar exemplos para não ficar uma ideia difícil de captar:
- Um homem precisar aprender a jogar gamão, quais seriam os passos, 1º objetivo já sabe qual é: aprender a jogar gamão; caminho: procurar as regras, encontrar um tabuleiro e também um adversário; a oportunidade, pode ser num clube, na sua casa, na casa do amigo ou até mesmo num campeonato e o último transformar tudo isto em realidade, fazer sair do papel, da cabeça ou onde quer que tenha planejado, sem isto este homem jamais aprenderá jogar gamão e sempre vai ficar reclamando da sua má sorte em não conhecer este jogo. Ora, parece tão simples, mas alguns tratam a vida desta forma culpando a todos pelos seus infortúnios, menos a si próprio, pois ninguém tem coragem de dizer o quanto é preguiçoso para realizar determinadas tarefas. Vamos mais longe.
- Uma mulher pensa em abrir um negócio, uma confeitaria vamos supor: Objetivo: confeitaria; caminho: projeto, pesquisa de mercado, um sócio com capital, cursos ou conhecimento da área, preços de fornecedores e possíveis clientes, quantidade de empregados necessários e por aí vai; oportunidade: sede do estabelecimento que deve ser num local vendável, não adianta abrir uma confeitaria no meio da serra, um preço propício dentro do orçamento, um local com pouca ou nehuma concorrência, mas com potencial para vendas, o recebimento de uma grande quantia em dinheiro para investir e por último mas não menos importante: coragem, o quadro parece totalmente propício, mas será que não é melhor comprar um carro do ano ou comprar um casebre no subúrbio da cidade?
É muito mais fácil ter pena dos infelizes e incapazes que não conseguem acertar a sua vida, mas também é muito melhor saber quem realmente merece ser ajudado, quem luta até o último de sua existência para criar oportunidades e as aproveita, esses dá gosto ajudar. Aos preguiçosos "que acostumem-se a lama que os espera" Augusto dos Anjos.

segunda-feira, julho 20, 2009

Em busca do pé de coelho II

Vidigal tinha uma missão difícil e pouco tempo para terminá-la, mas o dinheiro valia a pena e afinal; como poderia ser difícil encontrar uma pessoa, já havia encontrado centenas, era apenas mais uma, mas não tinha pensado na possibilidade de ele estar muito longe e talvez ter problemas com transporte, afinal atraso é sobrenome do nosso país. Depois de muito fuçar com seus amigos policiais, molhar muitas mãos, procurar localidades nos mapas e também ficar a tarde e a noite quase toda sem comer, Vidigal conseguiu uma pista. Na cidade de Ortigueira, havia um sujeito que havia dado uma entrevista sobre uma antiga empresa na qual Jamil trabalhava. Vidigal partiu para Ortigueira com seu jato particular e pousou próximo a uma cachoeira em Telêmaco Borba, a fonte parecia segura eram duas da manhã quando Vidigal chegou a ao Hotel das Nações e perguntou:
- Aqui mora um sujeito chamado Jamil?
Neste mesmo dia, próximo das 10 horas da manhã, Guaianazes está despachando em sua sala na empresa Guaianazes e Associados, de repente ouve um burburinho que vira um estrondo, a sua porta se quebra e um corpo de homem cai exatamente sobre os papéis que estava assinando em sua mesa:
- Guaianazes, há quanto tempo?
- Tempo demais, Jamil.
- Trouxe um presente para você.
Guaianazes olha para o relógio eram 10 horas em ponto e diz:
- Obrigado pela consideração, não esquecerei, quando puder retribuirei a gentileza.
Fala ao pé do ouvido do sócio:
- Pegue este monte de estrume e pague-lhe os 200 mil, ele chegou no horário.
- Perfeitamente senhor.
Depois se dirigindo a Jamil:
- Onde você estava as pessoas não costumam usar portas?
- Claro, todas usam, apenas pensei numa maneira divertida de responder ao seu recado, eu mandarei consertá-la.
- Sempre cavalheiro.
- Espero que não tenha colocado este imbecil atrás de mim, apenas para relembrar minha pseudo-gentileza?
- É claro que não. Seu país corre perigo, Jamil, precisamos de você para encontrar um dispositivo eletrônico.
- Sei, ninguém no país inteiro é capaz de encontrar este radinho de pilha e você precisa me tirar da minha aposentadoria para que eu parta numa busca inócua.
- Porque você não ouve primeiro para depois dizer se aceita ou não a missão.
- Tudo bem, eu tenho tempo.
- Já ouviu falar do pé de coelho?
- Aquilo que o Etan Hunt buscava na Missão Impossível 3?
O sorriso iniciou-se nos lábios de Guaianazes, mas se fechou junto com uma expressão de descrença e com a mãos esquerda passando toda extensão de sua testa enorme continuou como se não tivesse ouvido o comentário:
- Este dispositivo foi roubado dos americanos, eles nos chamaram para resolver o caso, porque o sujeito está aqui no nosso país e está ameaçando usá-lo.
- Pode me dizer o que isto faz exatamente.
- Infelizmente não, só posso dizer, que muitos lamentariam se ele fosse usado.
- Tudo bem, ainda não sei onde me encaixo nesta história.
- Você se encaixa na medida em que tem uma experiência incrível de campo, ganhou várias medalhas em atuações pelo país como soldado da aeronáutica, sabe tudo sobre tática de combate e por fim, mas não menos importante o dispositivo está no nosso estado e como não temos muita informação eu prefiro imaginar que você não gostaria de saber que isto está por aí e pode ser usado a qualquer momento.
- Tudo bem, você me convenceu como é o nome do sujeito?
- Baudelaire. Gustave Baudelaire.
- Ele é francês?
-Não ele é do Senegal.
- Puxa um africano com nome francês que roubou uma americano e fugiu para o Brasil, esta globalização ainda será a ruína do mundo. Quanto tempo eu tenho?
- A partir de agora?
- Sim.
- 30, 36 horas.
- Guaianazes, eu preciso de só mais um favor seu para aceitar a missão.
- O que quiser Jamil.
- Traga aquele saco de estrume que esstava espalhado na sua mesa, acho que ele pode ser útil.
- Tá brincando?
Jamil levanta abre um sorriso e diz:
- Eu gosto do rapaz, o que posso dizer, eu me apego fácil às pessoas.


Continua

segunda-feira, julho 13, 2009

Dinheiro não traz felicidade!

Mesmo nos dias de hoje, em que as pessoas parecem felizes ao estar com uma quantidade invejável de dinheiro, ainda concordo com a velha máxima "dinheiro não traz felicidade". Mesmo porque, a partir do momento que você começa a ganhar dinheiro, suas responsabilidades aumentam em relação a sociedade; os olhos das pessoas vão crescendo; a inveja e a cobiça vão saltando aos olhos das pessoas ao seu redor. Explicando a questão da responsabilidade: uma vez que começa a lhe sobrar dinheiro, as pessoas que não tem condições sequer de comer poderiam ser ajudadas por vocês, mas ao contrário você não ajuda e aí se torna uma pessoa egoísta. Mesmo que não seja a sua índole, as pessoas começam a te taxar de egoísta, ao passo que se não tivesse dinheiro isto não aconteceria, com certeza você seria taxado de coitado. Alcunhas à parte, o fato é: dinheiro acima do necessário pode te trazer preocupações desnecessárias, tais como: onde guardá-lo? No banco, no colchão, em imóveis, em carros, em faculdades, etc. Muito diriam, eu saberia onde gastar o dinheiro, mas isto porque não têm, se tivessem estariam na mesma situação. Outro problema, devo ajudar ou não os meus familiares? Antes de responder esta pergunta é necessário ter bem claro. Por que eu consegui e ele não? Porque eu estudei e ele não? Porque eu batalhei e ele não? Se estas questões estiverem devidamente sanadas e não causarem nenhuma mágoa em você, com certeza você deve ajudar, às vezes foi uma questão de oportunidade e assim vendo o esforço de seu familiar você se sinta à vontade para ajudá-lo; por outro lado se ele for preguiçoso, mal agradecido e um sanguessuga, você também tem todo o direito de não ajudar, apesar de saber que sua atitude não será entendida e que talvez uma parte da família te afaste de seu convívio por uma decisão obviamente justa. Estas questões não existiriam se não houvesse dinheiro sobrando. Por incrível que pareça a falta de dinheiro desperta o melhor das pessoas e o dinheiro fácil desperta o pior. Então o que fazer? Não devo ganhar dinheiro? Sim é lógico que deve, a nossa vida é focada nisto, mas se você não estiver preparado para a avalanche de responsabilidades que advirão com o seu excesso, é melhor nem ganhá-lo, pois tudo na vida tem seu preço, inclusive o dinheiro.
A felicidade não está no dinheiro, está nos tesouros que não passam: amor, talento, inteligência, misericórdia, compaixão, etc. Importante ressaltar o dinheiro tem a sua importância, mas não toda a importância.

quarta-feira, julho 08, 2009

Em busca do pé de coelho

- Eu gostaria de falar com o Jamil.
- O Jamil não trabalha com a gente, faz uns dez anos, quem queria falar com ele?
- É a esposa dele.
- É mesmo e porque esta voz de macho?
- Tudo bem, não é a esposa dele, é que eu não consigo encontrá-lo e tenho um trabalho importante para ele.
- Faz o seguinte, como é teu nome mesmo...
- Rui.
-...então Rui liga para o recursos humanos da empresa Ligadura, segundo o pessoal daqui, ele foi trabalhar lá quando saiu desta empresa, talvez eles possam te dar maiores informações sobre ele.
Em outro parte do estado:
- Ligadura, faz muito tempo que não ouço este nome, porque quer saber desta empresa?
- É o seguinte eu soube que ela faliu há uns cinco anos e estou escrevendo um artigo para um jornal sobre o porquê da bancarrota das empresas em nosso estado, como você trabalhou lá, achei que pudesse me dar subsídios para a história.
- Claro, porque não? Primeiro é necessário dizer que a administração era pífia, não havia fluxo de caixa, na verdade, o pessoal da indústria costumava chamar de "fluxo de bolso" porque o dinheiro não chegava a entrar na empresa ia direto para o bolso dos patrões e assim os funcionários ficavam meses a fio sem receber, mesmo quando a empresa ia bem.
- Uma empresa como esta não poderia durar, o que eles faziam para se manter no mercado?
- Algumas coisas, borderôs de empresas fantasmas com duplicatas da empresas, aplicações nos extintos open e over night, em suma a famosa, e graças a Deus extinta, ciranda financeira.
- Por que ninguém denunciava as falcatruas que aconteciam nesta empresa?
- Porque todos tinham o rabo preso, desde o fornecedor até o atacadista, todos faziam a mesma coisa, talvez de maneiras diferentes, mas era um bando corruptos, não tinha como um acusar o outro sem ser implicado; e ainda assim, vez por outra, a empresa era roubada em esquemas não conhecidos da alta cúpula.
- Você pode afirmar categoricamente porque a empresa Ligadura fechou as suas portas e abriu falência, mesmo antes do fim da ciranda financeira?
- Posso sim, com toda certeza foi o incêndio de 2004, coincidentemente em 11 de setembro, alguns atribuíram isto a cabala, outros a numerologia, mas a verdade é que foi imperícia de um funcionário mesmo, o seguro não quis pagar pelos estragos, em virtude de não considerar um acidente e sim uma inaptidão funcional. Não fosse por este incêndio, com certeza a Ligadura estaria aí até hoje, pois cimento é algo que foi, é e será sempre necessário.
- Obrigado pela entrevista senhor??...
- Coelho.
- Coelho, é sobrenome não é.
- Não, é nome, Coelho Martins.
- Então obrigado senhor Coelho Martins.
- Disponha.
Ao descobrir que a empresa Ligadura não existe mais, Rui se vê numa sinuca de bico, pois perdeu a sua melhor pista:
- Até quando a gente precisa achá-lo?
- Para ontem, só ele é capaz de realizar este trabalho.
- Então temos um problemão, porque não sabemos nem por onde começar.
Guaianazes adentro a sala:
- Rui, e o nosso homem?
- Sumido, senhor Guaianazes.
- Não esperava menos dele, você acha que pode localizá-lo.
- Sinceramente?
- Sim.
- Não.
- Então Rui, vou chamar um sujeito que acha agulhas em palheiros.
- Eu
conheço?
- Conhece sim, é o Vidigal.
- Aquele vigarista?
- Sim, o melhor vigarista investigador de que já tive notícia.
- Se quiser jogar seu dinheiro fora tudo bem.
- Você não me deu escolha Rui, eu preciso encontrar este homem no máximo amanhã.
Instantes depois:
- Vidigal?
- Fala Guaianazes, em que posso ajudá-lo?
- Um nome Jamil Martins, preciso dele aqui, na minha sala, até as 10 horas de amanhã.
- E estamos falando da cifra de???
- 200 mil reais, se prazo cumprido; a cada minuto de atraso, 10 mil de recuo na recompensa.
- Temos um acordo, ele estará aí amanhã de manhã, palavra de Vidigal.
Continua

sexta-feira, junho 26, 2009

Responsabilidade

- Oi, onde vocês estão?
- Estamos agora, embaixo de uma ponte.
- Tá brincando?
- Não.
- Ué, quando vocês perderam a casa.
- Que perderam a casa, tá maluca mina. É que a gente acabou de passar por um viaduto.
- Tá bom, vão lá no Café Juramento, eu vou para lá, assim que resolver um problema aqui.
- Beleza.
Januária estava com um pneu furado junto de um shopping, estava esperando o pessoal de seguro que lhe assegurou que chegaria em 10 minutos, mas já fazia 40 minutos e nada. Paciência é virtude de poucos, por isto Januária não estava estressada quando chegou Lauro.
- A senhora é a Januária?
- Sou sim.
- Assine aqui por gentileza.
Em poucos minutos:
- Obrigada senhor?
- Lauro, obrigado a você senhora Januária.
- Senhorita.
Logo mais, Januária estava no Café Juramento, havia alguns poetas por ali, todos conhecidos e lógico o casal que ela havia chamado:
- Ei, sem terra!
- Januária, quanto tempo. Tudo bem?
- Tudo bem e você? Mariana como vai?
- Vou bem Januária.
- Vamos sentar ali perto da janela.
Logo:
- Então Januária, quais são as novas?
- Tô grávida Júlio.

- Não me diga? Mas você arrumou um namorado? Casou? O que houve?
- Não, não arrumei namorado. Você é que é o pai.
- Tá brincando?
- Não, tenho certeza.
- Puxa, Você podia ter me chamado sozinho, né?
- Cara, o problema é maior do que você imagina, na verdade o bebê está com um problema de fígado e terá que fazer um transplante intra-uterino para sobreviver, por isto eu vim conversar com você, não quero nada de você, eu sabia o que estava fazendo. Então posso contar com você?
Mariana chama Júlio à parte:
- É o seguinte, eu estou fora, não posso ficar numa relação em que a pessoa que eu mais confiava me traiu, mas como conselheira devo dizer que você deve salvar o seu filho, ninguém mais poderá fazê-lo.
- Mariana, você não a ouviu, ela não me quer, só quer que eu salve o nosso filho.
- Mantenho a minha posição. Acho que não posso continuar com uma relação sabendo que há uma criança sem pai por aí.
Mariana vai embora e Januária pergunta:
- Posso contar com você?
- Pode.
Alguns dias depois, no hospital:
- Senhor Júlio, correto?
- Sim.
- Eu sou o Dr. Fraser e estou aqui para prepará-lo para a cirurgia.
- Prazer em conhecê-lo, Dr. Fraser, pode me dizer se vai sair tudo bem?
- Com certeza, como deve saber o fígado é um órgão que se regenera, como o fígado do neném está comprometido, tiraremos, apenas o suficiente para salvá-lo, o que deve ser algo em torno de 15% do seu fígado, ele deve se regenerar em alguns dias.
- Obrigado Dr. Fraser, isto me esclareceu muito.
Horas se passaram e a operação foi um sucesso, quando acordou Júlio começou a ouvir um barulho de buzina:
- Júlio. Júlio.
- O que?
- Acorda homem, você dormiu no sinal, tá louco quer matar todo mundo, faz uns 5 minutos que estão buzinando para você.
- Mariana tive um sonho tão estranho.
- Era sobre o que?
O telefone toca:
- Quem é?
- É a Januária, Não vai atender?
- Acho que não.

segunda-feira, junho 08, 2009

O Chamado da Morte

O dia era promissor, tantos compromissos: havia uma videoconferência às 9h:00 com os japoneses, às 11h00min um almoço de negócios com a maior empresa têxtil do Brasil e logo depois as duas tinha que apresentar a sua estratégia para entrar no mercado americano, pois alguns representantes de distribuidores de malhas estariam lá para apreciar a proposta. Rodrigo estava tão ansioso que nem conseguiu tomar café. Seu filho veio lhe mostrar um desenho que havia feito na escola. O desenho mostrava um homem com uma mala, uma onomatopéia de velocidade indicando pressa enquanto uma criança, abria os braços atrás deste homem que sequer olhava para trás. Rodrigo olhou fixamente para o desenho e disse:

- Hoje à noite meu filho, eu vou brincar com você, vamos ter a noite toda para botar em dia nossos jogos tudo bem?

- Claro pai, não vejo a hora de chegar a noite.

A esposa vê a cena e diz:

- Não prometa o que você não pode cumprir.

- Desta vez vai dar certo, depois deste dia cheio vou adorar relaxar com o meu filho.

Com os japoneses foi um pouco difícil, eles são duros para negociar, o fato de ele não entender a língua atrapalhou em muito, embora os tradutores compensassem esta dificuldade, todavia todos os argumentos que Rodrigo usava para fechar a conta com eles eram sumariamente postos por terra, pela total falta de experiência da cultura japonesa, diante disto Rodrigo pediu um prazo para fazer um levantamento dos costumes do povo japonês e depois apresentar um novo projeto. Os japoneses torceram o nariz, mas aceitaram; seu chefe lhe perguntou:

- Tem certeza que pode dar conta disto, senão eu passo o serviço para o Gustavo.

- O Gustavo não sabe amarrar o cordão dos sapatos.

- Tudo bem, estou confiando em você.

No almoço, bons argumentos, boa margem de lucro no mercado e fixação da marca foram decisivos para a aceitação da "Vista-se Bem" com a empresa têxtil, os fornecedores estavam muito animados de poderem participar de um projeto de tamanha qualidade. Assim o projeto foi classificado pelo presidente Jocundino.

Com os americanos foi um pouquinho mais difícil, novamente esbarrando na questão cultural, mas como o idioma era muito mais claro para Rodrigo, a missão de apresentar um projeto plausível tornou-se menos trabalhosa e por conseguinte entrar no mercado americano tornou-se uma realidade.

Após o término da reunião, já atrasado para o jantar em casa que havia combinado com o filho, saiu em disparada para o carro, sem se despedir muito bem de ninguém. No caminho ele atende ao telefone:

- Alô.

- Oi querido.

- Joana, tudo bem?

- Sim, vou estar melhor quando você estiver comigo.

- Olha Joana, hoje não vai dar, eu vou pra casa jantar com o meu filho e a minha mulher, eles estão me esperando, eu não tenho dado muito atenção ao meu filho...

Nisto Rodrigo tem que fazer uma manobra de fórmula 1 para evitar uma batida de frente num carro que perdeu a direção. Mesmo assim retorna a conversa ao celular.

- O que foi isto?

- Não é nada é que eu estou dirigindo.

- Então é melhor eu desligar não quero que você sofra um acidente, espero você em 20 minutos.

- Joana você não...

Era tarde Joana já havia desligado, Rodrigo ficou muito intrigado totalmente confuso, sem saber o que fazer, será que poderia falhar de novo com o filho, será que seria novamente perdoado, o que diria a esposa que a reunião foi até muito tarde. Dúvidas terríveis o assolavam. Mas ele não teve muito tempo para dúvidas, era melhor visitar a Joana e chegar um pouco atrasado em casa.

Logo ao chegar ao apartamento de Joana, no horário marcado, encontra a porta arrombada, um quantidade imensa de sangue, Joana jogada num canto da sala e Juarez, seu marido com uma arma apontada para o visitante e a mesma é disparada.

Moral da História.

" Apesar de saber o que é certo fazer, às vezes não conseguimos resistir ao chamado da morte."

sexta-feira, maio 15, 2009

A EXTINÇÃO IV

Em Gotícula, os habitantes ainda não sabem como ajudar Joana a voltar para Terra.
- Então, senhor folha, posso te chamar assim?
- Pode me chamar de goticulense.
- Então goticulense, qual era o plano A para que a atmosfera volte ao seu normal, estávamos trabalhando com um estabilizador de partículas, capaz de limpar a atmosfera dos gases nocivos.
- Gases nocivos, de que gases estamos falando?
- Do oxigênio.
- O Oxigênio é nocivo para vocês?
- Para você, não?
- Na verdade só estou viva por causa do Oxigênio.
- Hum, isto pode ser um problema.
- Por quê?
- Estamos armando um teste para remover todo este gás da nossa atmosfera, se você estiver correta, daqui alguns segundos, você não estará mais viva.
- Segundos? Quantos segundos?
- Cerca de 5000.
- 5000? Vocês tem conceito de interessante de "alguns"; deve ter cerca de uma hora e 22 minutos até a hora limite.
- O que é hora?
- Não é importante. Mas isto não me deixa mais tranquila, algum de vocês pode me botar a par da engenhoca que me trouxe para cá.
- Sim aquele goticulense pode te ajudar Joana.
Logo:
- Então eu vim para cá porque uma de suas luas eclipsou o sol de vocês e abriu uma frequência de transporte e quando estas condições ocorrerão novamente?
- Ah em breve, daqui a 150000 segundos.
- Entendo, tão breve assim. Pena que eu não tenha todo este tempo. Tenho que pensar em alguma coisa.
Perto da hora limite:
- Vocês por acaso não tem uma reserva de oxigênio em uma de suas, como direi, árvores?
- Na verdade nós tínhamos, quando éramos bárbaros, guardávamos estoques de oxigênio para torturar alguns goticulenses que não gostavam muito do nosso planeta e atentavam contra a vida de seus semelhantes, mas a mais de 3 bilhões de segundos, nos tornamos um povo pacífico e fizemos o desarmamento, para o nosso azar uma parte do gás foi absorvido pela nossa atmosfera, assim ficamos com este problema mortal nas mãos.
- Claro, então vamos ao teste, foi um prazer conhecê-los espero que consigam o objetivo de salvar o planeta de vocês.
O teste não sai como o esperado, o planeta aumenta exponencialmente a quantidade de oxigênio e toda folhidade é destruída no planeta. Joana que esperava a morte agora está morrendo intoxicada pela densidade absurda de oxigênio na atmosfera e para o azar dela um cometa está vindo em direção ao planeta. Cometa este não detectado pelos habitantes do planeta, em meio a tosses e pigarros ela vê a bola de fogo se aproximando e logo está diante do senhor Trautman.
- Nossa o que aconteceu?
- Trouxemos você de volta.
- Como.
- Já ouviu falar em mancha solar?
- É ouvi falar.
- Então pelo aumento da frequência usamos um tele transporte vinculado à mancha solar das auroras boreal e austral e trouxemos você de volta, para a minha sorte, quando você viajou, para seja lá onde tenha ido, você deixou um rastro magnético, no qual pude fixar um padrão e testar o meu novo invento.
- Obrigada, senhor Trautman, não preciso dos detalhes técnicos para saber que o senhor me salvou a vida, infelizmente não posso dizer o mesmo de Gotícula.
- Um cometa estava indo em direção ao planeta quando o senhor me tirou de lá, eles só estavam tentando sobreviver, mas mesmo que a experiência desse certo provavelmente o planeta seria destruído pelo tamanho do astro que colidiu com o planeta.
- É recebemos um fax do México, dando conta de uma explosão na estrela Betelgeuse, este fenômeno estava previsto há muitos anos.
- Uma pena que nossos caros goticulenses não tiveram acesso a esta informação.
Alguns meses depois:
- Estamos de volta amigos com o programa "Você acredita em mim?". Estamos aqui com a viajante das galáxias Joana Parcimônio que está lançando o livro "Minha passagem por Gotícula" que já virou "Best Seller" com mais de 7 milhões de cópias vendidas e ela explicará para nós como foi esta viagem até o planeta da estrela Betelgeuse. Pode nos esclarecer algumas dúvidas senhorita.
- É claro Júlio, foi assim....

Fim

quarta-feira, maio 06, 2009

A EXTINÇÃO - PARTE III

Em Gotícula, Joana ouve barulhos incompreensíveis, quando acorda de algo que parecia um transe, vê muitos seres emitindo sons que não consegue distinguir, Joana não consegue saber em cima do que ela está pisando. Uma das entidades que se assemelha a uma folha em formato gigante se aproxima de Joana e após dizer alguma coisa, Joana começa a compreendê-los:
- Bem vinda, de onde é a sua massa corpórea?
- O meu nome é Joana, eu sou do Brasil.
- Brasil, nome peculiar para um planeta.
- Não, não é planeta não, Brasil é o nome do país.
- Não entendo. O que significa país?
- Talvez eu não consiga explicar para vocês, o meu planeta se chama Terra.
- Terra, é claro, vocês estavam com a Suckatinash.
- Com quem?
- Hum, parece que não conseguirei traduzir isto para você, mas havia uma entidade do nosso planeta perdida no seu.
- Ah sim, a mãe natureza.
- É assim que vocês a chamam.
- É sim, a propósito onde ela está?
- Ela está em todo lugar Joana, ela é a alma do nosso planeta, ela apenas se materializou no seu devido a um erro que cometemos com um mecanismo que inventamos.
- É, já estou a par da situação. Por favor pode me dizer, em que eu estou pisando?
- Claro isto é esclerênquima.
- É o que?
- Súber, casca de árvore só que em estado gelatinoso.
- Entendo, se não se importam eu gostaria de voltar ao meu planeta. Como posso chamá-los, vocês tem nomes?
- Claro somos goticulenses.
- Isto eu já sei.
- Então porque perguntou?
- Eu perguntei vocês tem um nome individual como o meu Joana.
- Acho que não, somos todos parte de um organismo, somos independentes apenas para trabalhar pelo planeta, não sei se me entende.
- Acho que sim, era assim que deveríamos ser no nosso, mas voltando ao assunto quando poderão me mandar de volta?
- Pois é Joana, não podemos.
- Ué, porque não?
- Não sabemos como você veio para aqui.
- Então não poderemos mandá-la de volta.
- Mas mandem-me como mandaram a mãe natureza.
- Não é tão simples assim, com a mãe natureza cometemos um erro e não faremos isto de novo além do mais não temos nenhuma anotação, não sei se poderemos recriar o cataclisma e temos problemas maiores, ainda precisamos curar a nossa atmosfera que está doente.
- Estou perplexa em saber disto, porque não sei como poderei me adaptar ao planeta de vocês, porque vocês são folhas e eu sou humana acho que não poderei sobreviver aqui.
- Se recuperarmos nossa atmosfera, poderemos usar o restaurador de instantes e quem sabe criar uma forma de mandá-la de volta a sua terra.
- Mas uma coisa, como eu consigo entendê-los, eu suponho que vocês falem uma língua diferente da minha, como vocês podem me entender?
- Temos uma seiva que é capaz de traduzir qualquer idioma no universo, está dentro deste frasco é só borrifar e pronto.
- Caramba que tecnologia, então mãos a obra, vamos trabalhar na recuperação da atmosfera de vocês...


Continua

quarta-feira, abril 29, 2009

A EXTINÇÃO - PARTE II

...Logo:
- E então Joana, o que você conseguiu?
- As informações que tenho são meio estranhas, não sei se vocês compreenderão.
- Joana, você não tem idéia, das coisas que já vi, nada do que disser poderá me surpreender.
- Então Jacinto, este ser é a mão natureza de um planeta que ele chama de gotícula, segundo ele mesmo, ele foi trazido para cá, por uma falha num dispositivo acionado no seu planeta e por conta disto o planeta dele só tem uma semana de vida.
- Caramba.
- Achei que nada, pudesse surpreendê-lo.
- Isto realmente me deixou de queixo caído, podemos fazer alguma coisa.
- Segundo ele, não, apenas esperar que o arquiteto do dispositivo consiga levá-lo de volta.
- Ele conseguiria mandar uma mensagem?
- Ele diz que o cinturão de asteróides está bloqueando a sua capacidade mental então não pode conversar com ninguém do planeta, a sim, ele pediu encarecidamente que não o destripem.
- É acho que já passamos desta fase.
Mais tarde:
- Joana este é o senhor Trautmann
- Como vai Trautman?
- Conte exatamente o que me contou para ele e talvez ele tenha uma solução para o nosso problema.
História contada:
- Puxa apesar de imaginar, não poderia supor que ferro bloqueasse pensamento, mas talvez a natureza única do espécime trouxesse este tipo de problema, mas acho que posso resolvê-lo. Traga-o para mim e Joana, vou precisar muito da sua ajuda.
Logo:
- Então mãe-natureza, vamos fazer o seguinte, você tenta usar a sua capacidade mental e eu vou tentar desviar a sua mensagem através do cinturão e ver se assim conseguimos atingir gotícula a fim de que você possa conversar com seus conterrâneos, se é que podemos assim chamá-los.
Joana diz ao ser sobre o plano que concorda prontamente, ele tentar mandar a sua mensagem, bate no cinturão e volta, mas numa segunda tentativa consegue alcançar o vertebrado e diz onde está. No mesmo momento o ser e Joana são transportados a gotícula...


Continua

quarta-feira, abril 08, 2009

A EXTINÇÃO

Joana chega em casa e conversa com a sua filha:
- Oi minha querida como passou o dia?
- Muito bem, mamãe, tem um moço te esperando.
- Quem é?
- Ele disse que se chama Jacinto.
- Ué, não conheço nenhum Jacinto, onde ele está? Aliás, porque o deixou entrar sabe o que eu disse sobre deixar estranhos entrar em casa.
- Ele
está na sala, ele me mostrou uma credencial da Polícia Federal.
- Como você sabe que não é falsa?
- Eu conheço as identidades falsas mãe, elas não tem marca d’água.
Logo:
- Você deve ser a Joana.
- E você o Jacinto.
- Ótimo agora que nos conhecemos, vou direto ao assunto. Você deve me acompanhar até a sede da Polícia Federal.
- Por quê?
- Seus serviços estão sendo requisitados.
- Meus serviços? Há algum calamar perdido na orla marítima, alguma baleia encalhada ou quem sabe medusas nas praias mais frequentadas?
- Até onde eu sei além de bióloga marinha você também tem uma ótima percepção extra sensorial.
- E se eu me recusar?
- Não pode se recusar, eu tenho uma ordem judicial.
- Com quem eu deixarei a minha filha?
- Sabrina será levada com a gente e uma assistente social cuidará dela, enquanto estiver conosco.
- Posso saber do que se trata?
- É melhor ver por si só
Depois:
- Joana, eu espero que você possa nos dizer mais do que os nossos investigadores.
- Qual é o caso?
Eles entram numa sala e visualizam uma luz muito forte em volta de um ser humanóide que brincam com algumas esferas que flutuam:
- Você tinha razão, eu não acreditaria se não tivesse visto, mas em que acha que posso ajudar?
O ser a olha fixamente, as esferas caem, então:
- Eles querem saber de onde eu vim Joana. - esta voz é ouvida na cabeça de Joana.
- Você é telepata?
- Sim, ninguém realmente estava interessado em me ouvir, mas com você sinto que posso dizer qualquer coisa, peça para o agente ir embora.
- Ele quer que você vá embora, Jacinto.
- Não vou sair daqui.
- Se quiser a minha ajuda, terá que fazer o que peço.
- Certo - meio contrariado - Mas vou estar bem aqui ao lado, grite se precisar.
- Não precisar, obrigado.
Eles se observam por alguns minutos:
-Você tem um nome?
- Na verdade não, sou um ser que vive só, eu fui capturado no meu mundo e por causa disso ele está à beira da extinção.
- Você é algum tipo de mãe-natureza?
- Não entendo a sua análise, mas sei que meu mundo precisa de mim.
- Aonde é o seu mundo?
- É em Betelgeuse na constelação de Órion, pelo menos é assim que vocês chamam aqui. Não sei se consigo traduzir para você como eles são chamados lá. Mas algo próximo seria "Grande Vermelha" o nome da estrela e o planeta se chama "Gotícula" isto porque o nosso planeta tem a forma de uma gota e ele é muito pequeno.
- Como veio parar aqui?
- Foi construído um mecanismo no meu mundo por um excepcional goticulense que deveria limpar a nossa atmosfera que estava ficando roxa, quando o normal seria lilás, então o vertebrado, como era conhecido, acionou o dispositivo e eu vim parar aqui na cidade de Garanhuns, muitos sustos e arrepios depois vim para esta sala onde estou.
- Sabe se o aparelho funcionou?
- Estou muito distante para poder conversar com alguém do meu planeta apesar de a minha capacidade de comunicação ser muito grande não consigo atravessar o cinturão de asteróides por causa da quantidade excessiva de ferro e níquel, meus pensamentos ficam confusos e sem muita clareza, a única coisa que sei com certeza é que sabem que não estou mais presente no planeta e que por isto estão com os dias contados.
- De quanto tempo estamos falando?
- No meu planeta 120 anos no seu uma semana.
- O que podemos fazer?
- Vocês nada podem fazer, dependo do meu querido goticulense que me trouxe para cá, por enquanto, só quero que me proteja desses abutres que por pouco não me destriparam.


CONTINUA

O QUE DEVO LER?

Novamente volto ao assunto da leitura, para aqueles que ainda engatinham nesta área eu recomendo livros fáceis ou seja de fácil compreensão. Algumas pessoas acreditam que o gibi ou a revista em si é uma leitura e que apenas isto pode tornar uma pessoa, uma boa leitura, sem querer discriminar estas mídias elas dificilmente farão com que você realmente se distraia ou aprenda alguma coisa, apesar de algumas revistas realmente serem recomendáveis, alguns exemplos: Superinteressante, Galileu ou as revistas em quadrinhos da Disney que trazem um português excelente e de fácil compreensão. Pesando tudo isto recomendo que as pessoas iniciantes ou leigas iniciam sua leitura com livros contemporâneos ou seja de fácil acesso posso citar o Tony Belloto, o Luís Fernando Veríssimo, alguns mais antigos o Sidney Sheldon, Frederick Forsith; ou até, por que não? Jô Soares, apesar de eu não ter terminado nenhum de seus livros é uma leitura fácil. Após passar a iniciação, convém passar para algumas coisas mais fortes como As aventuras do detetive Sherlock Holmes do Artur Conan Doyle, Hércule Poirot da Agatha Cristie, livros de auto-ajuda se gostar, depois as leituras mais complexas Shakespeare, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Sófocles, os pensadores e filósofos, Aqui também alguns nomes que devem fazer parte da leitura de quem quer dominar a arte da escrita Gustave Flaubert, Marcel Proust, Honoré du Balzac, depois Guimarães Rosa, Clarice Lispector. Para mim o top desta lista de livros ou seja o mais enigmático de todos chama-se "Neuromancer" o autor é William Gibson, segundo a lenda foi onde os Wachoski brothers inspiraram-se para criar a matrix, além disso ele também dirigu um filme chamado Johnny Mnemonic e ainda fez um episódio do Arquivo X chamado "Vivendo no Cyberespaço". Quero ressaltar que esta sequencia não deve ser estritamente seguida, muitos leitores são mais rápidos em assimilação e talvez em pouco tempo já tenham condições de alçar voos mais altos, tudo depende de como ele irá se sentir. Então mãos a obra como diria Marcel Proust devemos ir em busca do tempo perdido.

sexta-feira, março 27, 2009

O SENTIDO DA VIDA

Assim que amanheceu, Raul procurava um sentido para a sua vida, tinha passado por maus bocados como todas as outras pessoas, mas sempre as ouvia dizendo isto me dá prazer fazer ou aquilo me dá mais prazer de fazer, ou seja, cada um tinha, o que podemos chamar de dom, mas Raul nunca pode responder a esta pergunta "O que te dá mais prazer?" Por conta desta dúvida tinha rodado muitas paragens, quando jovem fugiu de casa várias vezes e sempre recapturado, por assim dizer, nunca soube responder a seu pai por que o fazia, na verdade, como hoje, Raul só procurava um sentido para a sua vida, parecia que a havia desperdiçado, já contava com seus quarenta anos, nunca estudou muito tinha terminado o segundo grau na base da paulada, e jamais conseguiu um bom emprego, teve muitas mulheres, mas nunca se amarrou a nenhuma, filhos, ainda não havia tido notícias se os tinha. Enfim, era um homem perdido. Ainda sem entender o seu papel na sociedade foi abordado por um transeunte:

- Você sabe me dizer onde fica o hospital das clínicas?

- Claro, meu senhor, é ali você dobra aquela esquina e vai sair em frente ao hospital.

- Obrigado senhor.

- De nada.

Raul passou o dia todo pensativo, teria que resolver este problema que parecia mais misterioso que o mistério da Santíssima Trindade. Afinal para que eu sirvo? Achou que um psicólogo poderia ajudá-lo. Passado alguns dias:

- Doutor, o senhor é a minha última esperança.

- Não sabe quantas vezes já ouvi esta frase.

- Acredito. Apesar dos meus 40 anos, doutor, ainda não sei para que eu sirvo.

- Sei e já tentou fazer de tudo para encontrar este fantasma não é verdade?

- Fantasma?

- Sim, as pessoas parecem que precisam de um motivo para descarregar suas frustrações, a mais nova moda é achar que são culpados de alguma coisa, invariavelmente a de não servir para nada. Citando um ditado de internet "Se você não servir para nada, ao menos serve de mau exemplo".

- Pensei que o senhor iria me animar.

- Não é esta a minha função, a minha função é fazer você enxergar um caminho que está obscuro ou invisível para você.

- Certo e o que o senhor acha que devo fazer?

- A resposta está dentro de você, eu sei o que é melhor para mim, para você eu posso dar conselhos, mas eles dificilmente teriam crédito, já que são baseados na minha experiência de vida ou na de outros pacientes, não tenho certeza que serviriam para você.

- E então.

- Então a partir de hoje você vai fazer um exercício mental, ou seja, dizer para você mesmo em pensamento que você tem as respostas para as suas dúvidas.

- Acha que vai funcionar?

- Você irá me dizer, somos mais inteligentes do que imaginamos, senão ainda estaríamos na idade da pedra, se você pensar na evolução, isto te inspirará a evoluir a si próprio.

- Belas palavras doutor, mas na prática ainda vou estar sozinho.

- A solidão é uma escolha, você não precisa fazer isto sozinho, pode pedir ajuda dos amigos familiares ou quem quer que esteja ao seu redor.

- Tudo bem vou experimentar o exercício.

Raul saiu do consultório aliviado. Pensando que talvez não fosse tão inútil assim; lembrou de muitas coisas que fez em prol de outras pessoas. Teve aquela vez, em que deu o último litro de leite que havia no mercado para uma mulher cuja criança chorava de fome. Teve ainda aquela outra vez em que dividiu o guarda chuva com um senhor na rua e o levou até o seu escritório. Teve ainda aquela outra vez em que pagou a passagem de ônibus a uma senhora que tinha uma cédula acima do troco máximo do cobrador. Como sempre andou distraído na sua vida, Raul foi atropelado ao sair do consultório. Foi para o hospital em estado grave ficou na UTI por quinze dias. Logo depois foi para o quarto e conheceu outros enfermos sem esperança. Ajudou-os na medida do possível e nem acreditou quando o médico disse que ele estava de alta. Ele já havia se acostumado com pessoal do hospital e as enfermeiras já não se lembravam mais como era o hospital sem o Raul. Ele havia se tornado imprescindível, pois tinha muita paciência com todos os doentes e um bom humor contagiante, na verdade nunca esteve tão feliz. Então depois de sua alta, foi cursar enfermagem e voltou todos os dias ao hospital até que se tornou parte do quadro de enfermagem. Raul nunca mais voltou ao consultório de psicologia porque finalmente encontrou um sentido para a sua vida.

sexta-feira, março 20, 2009

O sortudo

Gotlieb era um homem diferente, tinha uma ex-esposa, uma atual, uma amante e cinco filhas. Então porque ele era diferente de quem quer que seja? A diferença é que todas dependiam financeiramente dele e ele não tinha um emprego de ganhar rios de dinheiro, ele era gari. Ganhava muito pouco. Mas qual era a mágica? Como ele conseguia transformar um salário mínimo em sustento para todas as suas mulheres? Ora, ele tinha muita sorte, todo mês ele ganhava dinheiro com algo diferente, num mês, ganhava no bilhar, no outro no pôquer, em outro nas loterias da caixa e por aí vai, mas como as suas mulheres exigiam muito dele, nunca tinha um centavo sequer no bolso. Quem o conhecia não conseguia entender como ele conseguia manter esta situação, principalmente com a ex-esposa, que tinha 3 filhas e ainda morava com um cara que segundo as más línguas também era sustentado por Gotlieb. Quando perguntavam, ele dizia que fazia muita hora extra e assim ficava fácil cuidar de tudo, mas um dia a sorte mudou, Gotlieb foi demitido do seu emprego de gari e inexplicavelmente perdeu o seu dom de vencer jogos, começou a perdeu grandes somas e num ato desesperado perdeu até uma de suas filhas num jogo de pôquer, um jornalista atento publicou num jornal de grande circulação as letras garrafais: "PAI DE FAMÍLIA, PERDE FILHA NA MESA DE PÔQUER" e a foto do desconsolado pai na primeira página do jornal, assim todos descobriram como ele cuidava de todas ao mesmo tempo, aliás, as mulheres ficaram sabendo umas das outras e Gotlieb só não foi linchado por elas por intervenção dos vizinhos. Como desgraça pouca é bobagem, neste mesmo momento de dificuldade Gotlieb soube da morte de sua mãe que morreu do coração pelo susto que tomou ao ver a foto do filho estampada no jornal dando conta de perda de sua filha na mesa de pôquer. Sem dinheiro sem mulheres e sem mãe, quase não acreditou quando bateu a sua porta alguém que lhe traria uma notícia boa:
- Será, que é mais uma notícia ruim? - Pensou consigo mesmo.
- O Senhor é o Gotlieb Ahmed Soares.
- Sim.
- O meu nome Guaraci Aleluia.
- Como vai senhor Aleluia?
- Muito bem, estou aqui senhor Gotlieb para lhe oferecer uma proposta para a produção de um longa metragem.
- Longa metragem, o senhor me explicar do que se trata?
- Ah sim, quero produzir um filme sobre a sua história, o que o senhor acha?
- Já era hora de uma boa notícia, mas isto poderia resolver um problema e criar outro.
- Do que está falando?
- Não se preocupe é coisa minha, mas me fale mais deste longa metragem, e assim mesmo que se diz né?
Explicações dadas:
- Mas quando eu vou receber o dinheiro?
- A princípio vamos lhe pagar 200 mil reais e mais uma porcentagem da bilheteria, isto deve cobrir os direitos da sua biografia e também os da exploração da sua imagem.
- É claro, obrigado por ter vindo senhor Aleluia, apareça mais vezes, principalmente se tiver boas notícias assim.
Por óbvio que as mulheres voltaram as boas com Gotlieb, afinal onde há dinheiro, há alguém querendo vender seus sentimentos comprados na feira. Mesmo sabendo que os motivos eram estes, Gotlieb estava feliz por manter a sua mágica sorte trabalhando a seu favor.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

TRÊS PONTOS DE VISTA

José Lins do Rego, mais conhecido como Caiçara (aqui cabe uma explicação, sim, ele se chama José Lins do Rego porque seu pai adorou um livro deste escritor, chamado “Riacho Doce”, Caiçara foi um codinome atribuído a José Lins do Rego, a personagem, pela sua naturalidade, a região litorânea de São Paulo), acordou cedo neste dia, 5:40 da manhã, não era seu horário normal, na verdade costumava acordar às 6:00, mas hoje não quis ficar mais tempo na cama, assim teria tempo para arrumar algumas coisas, organizar os seus sapatos, teria tempo de escolher uma roupa, coisa que há muito não acontecia, pegava a primeira que aparecia, então cerca de 6:20, Caiçara estava se encaminhando para o seu ponto de ônibus, que o levava ao seu serviço, a distancia entre sua casa e o seu emprego eram aproximadamente 40 minutos, quando atravessou uma rua que dava para o ponto de ônibus, notou um pequeno aglomerado de pessoas em volta de dois carros destruídos por uma violenta batida; abdicou de parar e saber o que estava havendo, apenas olhou de soslaio, afinal o ônibus passaria as 6 e meia. Não demorou muito para Caiçara notar que hoje, seu dia seria diferente, pois o ônibus não aparecera e já eram 10 para as sete da manhã, as sete e cinco aparece o ônibus, com outro motorista, não era o Lúcio Flávio, o sempre pontual Lúcio Flávio:
- O que houve com o Lúcio Flávio?
- Hoje ele não pode vir, teve um problema familiar.
- É mesmo?
- Sim.
- Sabe algum detalhe?
- Infelizmente, não.
- Talvez amanhã, ele possa me explicar o que houve.
- Acho que isto não será possível.
- Porque diz isto?
- Ele foi dispensado esta manhã.
- Sério, mas isto não me parece muito justo, todos temos problemas com a família.
- Mas ele andou abusando e disse muitos palavrões para o nosso chefe, este, por óbvio, não agüentou a falta de respeito.
- Fazer o que né, a vida é cheia de surpresas.
Caiçara ficou encucado com esta história, mas havia coisas mais importantes para ele se preocupar, iria chegar atrasado, seu chefe era um sujeito difícil de entender, às vezes chegava feliz da vida, brincalhão, sorridente e sem nenhum sinal de estresse, outros dias fazia cara de quem poderia ser um homem-bomba e destruir todos a seu redor, era óbvio que Caiçara não sabia, em que tipo de dia ele pegaria o seu chefe, imaginou que fosse receber um sermão por ter chegado atrasado, justo hoje que havia acordado mais cedo, ninguém iria acreditar, na sua história.
Mais tarde, Caiçara chega ao escritório 7:50, seu chefe não estava, ufa, seria uma preocupação a menos, não fosse o maldito relógio-ponto; ele não teria que explicar de imediato o que houve, mais teria que pedir ao chefe para abonar aqueles minutos, senão perderia algumas vantagens cruciais em seu salário. Neste dia o chefe Eduardo Costa Ribeiro chegou às 10 horas da manhã, com cara de poucos amigos, Caiçara percebendo a confusão que iria se meter deixou o tempo passar e logo após o almoço foi conversar com Eduardo, chega à sala do chefe e vê as costas de um homem se retirando da sala que lhe parece conhecido, mas não se lembra de quem se trata:
- O que você quer Caiçara? Eu estou ocupado.
- Sei que o senhor está ocupado, mas o que tenho para lhe pedir é muito simples.
- Não estou muito afim de ouvir pedidos hoje, Caiçara, se você soubesse como foi o meu dia, teria evitado conversar comigo, aliás toma o teu rumo e aproveita que eu tô calmo.
- Desculpe importuná-lo chefe.
Caiçara foi para casa em entender o que houve com o seu chefe, não obstante a preocupação em relação as suas vantagens que seriam perdidas, Caiçara sabiamente, deixou para resolver seus problemas outro dia e lógico foi prontamente atendido ao buscar um dia de bom humor do seu chefe, que segundo ele teria alcançado um milagre nesta oportunidade, por isto abonou o dia sem pestanejar....

Lúcio Flávio acordou esta manhã as 4 e meia como era de costume, saía de casa às 6 horas e conduziria o seu ônibus na sua primeira viagem as 7 horas. Quando já estava em seu serviço, cerca de 6 e meia, recebeu uma ligação em seu celular:
- Alô.
- Lúcio?
- Oi, minha querida, algum problema?
- Sim, Lúcio, venha para cá, imediatamente!
- Para cá, para onde?
- Na Rua Conselheiro Albuquerque.
- A rua da casa da minha irmã?
- Sim houve um acidente eu preciso de você agora.
Lúcio Flávio desligou o telefone e saiu apressado em direção a saída, no caminho encontrou Euclides, seu chefe:
- Onde pensa que vai, Lúcio?
- Chefe, aconteceu alguma coisa com a minha irmã, eu preciso ir para lá, eu pago as horas depois, pago alguém para fazer a minha linha, mas eu preciso ir, dá licença.
- Obviamente, você não está se lembrando de com quem está falando, não é Lúcio, eu quero que você volte para o ônibus e faça a linha hoje, eu não tenho ninguém para substituí-lo.
- Euclides, você não está me ouvindo, a minha irmã está com problemas, eu tenho que ajudá-la.
- Lúcio, volta para o ônibus agora!
Lúcio solta vários impropérios e sai pisando forte:
- Se você sair por esta porta, não precisa voltar, Lúcio!
Novos impropérios são proferidos e Lúcio abandona o recinto. Ao chegar ao local, Lúcio descobre que sua irmã está presa às ferragens enquanto os bombeiro tentam retirá-la do carro; ele vê um sujeito apressado passar e olhar para o acidente interessado, mas sem tempo para acompanhar o que houve. Muito trabalho depois, os bombeiros conseguem resgatar Vitória a irmã de Lúcio. Vão para o hospital, e lá ele recebe a notícia trágica, o acidente afetou a coluna de Vitória e a deixará paralítica:
- Que desgraça se abateu sobre a nossa família Sônia. O que vai ser da minha irmã agora?
- Lúcio, se é que há alguma coisa boa neste acidente quem a atropelou foi o meu irmão.
- O seu irmão, e como isto pode ser bom?
- Ele é um empresário e pode pagar as custas do hospital, e os médicos farão todo o possível para que ela volte a andar.
- Isto só parece bom, mas se ele tivesse mais cuidado ela ainda estaria andando. Mas eu ainda não te contei o pior, hoje eu fui despedido por ter vindo ajudar a minha irmã, acredita nisto.
- Usando as mesma comparação, isto só parece ruim, vou ligar para meu irmão para ele arrumar um emprego para você na empresa dele, afinal para que servem os familiares e depois, ele não se negaria a fazer um favor para mim.
- E se eu não aceitar?
- Não é hora de ter orgulho Lúcio, temos coisas mais importantes para resolver.
Depois:
- Ele disse para você pode passar lá mais tarde.
...
Eduardo acorda 5 e meia da manhã:
- Puxa vida, porque será que eu tenho que acordar tão cedo para ir trabalhar numa empresa da qual sou dono.
Este foi o primeiro pensamento do dia de Eduardo, levantou-se, foi tomar banho mas a água havia acabado, o dia não havia começado bem, na noite anterior havia saído para um happy-hour, tinha ficado até mais tarde e bebeu muito whisky, portanto estava com sono, com dor de cabeça da ressaca e agora para ajudar estava fedendo, tentou disfarçar o odor do whisky com desodorante e spray para a boca, aos sair de casa verificou que estava sem gasolina, isto iria atrasá-lo para o escritório, ele costumava chegar antes de todos, obviamente hoje não seria um desses dias. Chegou ao posto, um frentista estava conversando com o outro sobre os resultados do futebol no domingo e não notou a sua presença, já nervoso com tantos contratempos, meteu a mão na buzina e xingou o frentista, dizendo que se não quisesse trabalhar que havia muitas pessoas querendo; o frentista, com muito bom humor, disse:
- O seu time deve ter perdido este final de semana.
- Como adivinhou?
- É um dos motivos que levam os meus clientes a ficarem nervosos.
Passado o problema com o posto, Eduardo que já tinha passado por tudo isto, disse que agora o seu dia seria diferente, enquanto pensava se distraiu e passou o sinal vermelho, pegou um Voyage de lado, o air bag foi acionado e ele perdeu os sentidos por alguns minutos, logo foi despertado por um policial, conseguiu sair do carro e viu aquela figura conhecida era a irmã do seu cunhado, o policial insistiu para que fizesse o teste do bafômetro, não tendo como negar, o fez e obviamente foi constatada a presença de álcool, aquele do happy-hour da noite anterior, seu carro e sua carteira foram apreendidos, Eduardo foi levado a delegacia, prestou depoimento e foi liberado, pois apareceu um advogado que ele havia solicitado, depois ligou para sua irmã Sônia e disse para ela tomar conta do caso e que ele pagaria tudo o que fosse preciso. Ao chegar a companhia, às 10 horas, cabisbaixo e com cara de poucos amigos, poucos tiveram a coragem de importuná-lo, logo recebe uma ligação, é Sônia:
- Eduardo, como vai?
- Oi, Sônia e aí, como estão as coisas no hospital?
- Tenho uma péssima notícia, a Vitória vai ficar paraplégica.
- Meu Deus e é tudo culpa minha, que que eu fiz para merecer isto?
- Para de se culpar e tente se redimir de outra forma.
- Como?
- O Lúcio Flávio perdeu o emprego hoje, porque veio ajudar a irmã dele aqui no hospital, eu quero que você o posicione em um dos cargos da sua empresa.
- Tudo bem o que você quiser, talvez assim, eu consiga purgar um pouco deste mal estar do qual fui acometido.
Mais tarde Lúcio Flávio está na sala de Eduardo, que com uma cara de culpado e totalmente sem jeito pergunta:
- Que tipo de emprego gostaria de ter na minha companhia?
- Bom, eu era motorista de ônibus, acho que se você puder me arruma uma ocupação destas para mim já estaria bom, mas onde você estava coma cabeça, furar sinal vermelho, dirigir bêbado, você quase matou a minha irmã, você é maluco rapaz?
- Olha, eu sei que eu mereço tudo o que você disse, mas o que está feito, está feito, tudo o que eu posso fazer é remediar a situação, ela terá os melhores médicos que eu puder pagar e eu farei de tudo para diminuir a sua dor, pegue este papel e escreva o valor que você quer ganhar de salário e comece a amanhã a trabalhar na entrega de mercadorias.
- Obrigado pelo emprego, mas não pense que isto terminou, ainda temos contas a ajustar.
Diz isto e joga o papel na mesa de Eduardo.
Lúcio Flávio sai da sala e Eduardo percebe a presença de Caiçara:
- O que você quer Caiçara? Eu estou ocupado.
- Sei que o senhor está ocupado, mas o que eu tenho para lhe pedir é muito simples.
- Não estou muito afim de ouvir pedidos hoje, Caiçara, se você soubesse como foi o meu dia, teria evitado conversar comigo, aliás toma o teu rumo e aproveita que eu tô calmo.
- Desculpe importuná-lo chefe.
Caiçara deixa a sala, Eduardo abre o papel e vê escrito “Quero minha irmã, andando de novo”.