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sexta-feira, novembro 07, 2008

BROMÉLIA

Um grande projeto arquitetônico estava para sair naquela cidade, João Magalhães de Almeida e Sugiro Matsumoto trabalham a quatro noites seguidas no projeto:

- Isto precisa ser perfeito vai ser a maior obra que esta cidade já viu.

- Melhor que as do Oscar Niemeyer.

- Não, ninguém é melhor que o Niemeyer, mas esta obra ficará na história da cidade.

Eles estavam falando do novo Paço Municipal da cidade de Bromélia do Sul. Por estranho que possa parecer, o projeto era que o Paço fosse uma bromélia, um desafio para qualquer arquiteto (menos para o Niemeyer, é claro). O prefeito José Piloso havia prometido a cidade na sua campanha uma sede descente para a cidade, mas já havia se passado três anos e ele ainda não havia cumprido a promessa, quando perguntado, dizia que era as tais licitações, falta de verba, conjunto de conjunturas, essas coisas que políticos insistem em dizer e os eleitores insistem em fingir que entendem do que o homem fala. Mas deste ano não iria passar; esta obra tinha que ser concluída antes das eleições, é claro. Tudo conversado e acertado os famosos arquitetos, terminaram o seu croqui; levaram ao prefeito que achou o projeto muito bom, uma vez aprovado, a empresa de construção, que já estava de sobreaviso, finalmente, iniciou a obra. A população vê o canteiro de obras para uma promessa de campanha que achavam que o prefeito havia esquecido. Muitas pessoas não acreditavam que realmente o prefeito fosse capaz de fazer aquela obra, mas mesmo assim, todo mundo dava um jeito de passar na Pracinha Paranapanema para ver o andamento dela. O s amigos de João e Sugiro não os deixavam em paz, com perguntas de quando a obra ficaria pronta. E após cerca de seis meses, eis que a obra foi terminada. Exatamente como todos planejavam, uma placa enorme identificava o novo Paço Municipal de Bromélia do Sul. Uma grande inauguração foi feita, o cantor César Lobo de Loyola, natural da cidade, fez um grandioso show em homenagem à nova flor municipal (palavras da canção composta especialmente para a inauguração), uma quermesse foi armada: com pescaria, jogo de argola, até uma quadrilha foi dançada diante da nova obra faraônica. O preço nem foi divulgado. Mas infelizmente algo não foi pensado, assim como a flor originária. O Paço Municipal começou a acumular grande quantidade de água e detritos carregados pelo vento, os arquitetos não pensaram numa forma de retirar estes detritos nem esta água. O Paço acabou com infiltrações insolúveis e meses depois o prédio teve que ser abandonado e demolido. Para encerrar, dois desocupados conversam na Praça Paranapanema.

- Político é tudo igual mesmo, até quando faz alguma coisa, faz errada. A nossa flor foi colhida.

- É. Colhida pela incompetência política.

terça-feira, novembro 04, 2008

Vergonha

Um grupo musical cujo os ascendentes eram italianos cantava uma música muito conhecida dos brasileiros, "Tiro ao Álvaro" do Adoniran Barbosa:
" De tanto leva frechada do teu olhar
Meu peito até parece sabe o que?
Taubua de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde fura

Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que pecheira de baiano
Teu olhar mata mais que atropelamento de automover
Mata mais que bala de revorver"
Então o patriarca, senhor Giuseppe Napoli, chamou os garotos após a apresentou e os proibiu de cantar tal canção. Ninguém entendeu a loucura do ancião. Apesar das explicações de que todos eles deveriam falar o português correto e não cantar estas músicas que tiram o entendimento da gramática. Luca se manifestou:
- Mas, nono, é uma música tão bonita, o povo gosta tanto, é por causa dela que a gente enche o bar.
- Olha aí é por isto que está falando assim, não aprende nem a conversar direito com o seu avó, já disse para você não usar estas palavras "a gente" além do problema com a cacofonia, ainda não é de bom tom usar "a gente" quando se pode usar "nós".
- Ô nono, mas que chatice, em?
- Olha aqui se vocês continuarem tocando esta canção eu deserdo vocês todos em, vocês estão entendendo?
Apesar da cara de contrariados, disseram em uníssono:
- Sim, nono.
Depois eles se perguntavam:
- Mas desde quando este velho maluco começou a controlar a nossa gramática?
- Eu não sei Loriano, mas sei que isto ainda vai nos incomodar.
Mas tarde na Fazenda do Giuseppe:
- Pessoal, vocês não acreditam, olha só o que neu achei nas coisas do velho Giuseppe.
- Um jornal, Luca.
- Sim, um jornal de 20 anos atrás.
- Tá bom e o que isto tem de mais?
- Não acha estranho o velho guardar este tipo de recordação nas suas coisas?
- Vindo dele, eu não acho mais nada estranho.
- Veja esta reportagem: "Italiano, passa vergonha no bonde ao dizer frase ininteligível"
- Leia a reportagem parece interessante.
- "Esta semana Giuseppe Napoli, numa conversa sobre política com José Luís da Silva, disse uma frase difícil de se decifrar 'Quem poderá chutar o Brasil do trailer.' após muitas risadas o italiano humilhado foi embora e depois de muita discussão, chegaram a conclusão que o italiano queria dizer 'Quem poderá botar o Brasil nos trilhos.', mas por falta de conhecimento da língua exprimiu um pensamento totalmente ininteligível"
- Bom agora ficou fácil de entender a fissura do vovô.