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sexta-feira, setembro 12, 2008

Milagre

Luíza é uma moça simpática, bonita, inteligente, quer dizer nem tão inteligente assim, jovem, contava com seus vinte e cinco anos, até então não tinha sequer pensado em se casar, a vida dela era o trabalho, todos perguntavam porque ela não estudava, dizia simplesmente que não havia nascido para isto. Ela trabalhava numa fábrica de auxiliar de produção, um serviço pesado para uma mulher, mas já ia para cinco anos que estava aguentando o batente, carregando caixas, operando empilhadeira e algumas vezes até dirigindo o caminhão, quando o motorista se ausentava. Fumava que nem uma condenada, um atrás do outro, às vezes passava de duas carteiras ao dia, não tinha religião, se pergutavam ela dizia: minha religião é a vida, enquanto estiver viva, terei cumprido meu papel religioso. Mas um dia presenciou algo que até um ateu se questionaria. Andava pela calçada com seu costumeiro cigarro entre os dedos, quando viu um assaltante roubar um senhor do outro lado da rua, ante ao desespero do senhor, ouviu dois diparos e se atirou ao chão com medo que as balas viessem em sua direção. Quando teve coragem de olhar novamente viu o senhor caído no chão e não mais avistou o assaltante, correu para ajudar o assaltado enquanto ligava para o 190 para tentar algum auxílio, de pronto foi atendida:
- Emergência.
- Oi, eu estou na rua - Olhou atentamente a placa - Sinval Bueno, nº 350, um senhor foi baleado, preciso de ajuda o mais rápido possível.
- A ambulância está a caminho, deixe o seu nome para registro.
- É Luíza. Luíza Feijó.
- Aguarde Luíza a ambulância deve levar cinco minutos para chegar aí.
Neste momento o senhor acorda, levanta-se e pergunta:
- Quem é você?
- Não se levante senhor, acho que o senhor foi baleado.
O senhor desconcertado pergunta:
- Mas onde está o sangue?
- É mesmo não tem sangue. Como pode. O senhor se sente bem.
- Estou com uma dor no peito como se tivesse tomado um soco.
- Uma ambulância está vindo, é melhor o senhor ser examinado por um médico.
- Acho que não fui atingido.
Ao olhar no seu bolso viu que a sua cigarreira de ouro estava com um novo souvenir, uma bala de trinta e oito que não ultrapassou a mesma:
- O senhor fuma?
- Não, na verdade, uma moça, muita bonita, me deu ela hoje dizendo que era para eu fazer bom proveito, argumentei que eu não fumava, mas ela insistiu e disse para eu dar para alguém que fumasse.
- Você já tinha vista ela antes?
- Na verdade ela parecia muito com você. Você fuma?
- Sim, quer ficar com ela?
- Bem, com uma bala no meio, não terá muita utilidade.
- Eu sei, mas gostaria muito que ficasse com ela.
- Obrigado.
A ambulância chegou e todos ficaram atônitos com o milagre, tudo esclarecido Luíza foi para casa. Mas antes de chegar a sua residência um assaltante tentou lhe roubar a bolsa, ela segurou com toda a força, até que o ladrão solta-a, ela caiu no chão e umtiro foi disparado em sua direção. Depois foi acordada por um senhor de barba branca:
- O senhor é São Pedro?
O homem deu uma gostosa gargalhada e disse:
- Não moça, meu nome é William, eu sou o médico do hospital Nossa Senhora de Lourdes. Você teve muita sorte.
- O que aconteceu?
- A sua cigarreira segurou os dois tiros disparados pelo assaltante.
- Na verdade, foi um, o outro tiro foi dado horas antes em um senhor que estava perto do meu trabalho.
Ela mal acreditava na visão da cigarreira agora com duas balas cravadas uma ao lado da outra. Tempos depois ela andava por uma estrada e foi abordada por uma senhora:
- Você tem um cigarro meu bem?
- Tenho sim.
Ao abrir a cigarreira a senhora diz:
- Não é possível, onde você encontrou esta cigarreira?
- Eu a recebi de presente, a senhora a reconhece?
- Sim, ela era da minha filha, mas não é possível, a cigarreira foi enterrada com ela, foi o seu último desejo, eu não entendo.
- Tem certeza que é a cigarreira da sua filha?
- Sim, olha a inscrição.
Havia três Cs estilizados:
- Camila Cavalcanti Costa.

Prefeitos

E afinal, o que se pode esperar de um candidato a prefeito? O prefeito tem que ser um bom líder, tem cuidar das finanças do município como se fosse as suas próprias finanças, precisa valorizar a sua cidade no Turismo, ser respeitado na Câmara de Vereadores e por seus eleitores, minimizar a fatores ínfimos os problemas que a cidade possui. Para isto é estritamente necessário um plano diretor. Todo candidato a prefeito precisa apresentar um plano diretor, ou seja, tópicos que vão nortear a sua administração, claro que ele precisa focar este plano nos principais problemas da cidade. Exemplos claros: nos anos oitenta uma cidade chamada Cubatão era a cidade mais poluída da América Latina, a nova administração assumiu pensando em resolver este problema, diminuindo a emissão dos poluentes das fábricas da cidade, até sob risco de causar desemprego e de perder arrecadação com a saída das mesmas, mas era necessário definir as prioridades. Qual seriam os principais problemas de São Paulo capital? O inchaço da megalópole, o trânsito que é um caos, as favelas que devem ser urbanizadas, os rios que estão mortos etc.. Enfim o futuro prefeito deve conhecer os principais problemas de sua cidade e apresentar soluções para que o eleitor tenha condições de ter algum parâmetro na hora de votar. Mas os nossos candidatos não tem tradição de fazer isto, então como devo escolher diante da falta de opção? Na verdade dá um pouco de trabalho, mas com certeza aquele sujeito que vem distribuindo comida, dentaduras aparelhos dentários ou qualquer outra coisa que seja somente em época de eleição não presta para administrar a sua cidade, só está fazendo média. Às vezes o eleitor se acovarda ou tem preguiça de procurar o melhor candidato e acaba votando no/a bonitinho/a ou no candidato do irmão, da mãe, do namorado. Hoje em dia com a internet temos todas as condições de saber quais são as verdadeiras intenções dos candidatos, geralmente eles tem sites que explicam quais são seus planos, basta acessá-los e porque não pegar os santinhos nas ruas, às vezes a gente despreza esta propaganda e é lá que estão as grandes idéias dos nossos candidatos. Enfim qualquer que seja o seu método, não vote com dúvidas, tenha absoluta certeza que o seu candidato cuidará bem da sua cidade, se ele tenta se reeleger tanto melhor, pois aí, você já teve uma administração inteira para julgar, se ele foi mal é melhor tirá-lo do cargo, se ele foi bem, veja se ele tem planos para melhorar ainda mais a cidade e vote com consciência, afinal o Brasil precisa muito de você.

terça-feira, setembro 02, 2008

A hora da verdade

Lucas Barreto andava preocupado, vinha tendo problemas em aceitar as mudanças que ele próprio ocasionou na vida das pessoas através de suas mentiras. Lucas era um soldado exemplar daqueles que seguem a risca tudo o que lhe é ordenado. Numa destas oportunidades, Lucas se viu numa situação fora do comum. Ele fora chamado para atender a solicitação de um coronel:
- Soldado Barreto se apresentando senhor!
- Barreto, Soldado Barreto, mas porque você está aqui, onde está o Mota?
- O soldado Mota teve febre senhor e não pôde vir, então vim no seu lugar para servi-lo senhor.
- Tudo bem, não temos tempo para isto, venha comigo soldado Barreto.
Logo mais a frente:
- O que é aquilo senhor?
- O que parece que é, soldado?
- Um disco voador?
- Sim soldado, é um disco voador, quero que você lidere uma equipe para transportar sem alarde este disco para as imediações do Hangar Sílvio Hayton.
- Sem alarde, mas é algo muito grande para passar despercebido, qualquer que seja o transeunte.
- Por isto, você vai ser muito criativo, terá uma idéia genial e vai transportar isto para o Hangar. Dispensado.
- Senhor, o senhor não vai me acompanhar?
- Não soldado, tenho que cuidar dos sobreviventes.
- Sobreviventes? este vôo veio tripulado?
- Sim soldado, já disse, não temos tempo para isto.
Lucas nunca mais viu aquele coronel, depois ouviu dizer que tinha sofrido um acidente de carro, mas corria a boca pequena que havia sido abduzido e torturado pelos Ets. pelo modo como tratou seus semelhantes.
Em outro oportunidade já como general:
- General Barreto!
- Sim.
- Temos um problema.
- Sempre temos problemas, se adiante Sargento.
- Temos ordens expressas do presidente para conter a rebelião de uma cadeia no coração do país.
- Ele disse as palavras "a qualquer custo"
- Sim estas foram as exatas palavras do presidente.
- Então sabe o que tem que fazer.
Naquela oportunidade, houve o maior massacre de presos da história do país. Perguntado sobre o incidente, o general Barreto respondeu da seguinte forma:
- Fomos lá para evitar a desordem, fomos recebidos com tiros de A.R. 15 e coquetéis molotov, não houve como evitar o confronto, fizemos o que devíamos ter feito.
Lucas sabia que não tinha sido exatamente assim, mas também sabia que não poderia comprometer o presidente contando a verdade.
A pouco tempo de se aposentar o já presidente Lucas Barreto, teve o seu maior desafio:
O país mais poderoso do mundo pediu um favor ao seu país, que ele mandasse uma missão a um país da Ásia para o resgate de um avião, por óbvio que Lucas pediu algo em troca:
- Senhor presidente não posso arriscar as segurança dos meus soldados só pelos seus belos olhos
- Não esperava menos de você, Senhor presidente. Então ofereço o perdão de parte da sua dívida externa.
- E de quanto estamos falando?
- De oitenta por cento da dívida.
- É uma oferta tentadora, terei que pensar sobre o assunto.
- O senhor tem duas horas para pensar ou então farei a proposta a outro país.
Passadas as duas horas:
- Então senhor presidente, pensou na proposta?
- Sim, eu aceito mandarei o Capitão Benedicto Silva Peixoto para cuidar disto para o senhor, só mais uma coisa, quer que os traga vivos.
- Na medida do possível senhor presidente, porque o importante é que o nosso avião seja resgatado.
O capitão recuperou a aeronave, mas jamais retornou ao seu país, em sua ficha o relatório dizia desaparecido em combate, mas Lucas sabia o que havia acontecido. O capitão ficou preso numa das minas do país que invadiu.
Mas a verdade é soberana e como diz a bíblia "a verdade vos libertará". Exatamente naquele dia em que Lucas estava pensando nos seus atos pouco heróicos. O Capitão Benedicto voltou do seu cativeiro e contou tudo o que houve diretamente a imprensa, um menino que havia presenciado o massacre na cadeia, também resolvera falar e o pior, alguém havia tirado fotos do hangar Sílvio Hayton dando conta da existência de uma espaçonave alienígena lá armazenada e um dos soldados que Lucas havia recrutado confirmou quem liderou o transporte da mesma. Lucas Barreto ficou pasmo ao saber que todos os seus segredos haviam sido desvendados. E assim ele sumiu e nunca mais se ouviu falar dele e virou uma lenda em seu país, o homem que estava envolvido nos maiores acontecimentos da história está em lugar incerto e não sabido.