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sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Fatos e Compreensões Parte 2

- O que eu queria saber, é como você sabia que eu tinha o dom e também como o despertou em mim? Eu sempre achei que eu era uma trapaceira mesmo.
- Sabe Luka, tem uma profecia na nossa tribo guarani que diz: “A mulher que vir o homem de fogo salvará a tribo da extinção”.
- Homem de fogo, eu o vi, quem é ele?
- Não sei ao certo, foi a primeira vez que o viu?
- Sim.
- Talvez, Lua Prateada possa responder a sua pergunta.
- Quem é esta?
- É a filha do cacique, como você, ela também enxerga longe, talvez possam esclarecer as dúvidas uma da outra.
- É quem sabe?
Horas depois, já na tribo:
- Lua Prateada, conheça Luka.
- Luka, a mulher da minha visão como a encontrou Taquara de Flauta?
- Foi difícil, mas agora ela está aí?
- Taquara de Flauta?
- É que antes de ir para a cidade este era o meu nome, eu mudei para não chamar atenção desnecessária a minha pessoa.
- Entendo.
E as videntes entram em uma das ocas para conversar:
- Como pretende salvar a tribo?
- Do que a tribo precisa ser salva?
- Taquara de Flauta não contou, não é?
- Não, (risos) desculpe Lua Prateada, mas é muito engraçado ouvir o outro nome do Geraldo.
- Na verdade, ele quer sair da tribo, não entendo porque ele ainda está aqui, quase não o reconhecemos, agora vive sempre de roupa, e está contaminado com os costumes do homem branco, realmente ele não é mais o Taquara de Flauta.
- Voltando a minha pergunta, do que a tribo precisa ser salva?
- É meio difícil de explicar e talvez você até nem acredite, mas, você notou que há um totem, quando você chegou a aldeia?
- Sim, é bem alto, deve ter dado muito trabalho.
- É, foram cerca de cinco anos de um trabalho incansável de nossos ancestrais, mas devido a negligência dos descendentes, o totem não foi devidamente honrado.
- Honrado, como assim?
- Como deve saber o totem costuma representar Tupã ou um de seus auxiliares, se eles não são honrados ou venerados, Tupã desperta de sua ira e vem destruir a tribo, há muitos anos que nossos irmãos indígenas sequer acreditam nesta tradição, até que o mês passado começou a acontecer...
- E o que aconteceu.
- O totem se enfureceu e a cada dia amanhecia em um lugar diferente, até o dia que o meu pai o viu andar e perguntar sobre os seus adoradores, meu pai muito aterrorizado não pode responder, por isto foi seqüestrado pelo totem.
- Quem o viu ser levado?
- Lírio do Rio o viu ser levado.
- Este índio é de confiança?
- Sim, era o braço direito do meu pai, também ficou aterrorizado, foi então que eu tive uma visão de você chegando na tribo e salvando a todos, antes que sejamos dizimados, de acordo com a profecia, a cada dia será levado um, até que a tribo se acabe.
- Quantos já foram levados?
- 15, somos em 60.
- Nesta sua visão, você tem idéia do que eu teria que fazer para evitar estes seqüestros?
- Sim, primeiro você teria uma visão do homem de fogo depois teria que conversar com o totem e convencê-lo de que ainda tem adoradores aqui.
- E tem?
- É claro.
- Mas quantos?
- Não sei, talvez uns cinco ou mais.
- Já imaginou que alguém pode estar tirando proveito das crenças de vocês e seqüestrando estas pessoas para amedrontar vocês.
- A nossa tribo é isolada demais para isto, e confiamos uns nos outros, por isto a nossa tribo durou tanto tempo.
- Não sei se vou poder ajudar, mas vou tentar conversar com este totem.
Nesta mesma noite, todos já estão em suas ocas e Luka olha para o totem descrente do que de fato aconteceria, exatamente as 11:53 da noite, o totem se mexe e começa a caminhar:
- Senhor totem - grita Luka, tentando disfarçar o seu medo.- Podemos conversar?
Ele responde, mas em uma língua ininteligível, neste momento aparece Taquara de Flauta que o responde na sua língua; desta conversa entre os dois, Luka fica sem saber o que acontece:
- O que ele está falando, Geraldo?
- Ele diz que só pode falar, porque você está aqui, ele te reconhece, diz que já a viu em outras vidas.
- É mesmo, diga-lhe que não me lembro, mas que quero tentar negociar para resolver os seqüestros que foram promovidos por ele.
Geraldo traduz, uma breve pausa; e o totem chega bem perto de Luka e responde com um arsenal de palavras, Geraldo vai traduzindo simultaneamente:
- Ele diz que os seqüestros não ocorreram de fato que eles estão apenas congelados em seus instantes e que assim que a exigência de Tupã for cumprida tudo voltará ao normal.
- E qual exigência é esta Geraldo?
- Tupã deseja falar com você a sós e pessoalmente.
- Tá brincando, não tá?
- Não, é o que diz o totem, ele pergunta, se pode marcar o encontro entre vocês?
- Eu posso me recusar?
- Pode, mas aí não haverá salvação para a tribo.
- Diga para ele o seguinte: que eu preciso de dois dias para pensar e depois disso darei a resposta e enquanto isto, chega de seqüestros.
- Ele concorda e diz que é justo, você tem dois dias.
O totem retorna ao seu lugar e novamente fica imóvel.
Continua

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Fatos e Compreensões – Parte 1

Uma astróloga vigarista passava a perna em muita gente; quando alguém a visitava na sua tenda; Luka, como gostava de ser chamada, ouvia as perguntas e traçava o perfil do indivíduo, fazendo assim suas pseudoprevisões, mas, de fato, eram apenas suposições feitas através da observação de seus clientes. Esta tarde era apenas mais uma na vida de Luka.
- Olha moça, eu não acredito nesses troços, sabe, mas a minha mulher insistiu tanto para eu vir, que acabei vindo, para ela parar de me encher.
- Entendo. E o que o senhor quer saber, senhor Vítor?
- Como sabe meu nome?
- Ao contrário do que pensa, não há nada de extraordinário nisto, a minha assistente falou com você e me passou o seu nome. O senhor deve estar com algum problema de saúde, estou correta?
- Está sim, como sabe?
- Acredito que seja com o seu amigo mais íntimo, o seu problema.
- Quem contou isto para a senhora? - Faz um gesto com a mão para que olhe a placa que diz “astróloga” - Olha, Vítor, eu sou astróloga e não médica; isto você pode curar com um urologista.
- Eu já fui lá, mas ele diz que é psicológico e não sei mais o que fazer.
- Olha seu não sei tratar dessas coisas, a única coisa que posso fazer é saber se o senhor vai se curar no futuro.
- Isto está escrito aí no seu tarot.
- É podemos dizer que sim. De acordo com as cartas, o senhor vai passar por isto pelo menos mais dois meses, depois isto irá embora do mesmo jeito que veio.
- Obrigado dona Luka.
- Por favor, Dona, não, apenas Luka.
- Tudo bem, Obrigado Luka.
- Isabel pode chamar o próximo.
- Entra lá senhor Geraldo, ela já vai atendê-lo.
Logo:
- Senhor Geraldo, no que posso ajudá-lo.
- Na verdade, eu posso ajudá-la.
- Como assim?
- Sei que engana estas pessoas Luka, com esta conversa mole de tarot, mapa astrológico etc.
- Você não acredita? Então por que está aqui?
- Ao contrário Luka, eu acredito e por isto estou aqui.
- Esse nosso papo está meio enigmático.
- É o seguinte: você tem o dom, mas estas suas safadezas o estão bloqueando, eu vim para limpar a sua aura, para que possa ser livre e aceitar o seu destino.
- Que é...?
- Ajudar a minha tribo.
- Tribo? Então tu és um índio?
- Sim, dos Guaranis e precisamos de ajuda.
- Deixa-me entender, você veio aqui para me dizer que eu sou uma vigarista e que pode me ajudar a ser uma, por assim dizer, pajé de uma tribo de guaranis.
- É mais ou menos isto, eu gostaria que você tomasse esta poção, assim se tiver poderes, eles virão até você, senão, eu terei me enganado e irei embora e não mais a incomodarei.
- Se é para você ir embora, eu aceito.
Luka toma o líquido e seus olhos se abrem como nunca haviam estado abertos antes, ela começa a enxergar um homem coberto de fogo caminhando em sua direção, tenta se mover, mas não consegue, quando o homem a agarra, ela acorda muito nervosa perto de sua mesa.
- Posso mandar o próximo entrar Luka.
- Claro Isabel.
- Você está bem.
- Estou sim.
- Ah, o nome dele é Geraldo.
- Geraldo, tem certeza?
- Claro, ele mesmo me disse.
- Tudo bem, mande-o entrar.
Logo
- Geraldo?
- Sim, como deve ter notado, agora você tem poderes.
- Como fez aquilo.
- Eu não fiz nada Luka, é o seu dom, como eu disse anteriormente, ele só estava bloqueado. Você virá comigo até a minha tribo?
- Não sei, tenho tanto o que fazer.
- Não se preocupe, pode dar uma olhadinha no futuro e ver se a sua ausência vai ser tão sentida assim.
- Mas como funciona, é só ligar?
- Concentre-se na hora e na data e o futuro virá.
Ela obedece e logo se depara com Isabel, dizendo:
- Puxa faz uma semana que a Luka saiu com aquele índio e ainda não voltou, mas por sorte nenhum dos clientes dela apareceu.
- Isabel, sabe quando ela volta?
- Ela não me disse ao certo, mas eu acredito que no máximo em mais uma semana ela deva estar por aí, mesmo por que é a semana dos mapas astrais é o momento que ela mais arrecada, vamos ali na lanchonete Bia, precisamos conversar mais.
De volta a sua tenda:
- E então?
- Pelo que vi, realmente a minha presença não fará tanto diferença pelo menos, nas próximas semanas.
Ótimo então vamos, temos muito o que fazer.
Continua

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Definição de Amor

Amor é algo impalpável, não confundir com paixão, apesar de algumas paixões se tornarem amor. A paixão é avassaladora, deixa qualquer um fora do seu eixo, levando a atos antes impensados, como perseguir o ente amado, ou passar por situações vexatórias, forçando encontros, telefonando sem parar; geralmente após estes atos impensados, uma culpa fora do comum toma conta do apaixonado, como se estivesse dependente, como num vício, o que não é tão distante assim da realidade. O amor é diferente, é mais calmo, é compreensivo e não dominador, é paciente, abnegado, se alegra com a felicidade do outro, é fiel e confiante. O amor divino também tem seus limites, basta ver que segundo a bíblia Caim matou Abel e caiu em desgraça com o seu criador, que o puniu severamente. Nós obviamente também temos nossos limites, mas acabamos sendo mais compassivos com quem amamos. Às vezes estamos prontos a criar confusão por causa de um erro cometido, mas quando é alguém que amamos que o comete, é óbvio que agimos mais brandamente. Alguns dizem que: “o amor e o ódio andam juntos”, discordo veementemente desta afirmativa, pois não acho possa haver amor onde foi plantado o ódio e vice versa; obviamente as pessoas podem mudar e reconhecer os seus erros dando a falsa sensação que o ódio se transformou em amor, mas pode ter havido apenas um crescimento intelectual ou religioso que acaba deixando a intolerância de lado. A história clássica de Romeu e Julieta falava sobre o ódio dos ascendentes, obviamente Romeu não tinha feito nada de ruim a Julieta e vice-versa, mesmo porque o que houve com Romeu e Julieta não foi amor, foi uma paixão sem limites que os levou a uma morte sem sentido, então não cabe argumentação. O amor pode ser incondicional, mas não passional, quando chega a estes píncaros, deixa de ser amor e pode se tornar um caso de polícia. Exemplos não faltam da insensatez de que são acometidos os apaixonados. Há um mito muito difundido dando conta que todos teremos ao menos um grande amor na nossa vida, é claro que na maioria das vezes, o grande amor foi embora; escapou pelos dedos, como areia; fugiu; foi abandonado; morreu; está em lugar incerto e não sabido. Tenho uma teoria a este respeito. Os grandes amores, geralmente conviveram pouco tempo com seus respectivos amantes, então poder-se-ia dizer que só são grandes amores por escassa convivência, aí só fica a lembrança idealizada da perfeição, quando na verdade se houvesse maior tempo de conhecimento, fatalmente os perfeitos tornariam-se humanos e deixariam de ser o protótipo do ideal. Ora, como humanos somos cheio de defeitos, então quando estes não são mostrados, parece que a pessoa é diferenciada, mas isto cai por terra com a convivência, ninguém consegue fingir o tempo todo e todas as máscaras caem, mas dia, menos dia. E será que o amor vale a pena? Eu digo que sim, sem amor a humanidade não teria sobrevivido, pois até o bandido, se o filho lhe pede um pão, receberá o pão e não uma cobra. O amor vale a pena, mas sem idealismos e sim com aceitação dos defeitos que nós humanos temos.